domingo, 3 de julho de 2011

edu.com



Edu, o nosso eterno herói aqui do Flanar, sempre carregou a fama de ser tecnofóbico.
Mas, num chuvoso dia do inverno passado, movido por uma propaganda das Casas Bahia, ele resolveu contra-atacar e comprou o seu primeiro computador, um laptop noname de rara beleza, segundo ele bem pensava.
E lá ia o nosso Edu para cima e para baixo com o dito device: para o trabalho, à clínica de fisioterapia, para a casa da sogra, à feira e até para a piscina.
Logo nomes como Youtube, Google e Mercado Livre entraram no seu vocabulário e ele não perdia a chance de se exibir aos amigos.
Para as pessoas de seu círculo de convivência, parecia que o maior prazer de Edu tinha se transformado em ouvir o porteiro interfonando e em subir de volta com as infindáveis caixas do correio.
A sempre alerta Dorinha, já um pouco enciumada da nova paixão do marido, teve uma idéia maravilhosa (ou quem sabe tenha sido sugestionada pela inseparável amiga Helga?!): eles comprariam material erótico para revender!?... Edu levaria para o seu trabalho e Dorinha venderia os artigos na academia de ginástica, onde aliás passava boa parte do dia malhando.
Edu se encarregou meticulosamente da escolha do “equipamento”, e acabou adquirindo um “kit completo” no site “Diretíssimo da China”, ou algo parecido.
Dias e semanas se passaram e nada chegava. Edu já vivia cabisbaixo quando numa cinzenta tarde de sábado chegou um pacote enorme, com a preciosa carga.
Ele o abriu com um gigantesco sorriso, examinou tudo superficialmente e resolveu acordar a Dorinha (que hibernava num misto de ressaca e TPM) para lhe mostrar o conteúdo.
Ela, ainda sonolenta e ligeiramente mal-humorada, olhou e manuseou tudo com muito cuidado e deu o veredicto, com voz meio rouca, meio pastosa: “Duduzinho, tu és uma anta! Esta pomada sabor pimenta é uma droga, este chicote de couro marca a pele pra caramba e o vibrador chinês mais falha do que funciona”...
Edu soluçou, bocejou, arrotou e se engasgou simultaneamente, numa onda de mal-estar poucas vezes por ele vivenciada e mal conseguiu perguntar: “Do-Dora, como é que tu sabes de tudo isso?”...
Ela despertou do “semi-coma” instantaneamente, e já com a voz normal, bem lânguida, despejou: “eu acho, Eduzinho lindinho, eu acho que, bem, hum..., foi a Helguita que me comentou, né?”...
“Ufa!!!”, exclamou o nosso herói com muito alívio e logo revelou a melhor parte da sua futura estratégia de marketing para Dora: ela, sua super malhada e amada esposa, faria a demonstração dos produtos para os clientes indecisos. Desde que ele, Edu, estivesse sempre presente, é lógico.
Nem é necessário dizer que Dorinha endossou a idéia de imediato, e muito sorridente, sussurrou dentro da orelha esquerda do seu esposo: “Dudu, tô até sonhando com um site de vendas só nosso fazendo um sucessão danado no Pará e no Brasil. Será edu.com em sua homenagem, tá, Duduzinho lindão?”...

2 comentários:

Lafayette Nunes disse...

Scylla, vi este post, lembrei do amigo:

http://www.bemlegaus.com/2011/07/super-herois-por-picasso.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2Fcxui+%28Bem+Legaus%21%29&utm_content=Yahoo%21+Mail

Super-herois, por Picasso. Veja como seriam? ;-)

Scylla Lage Neto disse...

Trilegal, Lafayette!
Imagino o nosso (talvez não super-)herói Edu retratado por Picasso...