quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Passarinhou" Luiz Carlos França


"Passarinhou" hoje, no final da tarde, em meio ao trânsito agitado do centro da cidade, (talvez como fosse o seu desejo), o poeta Luiz Carlos França. Ainda o vi, frágil, débil, contudo, alegre e indiferente à doença, na semana passada. Antes de partir, deixou para nós um pequeno livro chamado Boca de Ferro. Uma jóia de arte gráfica e poesia. Ganhei o livrinho de uma querida ex-namorada, no dia dos namorados, que o comprou dele na minha frente e me deu, meio que de surpresa. Um momento único, que como uma fotografia, jamais se repetirá. Nele, podemos ler seus últimos versos.

Escrevo cada poema
como se fosse o último:
"meu canto dos cisnes".

Faço dele meu amparo,
meu grito.

Faço dele minha esperança,
minha oração.

Cada palavra é mastigada
como alimento da criação

Faço da dor do viver,
bálsamo dela mesma.

Tiro o leite das pedras,
não deixo amargar meu coração.

Meu poema é minha respiração,
meu pulsar,
minha inspiração.

Foi muita emoção para uma só noite. É muita emoção para um só dia. Bom descanso, Luiz.

O Vice de Serra e a Ficha Limpa

Ele não desceu de nenhuma estrela colorida, nem brilhante. Difícil crê-lo também como alguém impávido que nem Mohammed Ali. Ou infalível como Bruce Lee. Mas veio e eu o vi anunciado como um político novo, relator do Projeto Fichas Limpa no Congresso Nacional. A verdade é que o índio de José Serra tem lá democraticamente seus pés de barro. Até gente com mandato político do PSDB, decepcionada, não faz segredo aqui.

Acessórios bizarros para seu iPhone

Que tal transformar seu iPhone em alguma coisa mais útil ainda.
Desde o lançamento do Tom Tom Car Kit, muitos fabricantes vem pensando em outra maneira de meter a mão um pouquinho mais dentro do seu bolso. Veja então estes exemplos.

Feita para submergir seu iPhone até 1 metro de profundidade por 30 minutos, o ToughCase ainda aumenta a duração de sua bateria e acrescenta um chip de GPS mais poderoso, além de manter toda a funcionalidade touch screen. Preço: 200 dólares (mais caro que o próprio iPhone 3G S patrocinado por operadora americana).



Este é para um nicho de profissionais muito especializados. Transforme seu iPhone num pequeno teleprompter. Ideal para handcams. Preço: 130 dólares.

FIFA reconsidera o uso de tecnologia na linha do gol

Interessado em sua reeleição, o presidente da FIFA, o suíço Sepp Blatter, pediu desculpas ontem em uma coletiva à imprensa internacional, pelos erros flagrantes da arbitragem nesta Copa do Mundo. Em especial aqueles que prejudicaram de maneira ridícula Inglaterra e México. Muito embora, em minha opinião, não tenham exatamente comprometido a inegável superioridade dos vencedores.
Os árbitros envolvidos foram discretamente mandados de volta para casa, sem dar entrevistas. Mas o mais importante, é que Blatter afirma que a FIFA finalmente considera a possibilidade de adotar tecnologia melhore o julgamento do que acontece na linha do gol. Do tipo câmeras posicionadas estrategicamente de forma a deixar o evento do gol registrado de maneira inequívoca. Mas afirmou que a tecnologia do "chip" embutido na bola, ainda estaria em fase experimental.
[Via Sport 24]

Belém do choro

Laura Calhoun, artista plástica e videomaker paraense-americana, amiga de longa data, lança em Belém, no próximo final de semana, o documentário Choro na Saldosa. Um trabalho lindo, que tive o privilégio de assistir um teaser, meses atrás, quando trocamos idéias sobre o documentário, num link Nova York-Brugge.
Nessas horas queria ter aquela liberdade de pegar um voo a Belém para participar de um evento que, na verdade, vai ser uma celebração: do talento dos nossos músicos da melhor qualidade, da beleza de Belém e arredores, e do toque de primoroso trabalho artesanal que Laura consegue dar em tudo o que faz, mesmo que o faça usando novíssimas tecnologias digitais. Viva o talento paraense!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Qual a razão da FIFA resistir à tecnologia?

Este gol de honra de Frank Lampard da Inglaterra contra a Alemanha, foi barbaramente anulado pelo juiz. Mesmo com os telões do estádio mostrando claramente, que de fato ele ocorreu. Uma crueldade sem tamanho. Como se não bastasse, desde então, a FIFA proibiu a exibição de replays nos estádios. Sintomático, não?
Mas afinal de contas, o que explica a resistência da FIFA à tecnologia disponível para garantir com precisão a informação de que a bola de fato cruzou as traves brancas?
Este artigo da Fast Company procura entender isso. Mas sinceramente, os argumentos acenados pela FIFA me parecem tolos demais. Bobos demais. Quase que escandalosamente tecnofóbicos. Ou árbitrofílicos? Ou o quê mais?

