quarta-feira, 9 de março de 2011

Gainsbourg, Gainsbarre para os íntimos



No último dia 2, Serge Gainsbourg, cantor, compositor, artista plástico, celebridade e, principalmente, polemista francês completou 20 anos de morte.

Na França, os cadernos culturais dos principais jornais e revistas especializadas vêm lembrando a data desde o ano passado. Criou-se, poder-se-ia dizer, um certo Ano Gainsbourg, cujo ápice foi a vitória do filme Gainsbourg – o Homem que Amava as Mulheres em três das principais categorias da edição 2011 do César, o Oscar francês, incluindo as de melhor filme e melhor ator principal para Eric Elmosnino.

Alguns talvez achem que este não seja um bom dia para lembrar de Serge Gainsbourg. Afinal, ontem foi o Dia Internacional da Mulher e Gainsbarre – como o chamavam os detratores, mencionando seu amor pela bebida, tanto quanto pelas mulheres (apelido que seus admiradores posteriormente encamparam) – não era o mais delicado dos machos da espécie. Porém, o compositor de Je t’Aime, Moi Non Plus, canção que gravou com duas das mulheres mais lindas do show biz, Jane Birkin e Brigitte Bardot (a primeira, sua mulher por dez anos; a segunda, sua amante por um curto período), merece sempre ser lembrado, especialmente no Brasil, onde dele só se conhece a canção citada, incluída em dez entre dez coletâneas de música romântica francesa, fixando-lhe a errônea imagem de um Wando europeu, embalando amores clandestinos em moteis baratos.

Gainsbourg era um artista com sólida formação cultural. Estudou pintura, foi um artista plástico de talento, e teve, na educação musical, a influência de seu pai, pianista clássico russo que foi para a França fugindo da Revolução de Outubro. Em suas canções, invocou por diversas vezes a herança literária francesa, como no vídeo acima, em que homenageia o poeta Jacques Prévert.

Gainsbourg só errou em suas previsões para o pós-morte. Após o nascimento de Charlotte, sua filha com Jane Birkin e atriz cultuada no cinema alternativo – de quem já falei brevemente em outro post – disse que deixar obras para a posteridade era balela: o que o homem deixaria para o futuro seria, na verdade, seus genes, por meio dos filhos que tivesse.

A própria história tratou de desmentir Serge Gainsbourg: sua obra fixou-lhe um lugar no panteão dos maiores artistas do mundo pop, e não só na França.

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