sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Falta!

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Pisou na bola, Felipão!

"Se não quer pressão é melhor não jogar na Seleção, vão trabalhar no Banco do Brasil, num escritório"
(Luiz Felipe Scolari, o Felipão, ex-técnico do Palmeiras e atual técnico da Seleção Brasileira)

Felipão, na boa: você pode entender de futebol, mas de banco não entende nada. Trabalho em banco pode ser tão - ou mais - estressante e sob pressão do que vida de jogador e treinador de futebol. Lembre que bancário pode muito bem viver sem futebol, mas quero ver você e seus jogadores viverem sem banco...

E, só pra encerrar esse papo: ninguém do Banco do Brasil jamais rebaixou a Instituição pra Série B, viu? Se você fosse bancário com a mesma competência com que treinou o Palmeiras, já teria falido o maior banco do Brasil.

Atualização das 16:03 - Felipão já tomou duas puxadas de orelha pela sua declaração, uma do Banco do Brasil e outra da Contraf - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro. Leia aqui. A melhor foi a do Banco do Brasil, que patrocina o vôlei brasileiro, esporte que nos deu quatro medalhas de ouro olímpicas e nada menos do que 20 títulos mundiais.


Prof. Alan/Blogosfera


Delícia de nota!

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Pote até aqui de mágoa


O Encontro Estadual de lideranças e candidatos eleitos pelo PPS, amanhã, no auditório João Batista, na Alepa, das 9h às 18h, promete clima nada ameno. É que o deputado estadual João Salame Neto, prefeito eleito de Marabá, só falta cuspir fogo quando fala dos dirigentes de seu partido. Diz, por exemplo, que o vice-governador Helenilson Pontes e o presidente do diretório estadual, deputado federal Arnaldo Jordy, não se aproximaram dele nem para dizer oi durante a campanha. E que deles só espera que apareçam para tomar o seu cargo.

E a tal reunião – vejam só! – é para avaliar o desempenho nas últimas eleições e discutir pontos prioritários quanto às políticas de filiação e de finanças do partido e em relação à política de gestão dos novos mandatos.


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oh!

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Antes que a definitiva noite se instale em latinoamerica:  não posso deixar de comentar os argumentos de Parsifal Pontes(PMDB), que estão no blog Espaço Aberto. O PMDB quer fazer a Presidência da Assembléia Legislativa do Pará,  indicando Martinho Carmona; e usando o exemplo do governo de Ana Júlia Carepa para lançar chapa autônoma!?! Francamente, os argumentos de Parsifal Pontes são frágeis por demais; por demais! Oh, deuses: o que fazemos com os partidos? O quê? Já li e reli algumas vezes o post, e a única coisa que posso afirmar é a seguinte: PMDB: republicanismo zero! Sem defesas. E como diz o Macaco Simão: Vai indo que eu não vou.......



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bye bye

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Vale a pena ver de novo!

As águas do texto de Renato Lessa já passaram. Mas a discussão é da melhor qualidade. É sobre Gilmar Mendes, Jobim, Lula e o Mensalão.......