Montando PCs

Os PCs, ainda tem esta vantagem (???). A exemplo de um Frankstein, eles podem ser montados. Peça a peça, componente por componente. E quem tiver algum conhecimento prévio, calma, paciência e algumas ferramentas especiais, poderá montar um. O resultado final, vai depender de sua habilidade, bem como de quanto você estará disposto a desembolsar por cada parte envolvida no processo.
Há cerca de 5 anos, montei meu primeiro PC sozinho. Uma experiência empolgante e altamente recompensadora, quando ao ligar pela primeira vez, tudo funcionou. Mas extremamente complexa, quando isso não acontece. De qualquer maneira, é uma aventura que quem desejar, pode fazê-lo utilizando algumas horas livres.
Nem pense em fazer isso de uma só tacada. Melhor fazê-lo por partes, prestando bastante atenção em cada passo. Isso ajuda a diminuir a enorme quantidade de erros que podem acontecer, pela inobservância de algum detalhe crucial. Um erro, um esquecimento, e tudo vai por água abaixo, obrigando-o a refazer todo o processo desde o início.
Atualmente, encantado com a plataforma Apple/Mac OS X, prefiro adquirir computadores prontos. Mas para quem desejar saber alguma informação preliminar sobre como montar um PC, encontrei este artigo atual da PC World americana (em inglês). Trata-se da montagem de um modelo bastante poderoso, que certamente, pelo preço elevado dos componentes utilizados, estaria fora do bico da maioria dos brasileiros. Serve também para entender, que montar computadores poderosos, mesmo PCs, pode sair bem mais caro que um bólido com tudo equilibrado e ainda com design esmerado. E o artigo é pontual também, para vislumbrar a complexidade do processo de montagem de um bom PC nestes tempos. Bem diferente que há 5 anos atrás.

Ana Júlia se manifesta sobre a prisão do irmão

Da Governadora Ana Júlia Carepa, comentando no Twitter o decreto de prisão de seu irmão, João Carlos Carepa, acusado de crime de pedofilia.

Recebi notícia do decreto de prisão de meu irmão João Carlos. O assunto é doloroso e constrangedor para nossa família como para toda família que tem problemas desse tipo mas muito mais para aquelas famílias que sofrem conseqüências de qualquer tipo de violência.
Minha posição como governadora, mulher e mãe é de que ninguém está acima da lei. Como governadora e diante da responsabilidade do cargo não me pronunciarei mais sobre o assunto que está na Justiça, um poder independente e que deve ser respeitado como tal.

Nota do poster: o texto foi editado por mim para facilitar a compreensão dos leitores, levando em conta as peculiaridades do Twitter que limita cada post em 140 caracteres. Esta limitação, justifica a fragmentação do texto original em 4 microposts, que foram unidos e corrigidos por mim (tirando abreviações óbvias que normalmente os twiteiros utilizam para aproveitar espaço) sem nenhum prejuízo no conteúdo original.

Manu Chao e Maradona


Vejam este vídeo memorável. Gravado em Buenos Aires, nele vemos a música "La Vida Tombola" de Manu Chao, feita em homenagem a Maradona. Podemos ver também o excelente guitarrista Madji, que esteve em Belém no show "La Ventura".
[Via Facebook]

"Gadgets" também tem seu ponto G

Semana que passou, foi quase que inteiramente dedicada a mais um daqueles "hypes", no pior sentido possível. O iPhone 4 foi literalmente bombardeado pela mídia especializada, que apontava falhas de recepção, dependendo da posição em que se segurava o aparelho nas mãos. A história varreu o mundo logo nos primeiros dias que se seguiram o início das vendas do iPhone 4, havendo inclusive relatos de fúria de consumidores em fóruns online, especialmente no fórum de suporte da própria Apple. Para complicar, como sempre econômico em suas respostas, o grão-mestre-super-hiper-bombado Steve Jobs ainda responderia ao clamor dos consumidores de maneira irritante:
- Simplesmente não o segure desta maneira.
Foi como respondeu a um e-mail encaminhado por uma consumidora indignada (Sim. Ele vez por outra, responde pessoalmente alguns e-mails a ele encaminhados pelos demais mortais). Mas ELE é assim. Já fez pior, e não é nada difícil de acreditar.
Mas os fatos dizem o quê afinal? Bem. A Apple de fato embutiu a antena às proximidades da estrutura de aço inoxidável do iPhone 4. E, a exemplo de qualquer telefone móvel, quando você posiciona seus dedos próximo a antena, podem ocorrer as chamadas falhas de sinal. Quantas já não terão acontecido por este motivo e você nem ficou sabendo?
Pois saibam que tudo está confirmadíssimo da Silva! Sim. O iPhone 4 tem o seu "ponto G", agora mais, digamos, cientificamente provado. Vejam o vídeo abaixo.



