Menos, menos

Acho engraçado algumas participações no Twitter. Quem conhece o mecanismo e a dinâmica do microblog já deve saber que é um lugar onde você segue e tem seguidores. A possibilidade de seus seguidores repassarem o que você escrever por lá (retuitar), amplia, sem a menor dúvida, o alcance do que você tem a dizer.  Porém, sem querer ofender ou contrariar, daí a entrar, dizer "Bom dia, planeta", há um enorme exagero, não? Ou vai dizer que você tem 6,6 bilhões de seguidores?

Seus seguidores, obviamente, são uma massa amorfa que pode garantir seu sucesso ou fracasso como participante do microblog. Falou alguma besteira? Toma-te "unfollow"! E lá se vão seus seguidores. É assim.

Mas há quem, por estar há mais tempo por lá, ache-se o dono do pedaço e comece a ministrar regras sobre como utilizar a ferramenta, de acordo com seu estrito (e por vezes, pra lá de obtuso) ponto de vista. E aí vem com aquele arzinho bobo afirmando algo como "eu já falei que as pessoas não sabem usar o Twitter". Putz! Aí é demais. 

Mas entre todas as opiniões que vejo por lá, a que me parece mais próxima da realidade, é a que sustenta a ferramenta como um playground. Um lugar de diversão e bom humor. Mesmo que por vezes, travestido de um pictórico mau humor. Com efeito, há centenas de milhares de atores tuitando freneticamente. Alguns fazendo papéis verdadeiramente hilariantes. O "pé de pano" Tanto Tupiassú (codinome do advogado Fernando Gurjão Sampaio) é um de meus preferidos. Criou um personagem criativo, amante de tangerinas, brincalhão e raras vezes, ácido. Há outros que atraem seguidores pelas demonstrações explícitas de mau humor. Tão explícitas que é difícil acreditar que sejam verdadeiras, configurando assim mais um dos inúmeros personagens que brincam no parque de diversões.

Neste sentido, vez por outra, surgem supostas brigas, claramente fingidas, que trazem alguma diversão, em tudo semelhantes aquelas brigas dos gauleses no terreno do Asterix. Rolam peixes pra todos os lados. Mas é tudo o bom e saudável exercício de ludismo entre adultos mais do que vacinados. Eu, por exemplo, vez por outra arranjo uma briguinha com um personagem que já me acostumei a chamar de "general". Muito embora, pelas suas útlimas participações, tenha sido rebaixado a condição de "taifeiro". Hehe!

Há também aqueles, tipicamente newbies, que atuam na ferramenta como se estivessem num mensageiro instantâneo. Tipo MSN, GTalk, etc. Um erro bastante comum e grave, que eu mesmo cheguei a cometê-lo por alguns segundos, enquanto novato. Mas logo fui avisado por amigos sobre o fato. E dentro do perfil dos novatos, há que se ter cuidado com a divulgação de qualquer dado pessoal. Telefones, endereços, localização, entre outros dados íntimos, devem ser rigorosamente evitados. Até mesmo pelo simples fato de existir o recurso de Direct Message (DM). Desta maneira, você manda a mensagem direta para seu alvo, sem que ninguém mais tenha acesso a ela. Fiz até uma brincadeirinha por lá, no bojo das violações de sigilo fiscal, lamentavelmente observadas no presente momento. Cheguei lá e postei: "Violadas as DMs no Twitter". Foi o que bastou para gerar algumas reações esquisitas. "Sério!!!!" Chegaram a me perguntar alguns. "Tuas DMs devem ser explosivas", foi minha resposta.

Há, é claro, os que levam a sério demais a vibe. Se aborrecem, jogam chistes, ofendem e são grosseiros. Estes, ainda não perceberam que estão no lugar errado.

Mas há aqueles de fato raivosos. Visceralmente raivosos. Parecem estar lá em pleno gozo de suas faculdades mentais para cumprir um determinado serviço. Sempre há em qualquer parte do mundo virtual. Mas lá, felizmente, é mais difícil ser anônimo. No máximo, você cria um perfil fake. Mas mesmo assim, não escapará das barras dos tribunais se cometer alguma barbaridade. Os advogados agradecem, e os médicos também. Há que se ter cuidado. Mas nada há a temer. Basta "dar um block" e pimba! Lá se foi o rangedor de dentes.

E não adianta, entrar numas de iniciar sua participação, achando que em pouco tempo terá centenas de milhares de seguidores. Entre para seguir e não fale bobagens. O tempo dirá o que você é. Desencane e use o serviço com os pés no chão. Conteúdo nunca foi tão crítico num serviço web. É quase como um IBOPE instantâneo e sem marmelada. 

Penso que diversão, deve ser a tônica do Twitter. E como disse uma amiga por lá, "se não sabe brincar, não desça para o play".