Do Estadão

Renato Lessa
Há poucas semanas, o País, se concedido direito à metonímia, abrigou um experimento que, sem exagero, é portador de motivos para orgulho. Refiro-me à instalação em palácio da Comissão da Verdade. Ainda que seus resultados práticos sejam incertos, e pertençam antes aos domínios das mais diferentes e opostas expectativas, o evento que marcou seu lançamento abrigou ares de condensação republicana. Isso não apenas pelo cuidado de ali incluir chefes de governo que, em graus diferentes, ocuparam seus postos por força de procedimentos legítimos, mas por sugerir que o tema da verdade – de alguma verdade, ao menos – pode ter lugar na vida pública. A própria presidente, de modo eloquente e incomum na história da República, demonstrou o que podem significar a ideia e a figura de chefe de Estado.
Apesar de incertos os efeitos futuros, houve desde já um efeito imediato, qual seja o de inserir o tema da verdade em casulo distinto do de seu lugar natural. A elucidação do que ocorreu com mortos, desaparecidos e torturados, além de conferir materialidade retrospectiva à experiência do estado de exceção, amplia o conjunto de informações disponíveis a respeito da história recente do País. Mesmo que inúmeras interpretações e atribuições de sentido possam ser construídas, acena-se com a possibilidade de uma "narrativa básica", tal como o fizeram os primeiros historiadores do Holocausto; o grande Raul Hilberg, antes de todos.
Assim, e por um átimo, o tema da verdade insinuou-se de modo invulgar em nossas reflexões a respeito do País. Bastou, contudo, uma conversa mal-ajambrada e mal explicada no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, para que o tema fosse devolvido a seu estado habitual, o da indeterminação e do disfarce. Para dizê-lo de outro modo: os dias que sucederam à instalação da Comissão da Verdade foram, como quê, dias de certa suspensão da experiência ordinária da política; o mencionado encontro a três, e as versões desencontradas e incompatíveis entre si dali emanadas, constituiu-se, por oposição, como experiência de des-suspensão ou, se quisermos, de desabamento e de gravitação natural.
Céticos, penso, antes de descartar o tema da verdade, com a falta de hesitação típica de dogmáticos pós-modernos, têm por essa dama – a verdade – sincero respeito, além de considerável pudor. Isso a ponto de recusar inscrever o termo "verdadeiro" em qualquer predicado, atribuído a qualquer aparência. Céticos, sobretudo, não são necessariamente parvos: não saber onde está a verdade não impede a presença de uma sensibilidade para com o implausível. Juízos de plausibilidade são suficientes para que nos movamos no mundo e configuremos nossas orientações e escolhas. Há, por certo, no episódio um abismo insondável: qual dos três protagonistas "diz a verdade"? Questão grave, diante da qual muitos não hesitarão em apresentar respostas definitivas, todas movidas por inclinações afetivas e biliares. Como, então, lidar com o abismo da indeterminação da verdade, nesse caso?
Sugiro, no que segue, uma série de procedimentos aproximativos. Antes de tudo, parece ser sábio adotar algo que poderia ser designado como uma despresunção de inocência dos envolvidos. Se, do ponto de vista penal, o procedimento é inaceitável, do ponto de vista cognitivo a coisa pode ser útil: se há suporte para supor que o ex-presidente Lula quis "melar" o julgamento do mensalão, pela abordagem ao ministro Gilmar Mendes, há idêntica plausibilidade em supor que este quis "melar" a defesa, ao pôr a boca no trombone, e evitar o tratamento apropriado e institucional da suposta ofensa.
Portanto, a abordagem do ocorrido poderia iniciar pela consideração de aspectos internos e inerentes. Há no âmago do evento uma série de implausibilidades: a casualidade do encontro, a amnésia do ex-ministro Jobim, a indeterminação da fonte para a matéria-denúncia, a participação do ministro Gilmar apenas como confirmador do trabalho dos repórteres, etc.
Uma abordagem externalista poderia partir de uma premissa simples: uma conversa dessa natureza não poderia ocorrer. Isso tanto por razões de ordem, digamos, republicanas, mas sobretudo pelo déficit de confiança, ao que parece, envolvido na interação. As hipóteses são todas abjetas: se a narrativa do ministro Gilmar Mendes corresponde à verdade, algo de grande gravidade terá ocorrido; se for inverídica, algo de gravidade grande se passou.
De um ponto de vista consequencialista, ao que parece o episódio foi vencido por quem pretende garantir forte carga dramática ao julgamento prestes a ser feito, e em neutralizar juízes neófitos, supostamente gratos por suas investiduras. Não é recomendável ver na reação do ministro Gilmar nada mais do que manifestação de ultraje pessoal e institucional.
O pano de fundo disso tudo parece ser uma experiência de república na qual o direito penal vale como recurso de inteligibilidade. Diante da indeterminação da verdade, e do esforço militante de fazê-la cada vez mais inapreensível e irrelevante, o desejo infrene de prender os inimigos vale como único recurso de fixação de sentido. Ao que parece, após uma breve incursão do espírito, estômago e fígado repõem suas pretensões a sedes fisiológicas da consciência política nacional.
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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Pietá de Horst Faas

"Para mim essa foto aponta para a essência da guerra do Vietnã. Ela não retrata nenhum fato relevante. É apenas um soldado morrendo nos braços de outro. Eu fiz com um olhar cristão, vendo Maria amparando seu filho moribundo".   
Horst Faas (1933-2012), fotógrafo alemão.
Antonello de Messina (1430-1479): Cristo morto sustentado por um anjo (Museu do Prado)

Sobre a razão?

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A execução pública de Karina Veiga - O que te define?

