sexta-feira, 22 de maio de 2009

La Habana: canja não faz mal

La Habana, 22 de maio de 2009

Por aqui, passados 5 dias, começam a se sedimentar algumas impressões interessantes. Algumas importantes para um olhar mais crítico sobre o modo de vida dos cubanos comuns. Outras importantes para o ponto de vista do turista.
Uma delas, é a sempre presente "catigoria" dos "espertinhos". Esta já vi em vários lugares do mundo. Muito menos em NYC/Miami, diga-se. Mas presentes em Buenos Aires, Bariloche, Uruguay e aos montes no Brasil.
Os golpes que os turistas estão sujeitos são muitos e variados. Devem de antemão estar atentos em tudo. E aqui em Cuba, principalmente em Habana Vieja, há que se ter muita atenção e desenvolver uma maneira firme porém educada de rechaçá-los no nascedouro. Se você se deixar envolver, pode cair em algumas "trampas" ou armadilhas. Mas até o momento, nada que seja assim tão preocupante.

Por exemplo, ao caminhar pelas belíssimas "calles" de Habana Vieja, ninguém escapa de ser identificado como turista. Acredite. Você não vai conseguir. Primeiro pelo simples fato de que você é mesmo um turista. E sendo assim, vai caminhando lentamente, olhando tudo com uma previsível e obrigatória "cara de paisagem". No meu caso, muito pior, pois, além de tudo isso, carrego à tiracolo minha Nikon e lente acessória. Sem contar as sacolinhas com as coisas que vamos adquirindo no caminho. Simplesmente não há como disfarçar.
Sendo assim, as abordagens são certas. E quase sempre começam assim:

- Buenos dias. De onde são?
- Brasil! (Você sempre responde isso com um certo orgulho, na primeira vez).
- Ah! Brasil! Robinho! Ronaldo! (isto busca gerar uma certa descontração ou mesmo intimidade com a "vítima).

Se você aceitar a interação proposta, daí em diante, muitas coisas podem acontecer. Geralmente ou te oferecem "Cohibas" cubanos (diz que "autênticos"), ou então buscam direcioná-lo a algum restaurante (parceiro, "por supuesto").

Com o tempo, vamos aprendendo a evitá-los apenas agradecendo e não parando de andar de jeito nenhum.

Outra "trampa" quase que disseminada, é quanto aos taxistas. Se você bobear, eles não ligam o taxímetro e cobram o que bem entendem. Taxi de porta de hotel, nem precisa dizer que não devem ser utilizados. Melhor andar um pouquinho em frente, pegar algum daqueles Ladas 210 e acertar o uso do taxímetro antes de entrar no carro.

Mas uma molecagem especial nos assustou um pouco. Recebemos de troco em uma barraquinha de "perros calientes" (sim, é o conhecido cachorro quente mesmo), uma nota de 3 pesos convertidos (3 CUCs, equivalentes a 3 dólares, só utilizados pelos estrangeiros). De posse daquela nota que embolsamos sem maior cuidado, fomos a sorveteria Coppelia. Lá chegando, o atendente prontamente informou:

- É falsa!

Surpreso, verifiquei a nota com atenção e percebi que de fato tratava-se de uma falsificação das mais grosseiras. Nem marca d'água, nem textura de papel moeda, nem nada! Possivelmente "escaneada" em fundo de quintal (dêem o desconto. Era de noite). Contudo, o atendente da famosa sorveteria cubana (que é retratada no filme "Morangos e Chocolate"), foi atencioso e orientou direitinho:

-Volte até o dono do "perro caliente" e diga que a nota é falsa, instando-o a trocá-la de imediato. Caso contrário, chame o policial bem em frente. Só não diga que fui eu quem mandou. (Rsssss. Pode deixar!)

Assim fizemos. E lá chegando, chamamos o atendente do "perro caliente", que ao nos reconhecer, tratou logo de atender-nos em um canto mais reservado da barraquinha. Réu confesso, prontamente trocou a nota "batizada" por 3 moedas de 1 CUC.

Ao cabo e ao fim, de todas estas pegadinhas, a mais grave foi a última. As demais, quem viaja com frequência, deve estar atento. Afinal, será que isso tudo é coisa de outro mundo? Claro que não.

O que já publicamos sobre a viagem a Cuba

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