A Apple, em declaração a imprensa no dia 24 deste mês, confirmou o problema e afirmou o seguinte:
“Se você já experimentou isso no seu iPhone 4, evite segurá-lo na ponta esquerda mais baixa, de uma maneira que cubra os dois lados da faixa preta na faixa de metal ou simplesmente use um dos muitos cases disponíveis.”
Mas a novela não termina por aí. Aproveitando a onda, a concorrência tentou tirar proveito, é claro. Especialmente a Nokia, que achou que podia tripudiar sobre o iPhone, criando uma peça publicitária onde mostra muitas supostas maneiras de segurar seu telefone. Na peça, a Nokia graciosamente afirmava o seguinte:
Claro, sinta-se livre para ignorar todos os métodos acima, pois, realisticamente, você é livre para segurar seu Nokia da forma como quiser. E sem sofrer nenhuma perda de sinal. Legal, né?
Mas a resposta, desta vez, não tardou. E a Nokia acabou engolindo mosca, como diz o blog MacMagazine. Por um pequeno detalhe, incluído nos próprios manuais de qualquer aparelho da fabricante norueguesa.
Uma gracinha, não? Portanto, fique sabendo disso e descubra o "ponto G" de seu celular. Ele fica em algum lugar. E neste caso, a "mágica" não é das mais animadoras.

Para a família

O conhecido american way of life se baseia em noções artificiais e quantitativas de sucesso, calcadas nos ganhos materiais que o indivíduo poderia ter. Assim pautando suas existências, acostumaram-se a glorificar a opulência e seus sinais exteriores, p. ex. os carros. Americanos amam carros enormes, robustos, potentes e beberrões. Como tinham dinheiro para gastar, esbanjavam, sem quaisquer preocupações com o meio ambiente e outras, igualmente relevantes. Mas o mundo mudou e as novas injunções da macroeconomia os obrigou a repensar certos hábitos. Os carrões, nos quais cabiam a família inteira e mais alguns amigos, estão sendo substituídos por veículos menores e mais econômicos.
Aqui no Brasil, claro, a realidade é bem diferente. O alívio foi a chegada dos chamados carros populares, no começo da década de 1990, que tornaram mais acessível ao assalariado ter um carrinho na garagem, com seus cinco lugares mais ou menos apertados.
A evolução da indústria automobilística do ou no Brasil merece um olhar, por vários aspectos interessantes, desde os econômicos até os tecnológicos e culturais. Sim, culturais, porque a relação dos brasileiros com automóveis é muito mais emocional do que racional e envolve tendências, desejos, disponibilidades. Há mais ou menos vinte anos, os veículos de quatro (ou cinco) portas retornaram e dominaram o mercado. Duas portas (ou três), atualmente, só por limitações econômicas, uso estritamente comercial ou peculiaridades esportivas do projeto.
Hoje, p. ex., o motor flex é uma imposição, mesmo em boa parte dos Estados brasileiros, onde o álcool não é vantajoso. De dois anos para cá, mais ou menos, a bola da vez passou a ser o câmbio automático. Antes símbolo de luxo, hoje pode ser encontrado em modelos mais em conta, com excelente nível de tecnologia e confiabilidade.
Outra mudança que deve se instalar no Brasil - e era dela que realmente pretendia falar - são os veículos de sete lugares. Não se trata de mero gosto, mas em alguns casos de necessidade, considerando a obrigatoriedade do uso de equipamento de retenção infantil (a cadeirinha), que já deveria estar em vigor desde o último dia 9, mas que foi adiada para 1º de setembro. Seja como for, em breve, transportar crianças pequenas fora da cadeirinha, ou crianças maiores fora do assento elevatório, implicará em multas. E com ou sem multa, já é um risco. Para famílias maiores, os sete lugares podem ser cruciais. O problema é o custo. Veja aí alguns modelos importados:
O robusto crossover Dodge Journey, que eu teria fácil, se dispusesse de 99.900 reais (versão SXT) ou de 107.900 (versão RT), de acordo com os preços informados no site da Dodge do Brasil.



A elegante e sofisticada minivan C4 Grand Picasso, da Citroën, com preço superior a 91.000 reais.