O enredo é antigo e batido: ocorre a traição e o ser traído, para se vingar, arma alguma situação constrangedora para o traidor. Mil livros, filmes e músicas sobre o tema perambulam pela terra meio sem rumo, bastando escolher o que mais nos agrada... E apesar de ser enredo de ficção, venhamos e convenhamos, não é nada tão distante da nossa realidade: quem aqui não conhece ao menos uma história, ou não viveu algo parecido com isso. Normal que seja assim. O problema é quando essa dita situação constrangedora deixa de ser somente uma simples situação constrangedora e passa a ser crime - e, pior, acaba revelando facetas negras da nossa personalidade e do entendimento comum que temos das coisas. Vamos ao fato: menina trai o namorado; namorado resolve se vingar e lembra, oportunamente, que num belo dia haviam transado e resolveram fazer umas fotos de lembrança, um souvenir inocente de um momento agradável para os dois. As fotos estão ali, bem ao alcance das mãos - e de repente a vingança boba, a lição de moral quase um tapinha na mão da criança tola se torna um ato de ódio indizível. A menina tem 16 anos, mesma idade do namorado traído, ambos moradores do Amapá, e a forma de divulgação do "susto" foi um perfil falso no Facebook. Foram 25 fotos que tive o desprazer de ver, 25 imagens ali estampadas e mais um vídeo, cada uma delas com vários compartilhamentos e mais de 800 comentários... O que vi foi praticamente um linchamento público que me tirou o sono (vide horário desta postagem). E como tudo mais, não demorou nada para o perfil falso cair no Twitter - onde logo se tornou o assunto mais comentado do planeta. Isso mesmo: as fotos do momento íntimo do casal, assim como a briga toda, rodaram o mundo em poucos minutos e fizeram história. É caso de polícia - e a polícia tem como encontrar responsáveis e impor, ao final, junto com o judiciário, alguma punição... Não deve ser muito, o papo de sempre de "menor potencial ofensivo", Juizados, serviço ou cestas básicas, mas ao menos será uma punição. Punida mesmo restou a menina, vítima de tudo de ruim e de pequeno que povoa a cabeça do brasileiro médio: não foram poucos os comentários chamando-a de puta, vagabunda e outros tantos adjetivos desonrosos. Montagens foram feitas, comunidades foram criadas e uma vida normal foi praticamente paralisada. Contra o menino traído foram poucas as vozes. As que ousaram acabaram sendo taxadas de idiotas, otárias ou sem graça. "Não sabiam brincar", diziam alguns. "É triste, mas estamos somente nos divertindo, nos deixem em paz", disseram outros. E no meio disto tudo surgiram milhares de tuites mencionando o nome da adolescente, inclusive com divulgação de seus telefones e endereço. E o que mais me chocou foram as mulheres... Num mundo firmemente machista, triste ver outras mulheres dizendo o que diziam. De vagabunda para baixo, certeza quase unânime de que "ela fez por merecer" - "afinal, quem manda trair?" Teve mesmo uma que disse: "E quem defende essa puta também defende traição". Num momento eu postei a seguinte mensagem: O que te define é o que você faz quando ninguém está vendo. Nisto me respondeu um seguidor: "isso também vale para a menina". Ou seja: para uns a menina teve culpa, claro! Foi puta, estava transando, estava fazendo sexo com o namorado, coisa de puta, sabem? Porque mulher mesmo, dessas honestas, não faz nada disso... Mulher honesta, entre quatro paredes, só reza. Quem transa mesmo é puta - e transar com o namorado te define assim. E machismo idiota é achar que ela teve culpa de algo, ou por ter transado, ou por ter confiado no menino. Entendam: ela não pode e nem deve ser definida por algo que fez quando ninguém via - o que ela fez foi transar e confiar. Ele sim, sem dúvida, deve e será definido por algo que fez quando ninguém via - afinal de contas, ser mau-caráter, em qualquer situação, sempre te definirá como mau-caráter.

P.s.: Só um adendo (feito uns minutos após a publicação do texto) - já tem gente, e não são poucos, apostando no suicídio da menina. Apostas feitas, apostas encerradas.


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Domisteco Fernandel

Pintinho: o Tal!

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Marabá.

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Situação desesperadora do município de Marabá. Caos; improbidade administrativa; prisões; desvios de recursos; e por aí vai! Quero saber: Por onde João Salame(PPS) pretende começar? Porta voz do movimento separatista: João Salame vai precisar mais do que nunca do governo do Pará! A situação é lastimável. Começando pelo ALPA: que ainda não veio!; mas já atraiu centenas para o município.  Depois, pelo pagamento dos fornecedores. Depois, pelos equipamentos públicos que foram depredados e roubados. Depois, pela precariedade dos serviços públicos que, com a passagem do furacão Maurino, foram diretamente atingidos. Quais acordos deverão ser revistos? Como vai ficar a base de apoio; quando ele pisar sobre o caos instalado por lá? Uma pena!

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A Província.

