Eu me chamo Amazonas,
e quero falar de dois irmãos: Doce e Sena
Doce, o patrício,
salgaram-no de lama e mercúrio.
O Sena,
saiu de cena numa noite de novembro quando suas águas
toldaram a minha alma numa lama de sangue.
Estamos
arriados em nossos leitos e calafetados pela dor dos irmãos.
O próximo
serei.
Deus, me
acuda!
Como se não
bastassem os ribeirinhos
que carrego na proa de minhas canoas,
agora também
pesa no ombro
o pêndulo da desgraça por amar o mar e o mundo.
Eu, rio, que
deságuo hoje no atlântico com um volume de vida menor,
estou enlutado
do amor.
Estou
secando ...
...e o que evaporou
de mim
e me fez
menor ...
...foram as
lágrimas.
Ao meu lado vejo
um homem
Ele carrega
uma lata-dágua na cabeça
e na cabeça
só há a lata e o vazio
do tamanho do Saara.
A água
foi-se na escuridão das noites em que não dormi,
ao ver
ganância e fundamentalismo no mesmo cântaro,
em vez de
água de beber.
Restou-me a
sede nos lábios rachados,
Tal como a
caatinga do nordeste do olvidado Chico.
Hoje: luto, não sorrio,
sou rio que se veste com as cores da dor.
sou rio que se veste com as cores da dor.
Labareda, do
bando de Corisco
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