No brilhante post O preço dos carros no Brasil, da lavra do flanêur Yúdice Andrade, venho aqui corroborar com suas críticas, mormente o problema de fundo que é o comodismo brasileiro.
Sobre o tema, escrevo uma pequena história que está a se desenrrolar.
Chamarei o personagem desta pequena história apenas de "meu amigo", uma vez que ele não quer qualquer publicidade do seu nome, o que, lógico, respeitarei.
Meu amigo pretende adquirir um Range Rover Evoque Zero KM.
O preço na consessionária em São Paulo do modelo top, está em torno de R$ 400 mil.
Os clientes poderão optar entre o novo propulsor turbo diesel 2.2 com 150 cv ou 190 cv. A versão com tração 4x2 combinada com um motor de 2.2 e 150 cv proporciona emissões inferiores a 135g/km* de CO2.
Já o motor a gasolina é o Si4 2.0 de 240 cv, que combina a injeção direta de combustível, turbo compressão e distribuição variável para proporcionar potência e consumo reduzido, acelerando de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos.
Tanto o Range Rover Evoque cinco portas quanto o coupê de três portas serão produzidos na fábrica da Land Rover em Halewood, no Reino Unido. O veículo foi concebido para todos os mercados e será colocado à venda em mais de 160 países em todo o mundo a partir de 2011, o que inclui o Brasil. Poderá ser encomendado a partir de março deste ano. O seu preço base na Europa será a partir de 35 mil euros (R$ 82.190, sem considerar impostos e alíquota de importação). O top, na faixa de 70 mil euros.
Meu amigo convidou-me para ir buscar o carro e será um baita passeio, considerando-se que o carro é um espetáculo e Montevideu um dos lugares mais bonitos da América Latina.
Mudanças a vista – No ano passado, conseguimos aprovar contra o poderosíssimo lobby das montadoras, a obrigatoriedade do airbag duplo de série. Até mesmo nos mais simples modelos populares.
A lei foi sansionada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial, determinando que a partir de 2014 (!) todos os carros produzidos no Brasil terão de vir com o equipamento.
O valor do airbag duplo deverá cair drasticamente com essa implementação. Apenas achamos que quatro anos é muito tempo – ponto para o lobby das montadoras. Poderia ser a partir de 2012 por exemplo, e as montadoras teriam de se virar para conseguir cumprir a lei, já que elas lucram tanto no Brasil.
Outra coisa, a lei poderia ser imediata, em carros de um certo valor pra cima, como por exemplo 50.000 reais. O que você acha? Ah sim, quem deve estar contente agora são as empresas fornecedoras do equipamento, hein?
De qualquer maneira, a lei é uma coisa boa para todos os brasileiros.
Penso, ainda, que será importante que nos unamos novamente para exigir das montadoras a obrigatoriedade da inclusão como item de série os freios ABS. Item fundamental para a segurança automotiva.
Afinal, o trânsito brasileiro mata mais que qualquer guerra hoje em curso no mundo.
A combinação bebedeira e drogas ao volante ceifa vidas de jovens, adultos e inocentes envolvidos nos trágicos acidentes na cidade e nas estradas nacionais.
Estou disposto a convenser os deputados federais dos quais tenho amizade para começarmos, mesmo que tardiamente, a mobilizar essa obrigatoriedade.
E, finalmente, acredito que a presidenta Dilma Roussef, ao lado de sua equipe econômica, tem que ir direto na ferida que é a imoral carga tributária atualmente praticada em nosso país.
Esta carga tributária é um desserviço ao país, nos atrasa e penaliza barbaramente, e só serve aos agiotas banqueiros que sem nenhuma cerimônia, estampam manchetes nos cadernos econômicos de sucessivos recordes de lucros em detrimento do sofrimento de todos nós para pagar os juros mais altos do mundo.
4 comentários:
Rapaz, o dia em que eu estiver procurando meios de economizar 185 mil reais em uma única compra, nem eu mesmo me reconhecerei! Boa sorte para o teu amigo.
Quanto ao teor da postagem, também me incomoda muito que os avanços neste país demorem sempre muito tempo para se tornarem obrigatórios. Contudo, além do simples lobby - que decerto é o motivo principal -, existe também uma questão de projeto. Veja-se o caso do Fiat Mille: ele não tem como receber o air bag duplo. Por essa razão, a Fiat se viu obrigada a lançar o Novo Uno. Como desenvolver um novo carro demora anos, essa seria uma boa desculpa para as montadoras nacionais. Maliciosa, certamente, mas ao menos plausível.
Certamente Yúdice. Se o projeto é ultrapassado, tosco, que saia do mercado.
O pior ainda está por vir.
As montadoras chinesas, defenestradas na Europa e nos Estados Unidos chegam com força no mercado brasileiro, que é extramemente permissível em sua legislação referente à itens de segurança exigidos como premissa nos dois mercados acima citados.
Problemas à vista.
A diferença entre os carros brasileiros e os europeus, por exemplo, em relação a segurança (ativa e passiva) é um verdadeiro abismo.
Pagamos o dobro do preço por metade da qualidade.
E ainda conseguimos rir e pular no carnaval.
Val e Yúdice, algo me diz que nós merecemos...
Abs.
Você só consegue qualidade comprando um importado Scylla, infelizmente.
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