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Em 1870, Tavares Bastos publicou a primeira edição de A Província: um texto clássico sobre a descentralização do Brasil. Aqui, em Belém, temos uma avenida com o nome dele. Mas poucos sabem quem foi Tavares Bastos! Morreu jovem, aos 36 anos: de pneumonia. Antes de publicar sua defesa do federalismo  brasileiro, aos moldes norte-americano,  já defendia a descentralização  administrativa do Brasil; combatendo a forma que o Império havia decidido que seria  melhor para administrar o Brasil:  a Província. Pois é, o Brasil era administrado pelo Império na forma de províncias: áreas do território brasileiro sob a autoridade  de um representante do Império Português. Ou melhor, sob a jurisdição de um representante do governo português. Estava certo Tavares Bastos em sua  peleja contra o Império!  Mas, passados 142 anos da publicação de A Província; continuo com a impressão de que o Pará é uma Província. E não um Estado de uma República Federativa. A começar por sua Capital: Belém. Continuamos nas mãos das elites provincianas que aqui governam! O debate político não poderia ser pior. E a lei do silêncio impera. É só pegar a situação do jornalista Lúcio Flávio Pinto, para tornar mais evidente os poderes da Imprensa provinciana sobre a Imprensa livre: como é o caso do Jornal Pessoal. Mas, vamos aos processos administrativos: cerne da questão de Tavares Bastos. O que encontramos? Encontramos a burocracia do planejamento público, formada pelo PSDB, em pleno movimento de centralizar ações, visando negociar com os  "coronéis" - que ainda resistem - e seus feudos, implantados na burocracia do Estado e nas prefeituras locais. Na ALEPA a questão é ainda mais grave. Nossos representantes legislativos administram a ALEPA como se estivessem sob a égide do Império. O governo de Ana Júlia Carepa penou ao não entender com quem estava negociando; e ao tentar centralizar o poder no Executivo. Deu um show de ausência de republicanismo, e de inexperiência em gestão pública. E agora Simão Jatene? Vamos continuar apequenados diante da Federação? Vamos continuar negociando com o que se tornou a ALEPA? No espaço de reprodução das elites mais canhestras e canalhas; que o Pará vem reproduzindo e mantendo? Vamos continuar mantendo as mesmas relações clientelistas entre o  Legislativo e o Executivo? Quais são os encaminhamentos do governo Simão Jatene perante a Assembléia Legislativa do Pará?


Belíssima pergunta!



O blog A Perereca da Vizinha está fazendo uma pergunta importante:


Um "mistério misterioso": que fim levou a investigação sobre o envolvimento do deputado José Megale nas fraudes da Alepa?

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Bom é mesmo amar em paz.

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Sobre gays!



Servidor público Luiz Carlos Barbosa de Castro e o filho adotivo de cinco meses (Foto: Laura Toledo/G1MS)

Punk?

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"Nós encontramos novas casas para os ricos...."

Qual será?

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Um barato ler nos blogs que Duciomar Costa prepara uma vingança. Um barato total: quase lisérgico. Nós merecemos? Tem momentos que penso que sim: Sim, nós merecemos! Tem momentos que penso que não: Não merecemos! E vingança é um prato que se come frio. Como fará Duciomar Costa para executar sua vingança? Será contra nós,  frágeis municípes de Belém? Será contra o Bispo? Será o Benedito? Sabe Deus! Duciomar Costa é uma espécie de Mandrake sem Robin Hood. Fico cá com os meus botões imaginando os terríveis dias que teremos na tentativa de nos proteger das vinganças de Duciomar Costa. Como sobreviveremos aos próximos anos? Esta cidade já foi devastada pelo ódio de Duciomar Costa. E agora: Qual será a vingança?


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Corta e apara

Há muito me identifico com a proposta da Psicanálise (ou das psicanálises). Nem todos conseguem engolir ou digerir a proposta, mas, pra quem tiver alguma disposição, vale a leitura do texto "A contribuição ética da psicanálise para a sociedade atual", escrito pela psicanalista Rita de Cássia de Araújo Almeida. Não tenho muitas referências dela. Mas como o artigo foi indicado por uma jornalista e articulista que aprecio, Eliane Brum, fui lá dar uma olhada com carinho. E gostei bastante. Ela corta e apara. Como faz tempo que não leio Maria Rita Kehl, quem sabe não encontro outras mãos delicadas assim pra cutucar meu peito, não é?

"Mas, a psicanálise propõe uma outra saída para o nosso desamparo. Se por um lado ele não pode ser curado, erradicado, pode ser administrado em favor da coletividade, do bem-estar comum. Podemos promover a gestão do desamparo e do mal-estar por meio da nossa ligação com os outros, pelos laços sociais que somos capazes de criar, manter e fortalecer. Em última análise, para usar os termos de Freud, precisamos amar para não adoecer.

Finalizando, se quisermos pautar nossas intervenções na ética proposta pela psicanálise devemos fazer duas perguntas, que são fundamentais: Estamos intervindo sem nos preocupar com um ideal preestabelecido? Estamos promovendo e fortalecendo os laços sociais? Se a resposta for sim para essas duas perguntas, estamos conseguindo escapar desses dois discursos que empobrecem e enfraquecem nossa sociedade: a medicalização do sofrimento humano e a judicialização das nossas relações interpessoais"

Em todo mundo dá cupim

Performática na medida certa. Com letras feito navalha na carne. E um som estonteante. Linda Karina Buhr. Eu a conheci como membro do Cumadre Fulozinha, que também era incrível. Ô safra boua, essa pernambucana! Ela faz parte dessa "nova geração". Eu curtia como curtia Cordel do Fogo Encantando, que era mais carregado que o som da Karina. 

