quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Orient Express I


Há alguns dias voltei da Turquia, mas os afazeres acumulados nas curtas férias me esperavam. Assim, só hoje consigo compartilhar com vocês um pouco de minhas impressões da terra dos pachás.

Primeiro, me surpreendi: o país mudou para melhor. A última visita que tinha feito foi em 1999. E 11 anos foram suficientes para ver a diferença nas ruas de Istanbul, de Antalya (na região sul, litoral do Mediterrâneo) ou nas vilas da Capadócia (no centro do país, na chamada Anatólia). O país está mais rico, mais turístico do que nunca. Não integra a União Européia, mas se pode sacar euros em qualquer caixa eletrônico de esquina. Há hotéis para todos os bolsos, serviços turisticos de qualidade, como passeios de jet-ski, sobrevoos sobrevoos panorâmicos de balão, só para citar alguns. E tudo com uma qualidade e segurança de impressionar.
As eternas atrações ganham mais cuidado. É o caso da Aya Sofia (na foto acima ), em Istanbul, o maior monumento do período bizantino, que foi igreja cristã, mesquita e agora é museu. Uma restauração cuidadosa revela os mais bonitos mosaicos do período de ouro de Bizâncio (na foto abaixo). Impossível não fazer comparações com o Brasil, onde a atividade turística é ainda hoje um ramo quase sem estratégia governamental digna. A massa de turistas que invade a Turquia não é somente ocidental, européia. Há russos, georgianos, ucranianos, chineses, japoneses. Enfim, o país se aproveita de sua posição estratégica, e mantém o título de esquina do mundo, pólo de ligação entre Oriente e Ocidente.
Mas como nem tudo são rosas, a Turquia ainda precisa conviver com o fantasma de um separatismo curdo no território leste do país. Também convive com a sombra de um passado recente de barbaridades, como o massacre dos armênios, nos anos 1910. E vive hoje, mais que nunca, o impasse de um país de características únicas: tem maioria mulçumana, mas constitucionalmente é laico. Como democracia, permite a existência de partidos islâmicos, como o que hoje está no poder. E assim, o governo é sempre monitorado pelas Forças Armadas - guardiãs do conceito da base fundadora da Turquia moderna, que separa religião e Estado.
Em 11 anos, a quantidade de mulheres de véu, mais que duplicou. Porém, por enquanto, as ocidentais ainda podem fazer topless despreocupadas nas praias do mar Egeu.


2 comentários:

Raul Reis  disse...

Lindas fotos. Que bom saber q o pais esta progredindo. Sentiste a recente crise politica? Aqui tem se falado muito nela nos ultimos dias. Um pais q tenho q visitar em breve! Abs.

Edvan Feitosa Coutinho disse...

Olá Raul, grato.
No dia-a-dia não sente essa crise, mas com certeza ela existe.
Tenho uma colega turca no curso neerlandês. Ela diz que existe uma certa tensão contra quem não segue os preceitos religiosos, sobretudo nas cidades menores. Assim, ela e o marido, flamengo, preferem morar na Bélgica.