Para terminar bem a semana, um poema de Max dedicado pelo autor a outro célebre literato paraoara, este já falecido: Haroldo Maranhão.
Madrugada: As cinzas
A Haroldo Maranhão
Madrugada, as cinzas te saúdam
De novo moldas contra a penumbra, maldas
o galo do poema, a tua armadilha, o fogo
ardendo cego nos desvãos do sangue
De novo ergues sobre a areia, madrugada, o corpo
amaldiçoado duma palavra, a teia rediviva
e a sombra crespa do desejo negro
eriçando o pêlo, o cão da página
Riscos se entrelaçam, fisgam a mosca do deleite
e já a ruína
tenaz, fibrosa, agônica sob a folhagem, mostra
o olho menstrual e sádico do destino
Um sonho cresce e se entumece
no rumor sexual dos ecos se compondo
E batem à porta
- os gonzos, os gozos da ferrugem
o rangido longínquo vagindo de outro mundo
De tudo, madrugada, a dúvida traça um rosto
exposto neste espelho contra o sol: O soletrado
calcinado.
3 comentários:
Parabéns aos dois.
Beijos.
Bom final de semana, FRJ.
80 Max e 2 Martinis!
O poeta não desce
Aos infernos, mas ilumina
Invernos de Mar-a-uns.
Parabéns ao poeta!
Abraços a ambos.
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