O fato é que a carreira solo que ela tem levado é apaixonante. Curto os dois discos, música por música. Não podia perder o show dela aqui em Buenos Aires. Foi arrebatador!

Fica uma letra de brinde. "Vira pó":


Seu suor
Vira sofá
Cadeira
Mesa de centro
Ou não vira nada
Vale nada
Vira vento

A todo momento
Alguém vira pó
Se vira pó só
Se vira pó só

Em todo mundo dá cupim,
Vira pó só

Tanto faz se é bom
Ou é ruim
Vira pó só
Vira pó só
Vira pó

O pé da mesa
E o dono da mesa
Vira pó só

Tanto faz se é bom ou é ruim
Dá cupim
Vira pó só
Seu suor
Solidifica
Vira pó

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Anúncio da Rosa

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Imenso trabalho nos custa a flor.
Por menos de oito contos vendê-la?  Nunca.
Primavera não há mais doce, rosa tão meiga
Onde abrirá? Não, cavalheiros, sede permeáveis.
Uma só pétala resume auroras e pontilhismos,
Sugere estâncias, diz que te amam, beijai a rosa,
Ela é sete flores, qual mais fragrante, todas exóticas,
Todas históricas, todas catárticas, todas patéticas.
Vede o caule,
Traço indeciso.
Autor da rosa, não me revelo, sou eu, quem sou? [...]

                                                                                             Carlos Drummond/ Rosa do Povo

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Os Jardins  de Monet

O "boss" do Weber!

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Glauco

O Kobo da Cultura

Kobo (divulgação)

O mercado do livro no Brasil tem crescido muito nos últimos anos. Ao que parece, esse crescimento não é fruto da melhora no nível educacional da população, mas do aumento da renda média do brasileiro. Em outras palavras, o livro é tratado como bem de consumo, e não como bem cultural - daí porque os títulos mais vendidos são os de auto-ajuda ou best sellers, como a "saga" Crepúsculo, as obras do indefectível Paulo Coelho ou os manuais de marketing pessoal e profissional.

Boa parte das vendas no país ainda é dos tomos em papel. O livro digital é parte muito pequena do mercado, em parte porque as grandes livrarias brasileiras não haviam se interessado pelo produto. O livro digital ainda era mais facilmente encontrado nas bookstores estrangeiras, sendo a principal delas a Amazon.com.

Eis que o Natal de 2012 revela uma novidade que talvez melhore esse cenário: a Livraria Cultura, uma das maiores do Brasil, acaba de divulgar o lançamento de seu e-reader, nos moldes do Kindle, da Amazon. A empresa paulista utilizará o modelo Kobo (quase um bife japonês) e promete fazê-lo chegar ao consumidor nacional com 30.000 títulos disponíveis.

Resta saber se a promessa de tantos títulos se concretizará no vernáculo. Afinal, a Amazon possui milhões de livros disponíveis para quem se dispuser a pesquisar, mas desses somente uma parte ínfima é em português.

De todo modo, a iniciativa da Cultura não é nada ruim para quem, há dois anos, possuía míseras 1.000 obras em seu catálogo. A intenção é bater a maior livraria virtual do país, a Gato Sabido, que hoje possui menos de 7.000 títulos em suas estantes digitais. Oxalá venha mais.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Nas bancas!

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Lúcio Flávio Pinto  lança um novo livro! O horário não poderia ser melhor!
Vamos lá!






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domingo, 25 de novembro de 2012

Lembram das promessas?

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E os candidatos à Prefeitura de Belém? Não! Eles não se  lembram de mais nada! Eles não sabiam de nada; coitadinhos! Na capa de O Liberal de hoje, Domingo, 25 de novembro:  Zenaldo Coutinho(PSDB) aparece dizendo que a capacidade de investimentos do município de Belém terá uma redução. Novidade!?! Só os deuses do Olimpo sabiam?! Ninguém mais! E o melhor: o rombo é de R$ 237 milhões. O jornal aliado de Zenaldo Coutinho vem construindo estas fábulas há dias! Mas; foi  neste domingo que tudo ficou mais claro! Imaginem leitores do Flanar: o que é um simples rombo de R$ 237 milhões? E em um município com a arrecadação de Belém?  No primeiro ano não será possível fazer nada. No segundo ano; será possível fazer alguma coisa? No terceiro? Bem, melhora alguma coisa. E no quarto? Naquele?!? As obras aparecem!