E a anunciada minivan Mazda5, em breve disponível no mercado e, portanto, ainda sem preço definido.



No Brasil, temos alguns honrosos representantes nessa categoria.
Posso citar o Fiat Dobló, recentemente reestilizado para ficar menos feiosinho. Eis aí ao lado uma imagem da configuração plena, no modelo anterior, que segundo consta tornava crítica a visibilidade traseira do condutor.Versátil, ele tanto pode funcionar como um furgãozinho como pode ganhar os dois assentos adicionais e transportar mais pessoas. Neste caso, o preço no site começa em 51.990 reais, sendo portanto a opção mais em conta na indústria brasileira.
Outro representante clássico é o Chevrolet Zafira, que mesmo na versão de entrada disponibiliza a terceira fila de assentos, por um preço a partir de 63.614 reais.
Há menos de um ano, a Nissan, já consolidada no mercado de picapes graças à Frontier, decidiu abocanhar uma parcela do mercado de carros de passeio lançando a família de minivans Livina, que oferece a Grand Livina, a partir de 58.890 reais, segundo o site.
Presumo que cada vez mais modelos serão oferecidos com a configuração de sete lugares. Só espero que isso se faça acompanhar de uma redução nos preços, sem prejuízo da qualidade.
Sim, é interesse pessoal.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Livro versus filme



Há cerca de 2 meses li o livro A Estrada, do americano Cormac McCarthy (vencedor do prêmio Pullitzer de 2006), na semana que antecedia a estréia do filme nele baseado.
A minha expectativa era enorme, conforme registrado aqui no Flanar na postagem O longo caminho.
Como o filme não chegou a estrear aqui em Belém (numa cortesia do monopólio Moviecom) fiquei a não-ver navios (ainda aguardo pelo lançamento do DVD).
Mas não desisti do projeto.
O binômio livro/filme sempre me fascinou e eu tinha a necessidade de ler um bom livro e ver um filme nele inspirado, logo na seqüência.
Comprei o livro No Country for Old Men (traduzido para o Brasil como Onde os velhos não têm vez), do mesmo autor e o DVD Onde os fracos não têm vez, filme dos irmãos Coen (vencedor de 4 prêmios Oscar em 2008, inclusive o de melhor filme).
Há uma semana iniciei a leitura do romance e fiquei perplexo e boquiaberto pela maestria da narrativa de McCarthy. Talvez A Estrada seja melhor, mas este livro certamente induziu muitos leitores a profundas reflexões sobre os laços que moldam o nosso destino e sobre a guerra que a sociedade trava contra ela mesma.
Hoje vi o filme meio que desconfiado, tipo assim: “o filme não pode ser melhor que o livro”.
Bem, é um superfilme, de narrativa mais econômica, conforme o esperado e que consegue se manter longe de clichês comuns no gênero suspense de ação. A atuação de Javier Bardem como o assassino psicopata Anton Chigurh é marcante e o saldo final francamente positivo.
Cada um dos 39 reais e 90 centavos pagos pelo livro (Livraria Cultura) e dos 12 reais e 99 centavos pagos pelo DVD (Lojas Americanas) foram bem utilizados.
Placar final: livro 10 X 9 filme.

Olhos com que Olhas, Não São Os Que te Olho

Falei agora com uma amiga minha pelo skype. Doutora em Antropologia Linguística, de volta da Europa depois de um visiting fellowship numa universidade holandeza. Diz-me ela que em Belém, no Pará, os paraenses nas ruas comemoram a vitoria de 3 x 0 do Brasil sobre nossos hermanos chilenos. Foi um jogão contra uma seleção de corajosos, concordamos todos nós.
Invejo o discernimento de Belém. Aqui em Brasília, capital do Brasil e Distrito Federal, classificada como segunda maior renda per capta do país, nem buum de foguete ouvi nos três goals da seleção brasileira que nosso time fez nesta Copa de 2010. Gente estranha essa, meus vizinhos com seus BMWs, Mercedes, Land Rovers e Jaguares... nos seus apartamentos de 1 milhão de reais ou 4 milhões de dólares.
O que eles ignoram da fátua anestesia é que a partir da exceção um todo se constroi, porque o todo não se constitui senão pela dinâmica das partes aparentemente incongruentes, conjugadas da semeadura à colheita num ritmo doido que desafia o maestro, a banda e a audiência de maioria surda.
Daí a pergunta inescapável que é diferente daquela opositora e de viés ideológico, ainda que ambas sejam historicamente determinadas: Esses jovens concursados com qual cabeça e de qual caverna interpretam o mundo escroto, que por ser urbe tenebrosa lhes satisfaz com o a grife da hora, o nome do relógio, da roupa ou da marca de carro e lhes agravam como feitiço o senso e o salário para além da poupança?
O pensamento aqui estaria concluído, com ou sem resposta, não fosse emoldurado antes do termo pelo berro na sala ao lado, de sobrinho que anunciava a avó que amanhã "teria de qualquer jeito" a camisa do Nakamura. Desconcentrado pela exclamativa imponderável frente às circunstâncias etárias e financeiras do declarante, apenas restou-me à vista do inevitável o desconsolo de constatar que tal posse da camisa nakamuriana, símbolo dos exatos 15 minutos de glória do jogador japonês, estariam juntados outros tantos cobres obscuros destinados a um falsificador qualquer, atravessados por algum ambulante nas rotatórias das quadras ou em algum cubículo da Feira do Paraguai em Brasília, na Praça da República em Belém, na Cinelândia ou na Paulista, apesar de todos serem provenientes das economias de vozinhas incautas!
Barbaridade. A consciência é uma merda, quando inútil pelas circunstâncias. Escape-nos arqueólogos darem resposta a tais paraísos da serotonina, por escala animal presente antes da aventura cultural; porque do ponto de vista econômico a culpa dessas reflexões é por agora do Paul Krugman, keynesiano notável, que levou-me até ali e de lá vim para ter os ouvidos cheios das vozes de minha casa.

