quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Olha a cabeleira do Zezé...


Amanheci com dor nas panturrilhas nesta quarta-feira de cinzas. Tive que tomar um relaxante muscular para me locomover entre o quarto e o banheiro. Eu mais parecia aquele besouro de Kafka, preso ao leito. Tudo por causa nobre: carnaval.

Esses dias eu pulei muito por aqui. O Rio, hoje, pulsa Carnaval. É zabumba, surdo, triângulo e sopros. Bebe-se, urina-se, come-se, dança-se, canta-se e beija-se como nunca nos últimos tempos, segundo Ruy Castro. Pulei feito pipoca, por isso meus gastrocnêmios estão pedindo um relax pós-carnaval.
Bloco "Balança meu coreto"
Entre um bloco e outro, entre a praia e a feirinha, avistei diversos conhecidos pela cidade. Certamente estavam se direcionando à Sapucaí. Acho legal, afinal os paraenses estão em voga neste carnaval com o tema da Imperatriz Leopoldinense. Porém, o melhor carnaval do Rio não está nas escolas de samba, tampouco nos retiros espirituais. Está nas ruas. Tenho visto isso há mais de três anos, quando voltei a frequentar o Rio por esse motivo. Blocos como o “Largo do Machado, mas não largo copo” e “Simpatia é quase amor”, são exemplos que a criatividade não está só nos pés, mas no espírito também. Vê-se da janela, de forma sutil, ressurgindo uma velha cultura, que acaba se comportando como contracultura à ditadura do sambódromo e da televisão. Resultado: ruas tufadas de gringos e turistas brasileiros para acompanhar mais de 400 blocos de sujos. Nem os nativos estão partindo para os balneários. Foram mais de 900 turistas hospedados em hotéis. Estima-se quase 2 milhões no total. O Rio ri, sorri, bamburra, apesar de se espernear com os royalties do Petróleo.
Morei aqui entre as décadas de 80 e 90, mas nunca vi o Rio assim. Tenho a impressão que o carioca está cansado do controle remoto da tevê. Agora, a passarela do samba passou ser a rua, com seus rituais e marchinhas. Quanto tempo que eu não cantava “olha a cabeleira do Zezé...”

5 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Muito bom doutor, o melhor do Carnaval são os blocos, uma hora dessas vou tomar muitos relaxantes musculares para sair no Largo do Machado, mas não largo o copo, rsrs.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Marise, eu sempre fico por aqui pelo Largo do Machado, onde rola uma folia familiar com crianças e idosos nas ruas (Levanta meu Catete, Cachorro Cansado, Balança Meu coreto e Desliga da Justiça, são alguns dos criativos nomes). Minha sorte é que em frente de onde paro tem uma farmácia, um jornaleiro, um restaurante a Kilo e uma padaria. Me preocupar com quê... Com a Imperatriz, só se for...

Erika Morhy disse...

Ah, e eu já quero estar com os flanares nos blocos do Rio. Sempre amei o Rio de Janeiro. Desde pequena ia muito com meus pais e irmãos. Passei a ir muito pouco ou quase nada depois de adulta. E concordo plenamente com o colega Roger. Que se divirtam, os que prefiram, no sambódromo. Eu quero mesmo é botar o pé no chão e seguir quando a "banda passar, cantando coisas de amor". Bora se agendar pro próximo ano, todo mundo junto e misturado? EU TOPO
Avião da TAM que vinha pra Buenos Aires nesta terça estava lotada de famílias, com camisas do tipo "fui no rio e lembrei de você", crianças tostadas de sol e tererê nos cabelos... coisa ryca, ryca, ryca

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Vou ter que preparar melhor. Esse ano a batata da perna doeu ou eu pulei muito. Acho que foi por conta das Carmelitas, já na sexta, quando subi pelas ladeiras de Santa Teresa tentando acompanhar esse tradicional bloco. Teve também o Sargento Pimenta no aterro. Trata-se de um grupo de roqueiros que cantam beatles (Sgt Peppers) em forma de marchinhas. Esse eu nem cheguei perto porque era muita gente. Suspeita-se de mais de 100mil sujos. Ano que vem estarei lá. Bora lá, gente.

Erika Morhy disse...

Bora!