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Mundo Monstro

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Dosimetria

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Limitação Ilimitada

Em meio à descoberta generalizada da existência da curiosa ciência da dosimetria, os brasileiros foram informados do mais recente contributo do Poder Judiciário para o insano problema da superlotação carcerária. Um conhecido empresário goiano, de alcunha Cachoeira, apesar de condenado em ação penal referente a um pormenor heterodoxo vinculado a seu imparável empreendedorismo, foi agraciado com regime de prisão aberta, em função da tal dosimetria. Certamente, contribuíram para a moderação penal a reputação ilibada e a baixa periculosidade do personagem. Em virtude da própria superlotação carcerária, a pena, que o obrigaria a passar as noites em estabelecimento prisional, foi transformada em prisão domiciliar.
Peço que não me tomem como um, digamos, "barbosista" nestes assuntos, mas, dada a qualidade domiciliar do apenado, o termo "prisão domiciliar" soa como escárnio. É possível que o personagem retorne à hospedagem pública compulsória, por efeito de algum recurso ou de outra ação penal, já que, ao que parece, seu empreendedorismo é tentacular. Mas não deixa de ser notável a perspectiva do pleno regresso ao conforto do lar, como desfecho possível de longa carreira de serviços prestados à atividade de ganhar dinheiro, sem apego a formalidades.
Um dos aspectos mais notáveis do ambiente no qual a notícia foi divulgada é o do relativo apagamento da memória coletiva das aventuras e desventuras do personagem. O termo "Cachoeira", hoje secundário nas coberturas jornalísticas, refere-se prioritariamente às escaramuças em torno da Comissão Parlamentar de Inquérito que o ostenta como seu nome. O enredo político-empresarial-penal, condensado biograficamente no personagem, saiu de cena; já não está nas primeiras páginas e, por vezes, desapareceu na cobertura diária.
A quase invisibilidade dá mesmo o que pensar. Antes de tudo, efeito da concorrência desleal do drama da Ação Penal 470. O julgamento do "mensalão" exerceu sobre nossa capacidade de observação do País um efeito de ofuscação, pelo qual a fisionomia de outros aspectos, também dramáticos, ficou encoberta pelo excesso de luz. Ao que parece, o País deve ser monotemático e sequencial na reflexão sobre suas agruras: um drama de cada vez, até que o subsequente o soterre e ocupe o frenesi da cobertura jornalística. Há, pois, um inegável efeito de camuflagem na coisa, o que não significa supor que a ela - a coisa - seja urdida por alguma inteligência maligna e onipotente.
A invisibilidade do evento matricial decorre ainda do que se passa no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito. Ali trata-se menos de inquérito do que de um experimento aberto de combate político, no qual retaliações e proteções abundam na inacreditável conclusão do relator. A CPI, ademais, reforça a tradição de que a arena do conflito entre governo e oposição não é má hospedeira da chicana de especialistas em direito penal.
Muito teríamos a ganhar, em termos analíticos, se buscássemos associar numa mesma interpretação os eventos da AP-470 ao procedimento penal imposto ao empresário goiano. Juntos compõem uma fábula maior, delineada pelo tema da ilimitação.
Dois macroprocessos marcam a fisionomia do Brasil contemporâneo: (1) uma expansão acelerada do mundo público, aqui compreendido como universo que inclui não apenas a complexidade e crescimento do Estado, mas também aquilo que os politólogos denominam "mercado político", um termo, na verdade excelente; (2) uma expansão igualmente acelerada das oportunidades econômicas, aqui entendidas como universo de ações voltadas para a maximização crescente da acumulação de patrimônio. É inegável que tais processos, mais do que concomitantes, são convergentes e complementares. Nunca foi tão verdadeiro o juízo de que a ativação econômica afeta a estrutura das oportunidades políticas.
Pelo primeiro processo, à complexidade e crescimento do Estado soma-se a expansão da atividade política, favorecida após 1985 pelo colapso da fancaria de 1964, visível na afirmação de um amplo multipartidarismo, da consolidação de um eleitorado gigantesco e do princípio da bienalidade eleitoral. Olhos cândidos verão nesse processo uma comovente consolidação dos princípios da representação política. Infelizmente, não se pode descartar o travo amargo da suspeita de que a expansão da política abrigue de modo parasitário a expansão de negócios de captura, de intermediação e de aberta predação.
Pelo segundo processo, a atividade de "ganhar dinheiro" ganha foros de princípios de primeira filosofia, ou de "variável independente", como sustentam poetas dedicados ao estudo da política. Tal expansão, a partir de certa escala, implica o aproveitamento de oportunidades de acumulação abertas por decisões governamentais, tanto de alienação do patrimônio público como via programas de "aceleração do crescimento".
O capitalismo político brasileiro resulta da associação desses dois princípios. Ambos fazem da ilimitação da acumulação - política e/ou patrimonial - um verdadeiro ideal regulatório. Em termos mais diretos, maximização de poder e maximização de dinheiro - associadas ou independentes - mantêm no Brasil relações incertas com o âmbito da legalidade.
A Ação Penal 470 - para além dos dramas pessoais que envolve - lida com os efeitos da ilimitação no âmbito da política. A ação penal que condenou o empresário de Goiás lida com os efeitos da ilimitação no domínio da atividade econômica. Em ambos os casos, trata-se de considerar a seguinte disjuntiva: princípios de legalidade devem se sobrepor aos apetites políticos e econômicos, ou a vitalidade e a espontaneidade dos empreendedores - políticos e econômicos - devem criar sua própria esfera jurídica e moral?
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sábado, 24 de novembro de 2012

Salomé é Straus e Wilde


“E o mistério do amor é maior que o mistério da morte”.
Oscar Wilde, em: Salomé.

