terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Schumann e a psicose


Robert Schumann

Há muitos anos eu ouvi uma história curiosa sobre o renomado compositor musical alemão Robert Alexander Schumann e que tomei como verdadeira até a presente data.
Segundo um amigo pianista, Schumann havia tentado o suicídio por volta dos 40 anos de idade por não suportar mais ouvir a nota de forma ininterrupta, dia após dia, e que a causa de tal distúrbio teria sido uma otite adquirida na infância.
Pois hoje ganhei de presente um livro curioso, escrito por André Luiz Iorio, psiquiatra da USP-SP, chamado MÚSICA E PSICOSE - A COMPLEXA VIDA E OBRA DE ROBERT SCHUMANN (Editora Leitura Médica), que abalou a minha ideia pré-concebida sobre o compositor.
O autor, além de médico psiquiatria, tem extensa formação musical em piano, harmonia e contra-ponto, e fez uma profunda análise fenomenológico-existencial que passou pelas cartas da juventude, pelo diário pessoal do músico, chegando até às suas partituras.
Apesar do tom estritamente científico da obra, fica bem claro que a música de Schumann expressa de forma brutal, e ao mesmo tempo cristalina, as forças escondidas que emanavam de sua existência atormentada.
Schumann era portador de uma forma de psicose e a nota poderia ser "apenas" uma alucinação auditiva.
Fiquei pensando em quantos gênios, de tantas áreas do conhecimento humano, não sofreram (ou sofrem) de doenças mentais ou neurológicas, e em quanto a patologia não tem sido importante para as artes, ciências, religiões e para a própria história da humanidade.
Afinal, existe um linha de pensamento na moderna neurologia que diz mais ou menos assim: "toda doença pode trazer algo de bom para o paciente, redundando numa vida melhor do que o mesmo apresentava antes de adoecer".
Será?!...

2 comentários:

Silvina disse...

Desde que a doença nao seja crônica as chances são melhores... nao é mesmo? As doenças que nos acomentem certamente dão um novo rumo à vida que se tinha planejado. Provando que de nada vale planejar a vida com tanto rigor. Carpe diem!
Se vai melhorar ou piorar, vai depender da sua capacidade de se reinventar e sorrir para as novas possibilidades (bem eu sei).
Ademais, Schumann foi e é um composer brilhante, autor de musicas que inebriam a alma.
Kss 2U, my dear.

Scylla Lage Neto disse...

Silvina, a vida é um tal de planejar e replanejar, não é mesmo?!
Precisamos ter plena a nossa capacidade de adaptação, e assim levar em frente.
Carry on!
Kss.