quarta-feira, 30 de março de 2011

Cafeína Blues




O ser humano busca, desde tempos imemoriais, alguma substância que estimule o cérebro, que o deixe mais “on”. Chás, beberagens, drogas mil têm sido usadas por povos antigos e pelas tribos modernas para suprir uma espécie de lacuna bioquímica em nossos neurotransmissores.


Dentre as muitas substâncias, lícitas e ilícitas, que estimulam o sistema nervoso central na direção da otimização de funções tais como a atenção, a concentração e a própria memória, duas se destacam: a nicotina e a cafeína.


A primeira não pode ser prescrita ou sequer mencionada a nível de consultório médico, por motivos óbvios.


Quanto à cafeína, apesar de muita controvérsia, ainda não há um consenso sobre os limites ao seu uso, nem medidas restritivas por parte das agências reguladoras, muito menos leis a este respeito.


Em 1911 ninguém usava a expressão “bebida energética”, mas um famoso julgamento ocorrido há exatos 100 anos em Chattanooga, Tennessee, gerou o consenso de que mais pesquisa seria necessária para o real entendimento dos benefícios e dos malefícios oriundos do uso desta substância.


A bebida denominada Coca Cola foi então processada pelo Departamento de Agricultura dos EUA, sob a acusação de conter um ingrediente prejudicial à saúde: a cafeína.


Naquela época uma garrafa de Coca continha 80 mg de cafeína, tanto quanto uma latinha de Red Bull contém hoje.


O juiz responsável pelo caso o rejeitou, e após anos de apelação a questão foi encerrada com um acordo sem definição de culpabilidade.


A interessante história do julgamento está toda no The New York Times de ontem.


Mesmo com a atual discussão médica e legal sobre os efeitos das ditas bebidas energéticas sobre a pressão arterial, o sono e padrões de vício, algumas perguntas vitais permanecem sem respostas:


1 - Qual a dose diária segura de cafeína?


2 – A cafeína natural contida no café age de maneira diferente da cafeína adicionada artificialmente aos refrigerantes?


3 – Cafeína vicia?


4 – Pode ser vendida aos menores de idade?


Em 1912, o editorial do periódico “The American Journal of the American Medical Association” escreveu: “É gratificante que os efeitos sobre o sistema humano de uma droga com a cafeína sejam investigados por testes científicos rigorosos realizados pelas mãos de pesquisadores capazes; apenas dessa forma existirá uma base adequada para conclusões corretas sobre os possíveis riscos ligados ao uso de bebidas contendo cafeína”.


Em 2011, no mesmo periódico, as pesquisadoras Amélia Arria e Mary Claire O’Briend escreveram: “mais pesquisa é necessária, em particular, para guiar a tomada de decisão por parte das agências reguladoras para estabelecimento de limites comprovados cientificamente para a quantidade de cafeína que um fabricante pode incluir em uma única dose de qualquer bebida”.


Na verdade, cem anos depois do dito julgamento continuamos sem evidências científicas reais de que uma elevada quantidade de cafeína possa ou não representar uma ameaça tão grande à saúde pública e individual quanto às bebidas alcoólicas.


O que fazer? Recomendo tomar um cafezinho ou uma Coca Zero para melhor divagar a respeito do tema.


Sem culpa.



Che Guevara e sua ração de cafeína

10 comentários:

Silvina disse...

Scylla, acho que você, se já não foi assistir, deveria conferir na telona o "Limiteless" (mesmo título em português). Eu fiquei impressionada e muitointrigada com esse filme. Confira lá no Doca, com pipoca e CocaZero!

Scylla Lage Neto disse...

I'll check it out.
Thanks for the tip.
E seguirei seu conselho: um balde de pipoca e dois de coca zero!

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla,
Tomara que eu não encontre você na fila e na minha frente. Pressuponho que não encontrarei nada no pipoqueiro, tampouco no cocacoleiro.

Silvina disse...

U r wlcom...
Depois que você assistir ao filme, vai entender porque fiz referencia a este post que inicialmente trata de neuroestimuladores e talz... Gostaria de trocar umas figurinhas consigo depois, sobre esse instigante filme.

Scylla Lage Neto disse...

Roger, no pipoqueiro você ainda encontrará uns grãos, mas no cocacoleiro (gostei do termo!) seguramente zero.
Abs.

Scylla Lage Neto disse...

Silvina, neuroestimuladores?!...
Fiquei instigado a vê-lo!

Val-André Mutran  disse...

Será que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), toma coca-cola?
– Líquido de coloração negra?
Aliás! Não bebo refrigerantes. Não suporto o gosto doce.
– Não como docinhos.
Abrir guerra comigo é fácil: insistir para que eu coma um brigadeiro, um casadinho, cajuzinho. Todas essas coisas com terminação em "inhos" e banhadas por gramas e gramas de açucar industrializado.
Mas, isso, é outra história.
– Scylla.
Você está com uma conta (dívida mesmo, visse?!) que não pára de aumentar aqui em BSB.
Iron Maiden, Shakira, Bee Gees – na verdade, o que sobrou dele. E quantos mais tenho que listar?
Mora combinar um final de semana que acerte as agendas?
Ah!
O post é dúcara. Adorei.

Scylla Lage Neto disse...

Valeu, Val!
E vamos organizar um weekend no planalto. Aliás, organizar, não, vamos fazer um weekend no DF ainda este semestre, OK?
Grande abraço.

Yúdice Andrade disse...

Meu amigo, a postagem é boa, mas Coca Zero não dá...
Pela pureza da Coca Cola!!!

Scylla Lage Neto disse...

Yúdice, você deve ser convertido com urgência para a Coca Zero!!!
Após poucos dias, você não conseguirá tomar mais o "xaropão".
Mas tenho que admitir que o aspartame não é nenhum herói dentre os adoçantes, nem a melhor substância a ser ingerida diariamente.
Enfim, zero ou normal, cafeína para os neurônios!