Um piscar de olhos sobre Praga

Roger Normando

Vi, pela janela do trem, no caminho para Berlim, num piscar de olhos, uma paisagem que jamais imaginaria existir por aquelas bandas: uma partida de futebol. Um dos times vestia amarelo e tinha uma faixa horizontal vermelha. O outro não deu para gravar. Tomei aquilo como um soco na minha massa cinzenta. Foi uma paisagem no pé de uma montanha que pensei existir somente na vida brasileira. Se disser aos meus amigos peladeiros que isso existe por aqui e que pode ser encontrada nas tardes de um domingo azul qualquer, digo: eles não acreditarão. Vários carros no pé da serra me fazem supor que também havia torcida sem arquibancada. Era minha visão, algo contorcida e fugaz...

Pronto...! Distorcida a imagem, agora confirmo: aquilo era uma “pelada”, sim.

Talvez o espanto tenha me tomado conta e me jogado no contra-pé de uma outra paisagem que parece começar a ficar como lembrança no quarto escuro da minha frágil memória: Praga. Que cidade! Que luz na minha memória. Que paisagem que o homem foi capaz de criar! Com essa fotografia anestesiante não se pode esperar que, passado trinta minutos da estação, seja vista uma partida de futebol. Por isso o nocaute na visão que criei sobre Praga. Estava eu sob a embriaguez que Praga nos destina.

A partir de agora, portanto, deixemos de lado a partida da estação e a partida de futebol e entremos na Capital Tcheca, fincada no centro da Europa e com uma história tão viva quanto a derme clara-quase-transparente de seus habitantes, descendentes em grande parte de Judeus ortodoxos. Se quiserem comprovar a presença semita, basta visitar o bairro com o próprio nome e comprovar, nas ruas e no cemitério judeu, o amontoado de lápides. Dá-nos uma sensação de que a terra está escassa até para os mortos, dada tamanha sangreira jorrada pelos canhões de Hitler.

Mas o lado funesto da história de Praga não se resume aos efeitos nocivos do século 20, o mais sangrento da história. A cidade já enterrou seus mortos e vive agora sob luz da própria luz. De noite a cidade mais parece um sonho. Todos os homens estão alegres e vestem-se junto com a cidade. Põe uma fantasia que não se tem como explorar cada história. É melhor que ela fique na imaginação de cada um e permaneça como o fósforo aceso de sua visita. As luzes cintilam fortes e contínuas. As únicas que piscam são os reflexos das lâmpadas sobre o Rio Vltava, que contorna a cidade num anatômico formato de joelho. Algumas roupas nas portas lembram velhos cavaleiros, mas hoje os seus cavalos foram transformados em calhambeques brilhantes motorizados flanando pelas estreitas ruas, em cuja placa lê-se a alcunha: PRAHA. Nas calçadas vende-se de tudo, com qualidade, ao peso das coroas do Rei Carlos. Não existe arte tosca, até mesmo porque Franz Kafka não permitiria, diante da metamorfose tão drástica que a humanidade insiste em caracterizar. O teatro Black light não é negro. Tem as cores das caminhadas de Praga pelo mundo revolucionário de drogas, sexo e rock’n roll. Os cantos não são cantos, são vielas de ruas onde tudo vai dar no centro da praça da cidade velha, onde se houve as badaladas e marionetes de 12 apóstolos a cada hora do dia e... da noite também. Amém.

