quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Arte de rua



Sei que talvez surja alguma polêmica. Mas também sei que o grafite tem o seu lugar. Em grandes cidades do Brasil e do mundo, muitos grafiteiros fizeram carreira utilizando sua arte como legítima forma de expressão popular. E sei que também, talvez o exemplo acima, não seja dos melhores. Entendo contudo, que se executados em locais autorizados, onde podem perfeitamente assumir o lugar de um muro branco vazio e desprovido de qualquer atrativo, teria plenas condições de aceitá-los e, com tranquilidade, admirá-los.
Muito embora, algumas iniciativas oficiais de abrir espaço para os grafiteiros no passado, tenham obtido resultados pífios em termos de técnica, estética e temas. Em outras palavras, resultados "oficiais".
Vejam o exemplo acima, que capturei agora há pouco com a modesta câmera do iPhone, no final da Avenida Almirante Tamandaré. Talvez nem seja autorizado. Talvez seja espontâneo. Talvez tenha sido feito com o beneplácito do proprietário do muro. Talvez não, e o proprietário não se incomodou. Enfim, não tenho todas as respostas. Apenas a certeza, de que não foi feito em cima de nenhuma estrutura protegida pelo patrimônio histórico.
O trabalho pode até não ser à altura daquele observado em São Paulo e NYC, por exemplo.
Mas que é esmerado, e bem melhor do que uma mera pixação, penso não haver dúvida.
Fiquei feliz em vê-lo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Carlos Barreto, deixo minha experiência com o assunto.

Antes, porém, faço uma ressalva: não há obra feia ou bonita. No meio dos grafiteiros, concluir assim é pena de exclusão do grupo. Há arte e ponto.

Ainda advogado-empregado, na Celpa, participei ativamente do "Celpa em Grafite", seja elaborando contratos, autorizações, permissões, seja participando de reuniões com a Polícia Militar, com as "autoridades", seja, lá, no setor responsável, conversando com os grafiteiros, tentando enteder um pouco da visão deles sobre a arte e sobre o mundo.

É hierarquizado e regrado. Tem uma regra interessante (mas que, infelizmente aqui em Belém não foi cumprida): O pichador não picha sobre o graffitti.

Começou na Celpa com a necessidade de dar vida aos muros das subestações, e se alastrou com pedidos do Centur, Escolas, muros particulares etc.. Foi bom enquanto durou.

Claro que eles ainda irião se aperfeiçoar, já que era a primeira vez que estavam fazendo suas artes de modo tranquilo, remunerado, de dia, sem a correira do "rapa".

Não deu tempo. O Projeto se encerrou quando a Celpa verificou que estava dando murro em ponta de faca, e não recebia apoio de ninguém, nem do Estado.

Certa vez, fui num dos locais explicar ao policial (não é a minha praia) que aquilo estava autorizado pelo "dono" do muro, e fazia parte de uma Projeto Social da Celpa. Quase o cidadão me enquadra junto. Mas, depois de muito explicar, deixou a rapaziada em paz, mas não antes de deixar, do outro lado da calçada, dois "fiscais" para qualquer "eventualidade".

Tivemos que ir à Secretaria de Segurança para firmar parceria, pois, algumas vezes, os artistas "foram recolhidos", por total ignorância do "dotô policial".

Segue, abaixo, a missão do "Celpa em Grafite.

"Projeto Celpa em Grafite
A arte como instrumento de inclusão social."
Este projeto tem o objetivo de proporcionar a inclusão social à jovens em situação de risco. O
Grafite, expressão artística empírica, configurada como arte de rua, revela a expressão da
revolta social e da vida à margem construída com jovens de família de baixa renda. Ao
trabalhar o arte em sua gênese o projeto eleva a auto estima destes jovens pois parte de sua
própria realidade e de seu mundo, dignificando e realizando uma agregação de valores antes
não observada. O Projeto Grafite, estimula sua força criativa e crítica através da arte,
encarando o jovem como pessoa capaz de participar, ampliar e influir na sociedade como
cidadão e artista, inserindo-o no mercado de trabalho, tornando-o agente multiplicador, além
de colocá-lo em contato com diversas camadas sociais e diversos setores da sociedade. O
trabalho pretende criar um impacto visual nos espaços com grafites de cunho regional que
valorizam o imaginário amazônico. O projeto é desenvolvido através da utilização das técnicas
do grafite, com a coordenação de um membro do grupo, com vasta experiência na área,
concomitante a levantamento sócio-econômico realizado junto aos grafiteiros. O projeto firmou
recentemente parceria com a Secretaria de Segurança Pública através da Polícia Civil, o que
garante ainda mais a credibilidade segurança e seriedade ao projeto.O reconhecimento da
sociedade também já está acontecendo. Pessoas que moram próximo às áreas de atuação do
projeto saem de suas casa para contemplar as pinturas e parabenizar os artistas.

Carlos Barretto  disse...

Bela história, Lafayete.
Abs e obrigado pela visita.