Parece que os bons jornalistas andam em baixa. Sequer os rodados têm conseguido, à la Erasmo Carlos, manter a sua fama de mau.
Ontem, no Canal Livre da Band, Lula atropelou a cúpula do jornalismo da emissora. Fernando Mitre, Joelmir Beting, José Luiz Datena, Antônio Teles e Bóris Casoy, em certas horas, pareciam embasbacados e, vez por outra, não se contiveram em balouçar as cabecinhas, concordando entusiasmados com o presidente.
O único que tentou criticar Lula foi Ricardo Boechat, em participação gravada. No entanto, foi infeliz na pergunta, no tema e, principalmente, na ironia infantil que tornou sua questão uma bola levantadíssima para Lula que, macaco velho, não desperdiçou.
Louve-se a perspicácia, o jogo de cintura e o carisma que Lula sempre teve, acrescidos ao conhecimento sobre os problemas do Governo que o tempo na Presidência lhe deu. Não é, evidentemente, um interlocutor fácil de, digamos, encurralar. Os anos de estrada dos questionantes, porém, não lhes permitiam dar vida fácil ao presidente. Há coisas que precisam ser discutidas mais aprofundadamente, principalmente em período eleitoral.
A íntegra da entrevista pode ser vista aqui, em vários vídeos, na página do Canal Livre.
4 comentários:
Francisco, como disse lá no Tuí, o Lula botou todos no bolso. A da CPMF foi para calar a bocona mesmo (mais ou menos assim):
-Foi uma derrota para o senhor a derrubada do CPMF!
-Ora, sempre fui contra a CPMF, quem mas na presidência é outra coisa. Tiraram (tantos) bilhões... anotem aí, seja a Dilma, seja o Serra ou quem lá que for, vai tentar retorná-la.
-E tem mais uma coisa, NÃO CONHEÇO UM, UM SEQUER, UM EMPRESÁRIO QUE TENHA TIRADO DO SEU PRODUTO OU SERVIÇO O 0,38 DA CPMF.
E nada mais se disse ou se perguntou...
É justamente isto que me incomoda, meu caro Lafa: cadê a crítica, o contraponto?
A resposta de Lula, conquanto inteligente e bem formulada, não acaba a discussão. Muito pelo contrário. Mas ninguém quis discutir ou replicar.
Em ano eleitoral, programas com esta característica não ajudam em nada. Assim como não ajudam as edições ridículas da Veja, francamente protucanas: páginas amarelas com Aécio Neves, tendenciosidade no artigo sobre o lançamento da candidatura do Serra, ataques à Dilma no lançamento do PAC 2. Tudo isso é editorial travestido de reportagem.
Abraço.
Mas, Francisco, um entrevistador protucano ou prodem não pode (e não deve) cutucar e replicar o Lula quando este é provocado. Está fadado a perder o emprego. Se o Lula, no ponto ou contraponto, citar, por exemplo, o PROER (lembra do Econômico, do Mercantil, do Comercial e do Nacional, para citar alguns?)
Você já pensou se um entrevistador fala sobre o "Caso Banestado", só pra 'lembrar e cutucar' o Lula sobre o "Toninho da Barcelona"... e o Lula, "para contrapor", lembra da CPI do Banespa, e do "Caso Empréstimo Calfat S/A", que pega o Serra? Ou, ainda se tratando do Banespa, o Lula resolver levantar a sua "ainda intragável" privatização?
Aliás, se alguém gritar "E a CPI do BANESPA?", pega um 'samba' daqueles! réré
Caro Francisco, estamos fugidos, para não dizer, fudidos!
Enquanto isso ninguém põe na roda os resultados das políticas públicas no país.
Mas eu penso que o vício tem origem vernacular, visto a ausência de palavras que ilustrem o pensar/ agir/fazer política, ao modo da língua inglesa: Politic e Policy. Daí porque quando se discute Política no Brasil quase sempre se abusa da licença de vêla pelo moralismo de caso de polícia. É um erro.
O moralismo da mídia ao se transformar na vestal de um moralismo oco, faz esquecer que a política não é, nunca foi e nem será a filha dileta da moral.
Deve, e só deve, estar em equilíbrio com a lei e princípios éticos, com as necessidades e a paz social e com o desenvolvimento do país. É do balanço harmônico e lúcido entre essas três pedras de toque do pensar/agir/fazer político que a Política por suas políticas adquire altura e robustez moral.
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