A tal epígrafe de Oscar Wilde martela por alguns momentos o dedo de quem assiste à ópera "Salomé", encenada neste finde no Teatro da Paz (“finde” é emprestado do Edyr Augusto em “Selva Concreta”. Forma contraída de: fim de semana).  Como se não bastasse, de onde eu sentava no ensaio geral, ressoava no pé do meu ouvido esquerdo uma harpa perdida da regência de Miguel Campos Neto. Toou como verdadeiros matizes estereofônicos de Strauss.
A ópera é desumanamente linda. Mistura amor, dor, lascívia e morte. É de segurar a bexiga para não se perder um aprazível momento, pois tem apenas um ato. Certamente solidifica um público amante da boa arte, como bem adianta Gilberto Chaves, coordenador do XI Festival de ópera do Theatro da Paz: “Fazer a roda começar a girar na estrada, não da perfeição, mas da qualidade, é uma tarefa árdua, porém, depois que ela começa (a girar), as perspectivas e as metas em movimentos passam a ser maiores ainda.” Isso mesmo, Chaves! Juntar Oscar Wilde e Richard Straus num palco secular, como o da Paz, não é tarefa das mais simples, independente do custo operacional.
Valeu maninho, diria o mais humilde dos cabôcos achegado à palma. Foi um respiro de genialidade que aflou para o interior dos meus pulmões a enchê-los de ar, ou melhor, ARte.

Lado B



Para aqueles que estavam com saudades de Leona, o fenômeno trash do You Tube, a boa (?) notícia é que ela voltou., desta vez sem o glamour do comercial da Aliança Francesa (vide o post Pela Culatra, de táxi) e sem as centenas de milhares de visualizações.
Se serve de consolo, sua parceira, a "aleijada hipócrita", levou falta na gravação.
Ufa!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Vale Cultura?

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Vale Cultura e a arrogância da nossa elite cultural


A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta (21), o Vale Cultura, um benefício de R$ 50,00 mensais para trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos. A ideia é subsidiar, através de renúncia fiscal, o acesso a cinemas, teatros, shows, exposições, enfim. O valor não é muito, ainda mais considerando os custos dos produtos culturais no Brasil, mas já é alguma coisa. O projeto estava travado desde 2009, quando o governo Lula prometeu colocá-lo em vigor dentro de um ano.
Na prática, a pessoa receberá R$ 45,00, uma vez que as empresas poderão descontar até 10% do valor do benefício da remuneração dos que optarem pelo programa. Além do mais, o custo será compartilhado, uma vez que os empregadores contam com a possibilidade de deduzir parte do valor gasto do seu imposto de renda. 
Se o instrumento vai dar certo ou não, se vai ter adesão em massa das empresas e da indústria cultural, só o tempo dirá. Mas o Vale Cultura, na época de seu lancamento, levantou um debate na classe artística e entre alguns colegas de imprensa que precisa ser resgatado. Pois é raro discutir o acesso à cultura pelos mais pobres para além do que despeja a televisão.
Ouvi e li depoimentos reclamando que o “povão” iria torrar os 50 mangos em besteira, em livros de auto-ajuda, shows de brega ou forró, filmes blockbusters ou neochanchadas nacionais, enfim. Que deveria ser criada uma maneira do gasto ser feito apenas em produtos de “qualidade” ou da “cultura popular” dos estados. Ou seja, não deixar que se comprasse qualquer bobagem.
Tirando o lado elitista, preconceituoso e pseudo-paternalista desse tipo de declaração (já ouvi de muito empresário e fazendeiro, que faziam falcatruas trabalhistas, e de deputado federal que defendia os dois primeiros, que retenção de remuneração serve para evitar que o peão se afunde na cachaça com o salário…), ela também inclui uma visão um tanto quanto distorcida da realidade.
Poderíamos discutir horas a fio sobre os mecanismos da indústria cultural que levam a um produto de massa se sobrepor e esmagar manifestações tradicionais e as conseqüências disso. Contudo, a preservação do patrimônio cultural tradicional não se resolve forçando o povão a consumir um baião tradicional a um tecnobrega, um grupo de cateretê a uma dupla sertaneja, um samba de raiz a um funk proibidão.
Também ouvi coisas do tipo: “esse povo precisa de um banho de Chico Buarque”. Sinceramente acho que todo mundo precisa escutar o homem. Mas a frase, vinda da boca de um culto amigo, irritado com um carro que jorrava tecnobrega no último, gerou aquele arrepio na espinha. E, certamente, não foram os fantasmas de Theodor Adorno e Max Horkheimer passando por perto. Sua crítica não se relacionava ao tratoramento da arte pela estrutura capitalista de reprodução e distribuição de cultura, que a transforma em mercadoria a ser consumida passivamente. Pois, ele próprio é um desses consumidores, que bebe empacotados dito eruditos, vilamadalenizados, mas que tenta “curar” o outro.
Na opinião destes, de “cultura de qualidade”. A clivagem entre o popular e o erudito (e a ignorância de fundir o erudito com o bom) é apenas parte dessa discussão. Esse tipo de pensamento, com a reafirmação de símbolos para separar “nós” da plebe, expressa mais preconceito de classe do que qualquer outra coisa.
E, em um ímpeto quase jesuítico, a necessidade de catequisar vem à tona, para trazê-lo à nossa fé. Não que eles poderão entender tudo, mas poderão, pelo menos, deixar o estado de barbárie em que se encontram ao respirar o mesmo ar que nós.
Nos grandes centros, o consumo da chamada cultura regional tradicional ganhou espaço entre os mais ricos e formadores de opinião. Virou cult. É em cima dessa análise que muitos querem resgatar, forçosamente, um passado “menos selvagem” em que a população de determinado lugar consumia esse tipo de arte da qual também gostamos. Sem se atentar que as coisas mudam, ou que a indústria cultural tem seus processos – que fazem ricos empresários que, ironicamente, bancam esses mesmos formadores de opinião.
Defender, propagar, incentivar as manifestações tradicionais é fundamental porque elas fazem parte de nossa identidade e ajudam a definir o brasil como Brasil. Mas sem desconsiderar as outras manifestações que ganharam visibilidade, também têm o seu valor e são queridas por muita gente. Bem, a discussão é bem mais complexa e não cabe em um post.
Ampliar o leque, dando mais possibilidades de escolha para a sociedade é uma coisa. Guiar o consumo cultural para preservar uma imagem que uma elite intelectual dos grandes centros tem de como deveria ser a cultura brasileira é outra.
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Leonardo Sakamoto

