terça-feira, 7 de maio de 2013

Hastag será absorvida pela ortografia

“Mas comecemos pelo princípio. E o princípio é a falta de #LugarDasMulheres. Os espaços equivocados nos quais se têm movimentado tradicionalmente. Quando Marie se recuperou da depressão que sofreu aos 15 anos, depois de terminar com o instituto (talvez pela morte de sua mãe, de sua irmã, pela falta de dinheiro e de opções para continuar estudando) e buscou emprego para pagar a carreira em Bronya, descobriu que ser instrutora era um fastio, porque se tratava de uma figura indefinida: eram senhoritas cultas e de boa família, mas logo pobres, porque por isso tinham que trabalhar e a necessidade delas era assimilada pela servidão” - Rosa Montero, La ridícula idea de no volver a verte - Seix Barral - 2013 - pg. 54. O pequeno trecho que extraí (e traduzi livremente) do livro de uma das escritoras que admiro imensamente, a jornalista e psicóloga espanhola Rosa Montero, é apenas ilustrativo, para exibir a “nova ortografia” que ela propõe, integrando um elemento usual no twitter, a hastag. No bate-papo com ela, que só consegui acompanhar pelo telão do lado de fora da sala lotada por mais de 180 pessoas, na Feira Internacional do Livro, em Buenos Aires, ela explica para a intermediadora do debate, para as mais de 180 pessoas sentadas no lado de dentro e para outras tantas do lado de fora, que o uso da ferramenta não é a inauguração de uma nova narrativa literária, apesar de estar em seu novo lançamento “La ridícula ideal de no volver a verte”. É menos; apenas uma nova proposta ortográfica. No entanto, ela aposta um pouco mais longe: que a hastag seja absorvida pela escrita como o ponto-e-vírgula o foi, tendo em vista a economia que é capaz de representar, a sua expressividade e o pensamento a crescer que manifesta. Eu não digo nem que sim, nem que não. A insinuação de Rosa Montero foi original pra mim e valeu a fila quilométrica a que me submeti para entrar no espaço La Rural. Vou ficar atenta, apostando nas palavras da autora do primeiro livro que li em castellano, o genial Historias de Mujeres.

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