quinta-feira, 1 de abril de 2010

Chapada dos Veadeiros - A chegada e a primeira manhã

26 de Março de 2010
Após enfrentarmos quase 3 horas daquele vôo econômico rumo a BSB, chegamos na capital federal por volta das 4:30 h. Quase sem dormir durante toda a madrugada, estávamos cansados e estremunhados. Contudo, extremamente animados com o que estava por acontecer.
Após chegarmos a casa de nossa amiga, fazermos as refeições, ajustes em equipamentos e receber o último integrante vindo de BH, por volta de 14 h, pegamos estrada rumo a pequena localidade de São Jorge, no estado de Goiás, destino final de nosso projeto. No caminho, muitas risadas, muita alegria e algumas paradas estratégicas. Íamos observando então, a gradativa mudança da paisagem que se desenrolava pelas nossas janelas.
A princípio, tudo plano, mas já nos momentos finais do trecho rodoviário, as primeiras montanhas achatadas começaram a surgir no horizonte, anunciando que a Chapada dos Veadeiros já era parte de nossa realidade.
A primeira visão das montanhas achatadas...
...que depois iam se multiplicando em nossa volta.
Chegamos então em São Jorge, já por volta das 18 h, conhecendo então a pousadinha econômica que nos abrigaria no período. A Alecrim do Campo, certamente não é a melhor da cidade. Mas está longe de ser ruim, desagradável ou inaceitável. Trata-se de um empreendimento honesto, digno, com ótimo café-da-manhã, que não desagradaria certamente os leitores menos afeitos a luxos e badulaques. E para os descolados, existem opções no lugarejo até com piscina e outras comodidades. Mas a nossa opção, era obviamente econômica e a Alecrim do Campo, ao cabo e ao fim, cumpriu com louvor seus propósitos. Poucos funcionários (talvez apenas o "gerente do dia"), garantiam a privacidade desejada por nós.
Pousada Alecrim do Campo - digna, calma e barata.
Toda arrumadinha, com decoração simples e agradável, a pousada era exatamente o que tínhamos em mente. Sem ar condicionado, o friozinho leve e desejável da noite, dispensava qualquer tipo de climatização. Bastava dormir com um moleton, com o edredon por cima e estava garantida uma noite tranquila. Óbvio que se você tiver um "cobertor de orelha", a coisa pode ficar ainda mais interessante.
Ocupamos 2 quartos (sendo um duplo e um triplo) e dividimos a conta. Logo após a chegada, fizemos nossa primeira incursão noturna na cidade, em busca de um bom jantar. No caminho, íamos observando que São Jorge é de fato, um grande aglomerado de pousadas, que serve de base estratégica para o ataque à Chapada e suas trilhas. Algumas pessoas de vários estados circulando tranquilamente em ruas de terra batida. Uma movimentação fraca, segundo os nativos, que esperam o maior movimento para esta semana santa, que ora se inicia.
A visão noturna de São Jorge, com sua modestíssima estrutura urbana, é um show à parte. As pousadas parecem concorrer com velas e candeeiros, criativamente dispostos em mesas ou no chão, criando aquele ambiente mágico, meio esotérico, que na brincadeira, acordamos por designar como "odara".
Sacos de papel...
E a decoração, não seria nossa única surpresa. Em busca de um bom jantar, sentamos em um restaurante de uma outra pousada, próxima à nossa. Parecia barata e jeitosa. Ao abrirmos o cardápio, percebemos que estávamos em uma localidade, de fato preparada para receber o turista internacional. Saladas fartas, carnes, massas e crepes! Sim! Crepes maravilhosamente elaborados, que rapidamente fizemos acompanhar de 2 garrafas do bom tinto chileno Gato Negro, servido em temperatura ambiente. Logo em seguida, um solitário músico ocupou um pequeno palco e soltou um repertório de MPB extraordinário. Nem precisa dizer o estado que voltamos para a nossa pousada, mesmo às vésperas de uma árdua caminhada. Algo totalmente desaconselhável para quem é praticante profissional deste tipo de atividade. Mas, não deu para resistir. São Jorge, neste momento, já era a localidade que jamais sairia de nossa memória.
...ou acessórios mais elaborados, fazem a decoração das pousadas à noite.
A noite fluiu bem, com exceção de alguns roncos e uma surpreendente atitude de um de nossos integrantes, com hábito de estabelecer "diálogos" animados com os parceiros, em pleno sono. Uma engraçadíssima descoberta que fiz, e não poderia deixar de registrar, preservando o nome de seu protagonista. Os karapanãs não incomodaram, pois estávamos preparados com repelentes químicos e elétricos.
Vista geral de São Jorge, em frente à nossa pousada - a primeira manhã.
27 de março de 2010.
Eis que chega a manhã, com céu azul total. Temperatura amena, já mostrando um pouco do calor, que logo aumentaria. Após o ótimo café-da-manhã, pouco antes de partir para a primeira aventura prevista, pudemos então vislumbrar a primeira vista diurna de São Jorge, suas ruas de terra batida, casas e jardins imaculadamente cuidados, seus personagens interessantes, seu artesanato focado em esoterismo, com venda de incensos, cristais, túnicas entre outros ítens típicos.
Por falar em quartzo, percebemos a riqueza de toda a região, nesta pedra. Você literalmente anda sobre eles. Estão por toda a parte. No chão, nas casas, nas estradas, nas trilhas. Branco, leitoso, cristalino, rosa, de todos os tipos. Para quem aprecia, um paraíso do quartzo.
Observávamos com incontido interesse, os habitantes do lugar. Alguns dirigindo velhos jipes, vestindo aquelas roupas extravagantes, com barbas deliberadamente cultivadas. Outros, cidadãos comuns, prestadores de serviços. E alguns turistas.
Mal sabíamos o que nos esperava nas horas seguintes, quando então atacaríamos nosso primeiro objetivo: o Vale da Lua. Mas isso, é assunto para o próximo post.

5 comentários:

Lafayette disse...

Uma correção: não existe jipe velho, mas sim, antigo.

Sigamos na viajem.

Carlos Barretto  disse...

Rsssss.
Pronto! Se mordeu!
Rsssss

Lafayette disse...

Me mordi e matei o português:

"...viagem..."

rárárárárá

Carlos Barretto  disse...

Rssss.
Deixa pra lá, Lafa!

Val-André Mutran  disse...

Conheço as quebradas Carlos.
O ex-diretor do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é meu amigo de cachaça e maledicências! Rsss.

Na próxima oportunidade, se te interessar. Te levarei para conhecer um pequena fazenda próxima a Pirenópolis.

Desde já te aviso: é a nossa "Macondo".

Parabéns pelas fotos.