Se Mozart por lá passou e nos apresentou a ópera Dom Giovani, por lá ficou uma história da música, jamais esquecida pelos mais afortunados e intelectuais, que não se cansam das filas quando se trata de uma boa liturgia da palavra e do belo sopro da voz humana.

Certamente, a semente que Carlos plantou na pedra de Praga floresceu em forma de tijolos, sabedoria e melodia, tal como a vizinha Viena, no rumo oeste.

Eu não sei se Praga vem de Deus, ou do reflexo dele diante do espelho do conhecimento, da beleza e da arte, sem a sombra do horrendo. Ou se veio do homem, pela junção de milhares de centelha de seu reflexo, e comportou-se como um Big-bang, ou melhor, foi um caso do acaso. Depois vieram as riquezas dos detalhes, daí foi quando percebemos que somos apenas um cisco no campo visual de Praga; uma letra tosca nas premências de Kafta; a nota atravessada na ópera de Mozart ou, por fim, quando somos o nada diante de tudo que está a brilhar nesta cidade que não dorme... e nem pisca.

...e afinal, todos estamos à mercê dos humores dos deuses


Raio rasga o céu da Acrópole, iluminando o templo do Partenon, em Atenas, Grécia.

Variações de humor


Domingo à tarde


Segunda de manhã

É de se pensar que as condições de luminosidade sofrem influência do calendário.
Ou vice-versa.
E os nossos níveis de serotonina de ambos.

domingo, 27 de junho de 2010

"Saliência" Time


Mal chegou as lojas o iPhone 4 e seu propalado recurso de videoconferência Face Time, já tem gente pensando "naquilo".
[Via ASF@Web --> Twitter]

Quem Pariu Mateus Que o Embale

Por um lado precisamos arcar com os planos de estímulos existentes... ao mesmo tempo em que eventos recentes destacam a importância de finanças públicas sustentáveis. Esse é um dos trechos do rascunho de documento em elaboração pelo G20, que propõe aos países o manjadíssimo choque neoliberal na economia, isto é, arrocho salarial, mais impostos, mais juros, diminuição de postos de trabalhos, precarização dos vínculos trabalhistas e financiamento diferenciado para a grande indústria.
A cara de pau dessa gringalhada vai mais longe ainda ao sugerir que a atual crise econômica internacional teve origem no setor público, quando sabe-se que o epicentro da crise foi o setor privado e o capital especulativo, que nos países ricos atua com enorme liberalidade, à rédea frouxa pelas mãos invisíveis do mercado em nome do laissez faire, laissez passer .
Está na hora de dizer a esses norte-americanos, ingleses, alemães e franceses aquilo que nós e os portugueses dizemos a quem tem conduta irresponsável e chama depois os outros para consertar os desastres que provoca de modo contumaz: Quem pariu mateus que o embale! Porque afinal estamos fartos de pagar a conta alheia em prejuízo do nosso desenvolvimento, porque depois de passada a crise chegaremos a conclusão de sempre: quem era rico, permanece rico e quem já era pobre, pagou a conta e ficou mais pobre.

sábado, 26 de junho de 2010

Mais um anoitecer

Em duas imagens feitas agora há pouco...

...o fim de tarde calorento no Umarizal, em Belém.

iPhone 4 vira pó


A Blendtec, fabricante de um superhiperpowerful liquidificador, fez de novo. Botou o iPhone 4 e sua reluzente carcaça em aço inoxidável para virar poeira negra. E no vídeo, ainda há uma bem humorada paródia do iPhonegate. Simplesmente, veja!

Bin Laden "Hunter"???


Gary Faulkner, se diz "caçador" de Osama Bin Laden. Afirma ainda ter chegado perto dele o suficiente para abatê-lo com um rifle, se tivesse um. E ao ser perguntado como conseguiu chegar tão perto de Bin Laden, mesmo quando todas as autoridades americanas, estimuladas com uma recompensa de 25 milhões de dólares, não o fizeram, ele simplesmente afirma:
- Você deixa o espírito de Deus conduzi-lo.
Leia a íntegra da matéria com Gary Faulkner, aqui na CNN.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Michael Jackson: o início e o fim


Getty Images; 1971

Ousando completar a postagem anterior, de Val-André Mutran, adiciono duas fotos de Michael Jackson separadas por 38 anos e por muitas cirurgias plásticas.
Alguém conhece uma pessoa que tenha passado por tamanha transformação facial?



Getty Images; 2009

Michael Jackson: o que valeu a pena?

Começa hoje, após o almoço -- mais ou menos -- ao mesmo tempo do resultado do jogo Brasil x Portugal, um ritual que deve se repetir por muitos e muitos anos: uma série jamais vista de homenagens ao "Rei do Pop": Michael Jackson.

