Aristóteles Guilliod de Miranda
Ainda neste mesmo terreno em que hoje encontra-se localizado o Barros Barreto existiram mais três hospitais, que foram:
São Sebastião, destinado a abrigar os variolosos. Inicialmente um barracão na travessa José Bonifácio, serviu às epidemias de 1883 e 1890, sendo depois incendiado. Com a epidemia de varíola em 1898, o governador Paes de Carvalho tratou de construir um hospital para estes doentes, tipo hospital-barraca-de-campanha, e que ficou pronto em três meses. Sua descrição, pelo Dr. Leibowictz é “ o edifício é vasto, tendo comprimento de 120m e largura de 22m. Todo edificado de madeira; as grandes enfermarias e o 1º corpo são forrados. O hospital está instalado no mesmo terreno do Domingos Freire, do qual dista 130m, sendo separado deste por uma cerca de arame. Pela frente do terreno, na travessa Barão de Mamoré, e pelos lados de toda a área compreendida por aquela grande propriedade do Estado corre uma cercadura completando assim o isolamento dos edifícios.
Com a erradicação da varíola o São Sebastião passou a ser o “Asilo das Madalenas”, para a internação de prostitutas portadoras de doenças venéreas, a partir de 1921, tendo também abrigado tuberculosos.(localizar) Teria sido desativado em 1952.
O outro hospital é o São Roque, na verdade uma casa, moradia particular, às proximidades do Domingos Freire, alugada por 150$000 pelo governo do estado, em 1904, e utilizada para o isolamento de pacientes com peste bubônica, estando o São Sebastião, lotado. Ampliado e dotado de todos os cômodos necessários serviu também para o isolamento de pacientes portadores de varíola, gripe, difteria, etc. Encontramos uma referencia sobre sua construção em 1935, para uso nas doenças exantematicas, preenchendo a lacuna do Domingos Freire e São Sebastião.
O último hospital é o Osvaldo Cruz, na verdade um pequeno pavilhão ao lado do Domingos Freire, e que serviu primitivamente para moradia das religiosas, sendo mais tarde ali recolhidos os doentes suspeitos de febre amarela para ficarem em observação. Não temos maiores informações sobre construção,etc.
Mas vamos ao Barros Barreto. Em 1934 a tuberculose era o problema sanitário nº 1 do país, com alta morbi-mortalidade. Seu tratamento, através dos dispensários, não contava com um número de leitos suficientes na retaguarda. Por essa época, o Dr. João de Barros Barreto, então Diretor do Departamento Nacional de Saúde, apontava a necessidade da construção de 07 grandes sanatórios e 11 pequenos nas diversas capitais brasileiras, devendo o de Belém ter capacidade para 600 leitos.
A pedra fundamental do Sanatório de Belém foi lançada em 1934, tendo os trabalhos de construção se iniciado em 1937, a cargo do Departamento Nacional de Saúde, através da Divisão de Obras do Ministério da Educação e Saúde e pela Verba de Obras e Equipamentos, sendo construtora a empresa Leão Ribeiro. Com as estruturas de alvenaria e concreto das alas laterais – uma com cinco e uma com seis pavimentos - e andar térreo do central já erguidas, faltando o corpo central para unir as alas, a obra foi interrompida em 1942 por falta de recursos. A planta previa as alas para distribuição dos leitos, com o bloco central ocupado pelos serviços gerais de administração, auxiliares de diagnóstico e terapêutica e a circulação e comunicação entre as alas. As obras permanecem paralisadas, quase em completo abandono, expostas a ação das intempéries e ao saque de materiais como os de canalização de água, o mato tomando conta de tudo. Enquanto isso o Estado padecia com o flagelo da tuberculose, com mais de 880 óbitos/ano, e possuindo 139 leitos para internação de tuberculosos: 51 no Domingos Freire e 88 no São Sebastião, ambos permanentemente lotados.
(continua amanhã)
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