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Gênese



Premiada no Festival de Cinema de Berlim em 2008, a animação em stop-motion The Animator, do australiano Nick Hilligoss, é no mínimo intrigante.
E do barro viemos!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Escombros

Gaza; novembro de 2012 (imagem: Tsafrir Abayov/AP)



Não Vás Tão Gentilmente Nessa Boa Noite Escura (Dylan Thomas)

Não vás tão gentilmente nessa boa noite escura,
Os velhos deveriam arder e bradar ao fim do dia;
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

Os homens sábios, em seu fim, sabem com brandura,
O porquê a fala de suas palavras estava vazia,
Nâo vão tão gentilmente nessa boa noite escura.

Os homens bons, ao adeus, gritando como a alvura
De seus feitos frágeis poderia ter dançado em uma verde baía,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

Os homens selvagens que roubaram e cantaram o sol na altura,
E aprenderam, tarde demais, que o lamento toma sua via,
Não vão tão gentilmente nessa boa noite escura.

Os homens graves, perto da morte, enxergam com olhar que perfura,
O olho quase cego a brilhar como meteoro, então, cintilaria,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

E você, meu pai, do alto e acima de tudo que perdura,
Maldiga, abençoe, com sua lágrima triste, eu pediria:
Não vá tão gentilmente nessa boa noite escura,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura


(Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra)

A cor do Curiaú

Eu no meio do Curiaú;
o Curiaú no meio do mundo;
o mundo no meio de mim:
 Entre a pena negra dos quilombos
e a alba pele da garça voadeira
-ao tom mais lúcido da ave zazueira -
vou brejeiro em voo aventureiro no rumo pedreira
lá, me arvoro feito semente de Uricuri,
cresço entre folhas verdes de minha verve volátil 
e rodopio na roda viva da vida
no tempo verbal que vi passar
a negritude em tez de ti
rés ao chão do canto sem cor,
negra dor
alva flor
do sentimento terno da poesia
de matiz indolor.


Curiaú: Reserva quilombola localizada na cidade de Macapá (AP)

Só para matar?

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Chocante, simplesmente chocante, a ofensiva de Israel sobre a Faixa de Gaza. Não interessa o que Obama falou. Não interessa o que os judeus pensam sobre o seu território. O que interessa é a sociedade civil que está morrendo feito mosca. Inacreditável a apatia internacional para resolver o problema da  Faixa de Gaza. Impossível assistir a estas cenas e a este  papinho furado e ficar teorizando. Na Síria a situação é desesperadora. Os malucos do Irã só se comovem com a situação quando é para atacar Israel. Todos os povos tem direito a um território: que papo é este! Cadê a negociação para resolver de vez o problema do território palestino. Me dói a alma ver as mulheres, crianças e velhos sendo mortos como se fossem insetos. Para que serve o dinheiro e as armas? Só para matar?


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