Enquanto uns poucos comemoram de verdade a notícia de que ganharam a aposta do resultado do jogo da Copa do Mundo; seja qual for o resultado. A maioria conforma-se em resignar-se com a constatação do resultado dos fatos. Seja ele favorável ou não à suas expectativas.

Se a seleção do Brasil ganhar, o sonho continuará. Caso o resultado seja negativo, ainda temos uma chance para a próxima etapa, uma vez que já conseguimos por antecipação uma vaga nas oitavas da final do grandioso torneio.

É exatamente o que ocorre com o espólio de Mr. Michael Jackson.
Você duvida? Então vejamos.

Atolado em dívidas ocasionadas pelo seu, digamos, excêntrico "modo de vida". Algumas dessas pendências que se acumularam foram resultantes do alto preço que pagou "cash" em benefício de algumas de suas vítimas que o denunciaram pela sugestão ou prática de pedofilia. O "Rei do Pop" acusou o baque. A Justiça de seu país acatou as denúncias e exigiu reparação. Até hoje não se sabe ao certo quanto custou em dinheiro o suposto desvio moral do acusado que pagou para não ser preso.

Anos depois o "Rei" ou o artista que mais vendeu discos em toda a história da humanidade, resolveu que voltaria aos palcos.

Adiou em mais de seis meses o início do que seria, segundo os especialistas do show business, o melhor espetáculo jamais visto no início do século XXI.

Um milhão de pessoas interessaram-se pelo sugestivo show. A volta do grande fenômeno.

O negócio envolveu muito dinheiro. MJ completou meio século de vida em 2009. As dívidas batiam à sua porta.

Por sua exigência o show teria que "comover" a platéia. A concepção seria multimídia e o apelo, todo direcionado à preservação do Planeta, a partir de um viés humanista.
Após intermináveis reuniões, bateu-se o martelo: "O2". O elemento que representa o oxigênio na tabela dos componentes químicos essenciais à vida no Planeta.

A Turnê do Oxigênio: "O2", seria uma fábrica de dinheiro. Pode até ser. Menos, claro, para o principal protagonista.

Soube-se depois que MJ, resolveu parar de tomar seus "remedinhos". Talvez, alguns dizem, era tarde demais. Ocorre que o seu médico não mediu cientificamente essa decisão e acabou errando nas doses que estava acostumado a aplicar no paciente Vip.

Conclusão: seu organismo não reagiu em tempo hábil. O efeito da abstinência de comprimidos poderosos falou mais forte em seu frágil corpo. MJ era maguérrimo. Daí para seu médico particular acertar a dose certa foi fatal. Não acertou e acelerou a morte do ícone da música pop de toda uma geração. Eu incluso.

Medicina a parte. Tudo convergia para que MJ pudesse sonhar com uma bela aposentadoria.

Há dois fortes motivos para que essa desconfiança tenha algum sentido lógico.

Soube por uma fonte muito bem informada que mora em Londres que a coincidência da finalização da remasterização de toda a obra dos The Beatles, cujo os direitos foram comprados por MJ, era proposital para coincidir com o início da "O2".

Estima-se que apenas nessa operação, MJ quitaria com folga suas dívidas, alongando-as com os credores que topariam ser "sócios" beneficiários dos royalties dessa obra. Afinal, quem não quer por as mãos na Coleção dos Fab Four, completamente remasterizada?

Além do que, MJ embolsaria pelo menos US$ 300 milhões com a turnê, podendo multiplicá-la com a assinatura de direitos de imagem e entrevistas e comerciais e... Só o nosso bom Deus sabe o que mais.

Mas o destino apontou para outro caminho.

O selo Sony, assim que soube da morte de MJ, agiu rápido e assinou um contrato com os representantes de seu espólio pelo valor recorde de US$ 250 milhões. Os termos são basicamente a distribuição de tudo o que MJ tinha inédito em seu "Baú", até o ano de 2017.

Para os que não acertaram no Bolão do jogo de hoje, um alento:
Um dia ganha-se. Noutro, perde-se. O tamanho do prejuízo é quanto você está disposto a pagar.

- Só quem insiste em se portar como um canalha nesse processo é o pai de MJ, que sustenta uma ação judicial para se apropriar do espólio do filho que o acusou de abuso sexual; corroborando para revelar quem realmente é.

A mãe de MJ, desistiu do processo do ganhos comerciais do filho, porém, obteve da justiça, a guarda dos filhos biológicos e adotados do astro.

No final das contas, a mão de MJ, será a tutora dos netos.

