terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Lula e a Guerra em Gaza

Jornalista: Bolívia e outros países cortaram relações com Israel. Já são 1.500 mortos, entre mulheres e crianças, na Faixa de Gaza. O senhor se pronunciará em relação a isso que está acontecendo?

Presidente Lula: O Brasil tomou uma posição oficial de condenação à violência que está acontecendo na Faixa de Gaza. Faz uma semana que o meu Ministro das Relações Exteriores tem visitado todos os países - Jordânia, Síria, Egito, Israel e Palestina - na perspectiva de convencer as pessoas de que esse conflito precisa parar de uma vez por todas. O que acontece é que eu acho que a ONU está enfraquecida e debilitada.
Há 15 anos estamos reivindicando que seja mudado o funcionamento do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e que se coloque mais países representando mais continentes para que tenha mais legitimidade e que as decisões sejam cumpridas, porque senão a ONU vai se desmoralizando aos olhos da opinião pública mundial. Tem uma posição contra a guerra do Iraque e os Estados Unidos invadem o Iraque. Tem uma posição pela paz em Israel e Israel continua no conflito com o Hamas.
Eu acho que o Brasil é um exemplo de convivência pacífica entre árabes e judeus. Nós temos aproximadamente 10 milhões de árabes no Brasil, temos algumas centenas de milhares de judeus no Brasil, que obviamente não têm nenhuma culpa pela insanidade daqueles que tomam as decisões de atirar em gente inocente.
O dado concreto é que quando as pessoas entendem que podem se dar o direito de atirar uns nos outros, todos perdem a razão: nem Hamas e nem Israel têm razão. O que precisa é que ali haja paz, porque o povo palestino lutou muito tempo para construir o seu Estado, para viverem mais e melhor, e não para morrer como estão morrendo.
O Brasil está tentando criar as condições para que o grupo que se reuniu em Annapolis volte a se reunir. É preciso mudar os interlocutores que estão negociando, não pode ser apenas os Estados Unidos ou um outro país, é preciso que estejam mais países participando. E a primeira coisa que nós temos que fazer é garantir que sejam resolvidos os conflitos internos. A Autoridade Palestina não pode negociar a paz se o Hamas não concorda com a paz. Ou seja, é preciso construir a unidade tanto em Israel quanto na Palestina para que se possa construir a paz, envolvendo tanto quantos países for necessário. É assim que eu acho que deve ser resolvido este conflito que está acontecendo.
condenamos, inclusive, a posição de Israel, que tem uma força militar muito forte e há uma desproporcionalidade. Ficaria muito mais barato para todos se sentassem em volta de uma mesa e respeitassem o Estado Palestino e o Estado de Israel. Seria muito mais fácil construir duas novas pátrias que se desenvolvessem e que pudessem viver em paz. Não acredito que o antagonismo e a confrontação ajudem quem quer que seja, a não ser os vendedores de armas do mundo ou quem quer a guerra no Oriente Médio.

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