A enfermeira que foi casada com o artista, já assinou um termo de desistência da ação judicial que movia contra MJ.

Que coisa, não é?!

-- Olha! Não sei se terei dinheiro para comprar The Beatles remasterizado.

Ocorre que, da mesma forma, como agora ocorreu, de me recusar a pagar R$ 200,00 numa camisa para enriquecer a Nyke; ainda mais ao saber que a camisa é confeccionada na China com o pagamento de salários aviltantes aos trabalhadores daquele país.

Resta-me, tão somente, uma lembrança?!

-- Não! Várias e algumas estão ao alcance de minha mão para entusiasmar o meu corpo a dançar... e cantar... e ser feliz aos 45 do primeiro tempo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Massao Ohno (1936-2010), um Editor Brasileiro

Esquecido pela mídia brasileira, faleceu no último dia 11 de junho na cidade de Sorocaba o editor Massao Ohno, aos 74 anos. O maior editor de poesia do país quis ser filósofo, mas os pais migrantes o obrigaram a formar-se em Odontologia. Nunca exerceu a profissão de dentista e quando pode abriu uma gráfica, onde iniciou publicando apostilhas de cursinhos.
Foi a paixão pela poesia quem lhe deu satisfação e notoriedade até os anos 80. Considerado espécie de tábua da salvação para poetas não editados, publicou autores inéditos ou quase, mas de valor literário logo confirmado. Sem ele alguns jovens poetas da nova poesia brasileira não seriam publicados, por conta do desinteresse das editoras em livros de poesia. Entre os poetas brasileiros que editou há nomes tão conhecidos quanto Hilda Hilst, Olga Savary, Roberto Piva, Jorge Mautner, Carlos Vogt e Max Martins. E outros menos conhecidos ou bissextos, como Marly de Oliveira e Vera Brant.
A edições de Massao Ohno também eram reconhecidas de longe pelo apuro gráfico, logo anunciado nas capas sempre elegantes e originais, assinadas por artistas como Tomie Othake, Ianelli, Ciro del Nero, Wesley Duke Lee e Augusto Rodrigues. Com igual energia, dedicou-se à divulgação de nomes da poesia oriental, retomando a presença do haiku em especial e dos tankas na língua portuguesa.
Apesar da importância do editor paulista para a história do livro brasileiro, não se conhece um catálogo completo da Massao Ohno Editora. Deixou quatro filhos, nenhum com interesse no mercado editorial.

Músicos, poetas, pintores, artistas, no geral e no particular, insurgi-vos! O mundo não é apenas um vasto circo de variedades, de consumo frenético. Viver é um ato prodigioso, uma dádiva a ser desfrutada, segundo a segundo, até a finitude. Á la Lispector: "Haverá um dia, em que haverá um mês, em que haverá uma semana, em que haverá um dia, em que haverá uma hora, em que haverá um minuto, em que haverá um segundo, e dentro do segundo haverá o não-tempo sagrado da morte transfigurada". Vida.


Noves fora, zero.
Reiniciaremos tudo novamente?

(Escritos de Massao Ohno ao artista plástico Tide Hellmeister, 1994. Cf. Acervo Massao Ohno )

O específico e o genérico

Desde que o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a aplicabilidade da Lei Complementar n. 135, de 4.6.2010 - a famosa "lei da ficha limpa" -, às eleições deste ano, a imprensa se assanhou para elencar os políticos que estão com a candidatura na reta. Alguns nomes têm sido apontados.
No Distrito Federal, parece que algum membro do Ministério Público Eleitoral teria dito ou dado a entender que, se Joaquim Roriz se candidatar, será alvo de uma impugnação baseada no fato de ter renunciado ao mandato de senador, em 2007. Os advogados do impoluto já concederam entrevistas à TV dizendo-se prontos a contra-atacar.
No Pará, os nomes que andam agitando a imprensa são Jader Barbalho e Paulo Rocha, anunciados candidatos ao Senado. O presidente da seccional paraense da OAB, Jarbas Vasconcelos, foi sondado a respeito e teve a prudência de não se pronunciar de forma específica. Quem também tem sido consultado é o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Des. João Maroja, que primeiro recebeu uma consulta genérica para, após alguns minutos, ouvir a indagação específica sobre Barbalho. O desembargador se limitou a comentar os termos genéricos da lei e a dizer que os casos específicos serão analisados no momento oportuno. O repórter, traquina, deixou de considerar que o desembargador não pode externar opinião sobre o assunto, ainda mais considerando que, em futuro próximo, ele pode ter que praticar ato em algum processo envolvendo a matéria.
No mais, a lei em apreço é a maior - senão a única - novidade nestas eleições, repletas de mais do mesmo: candidatos tétricos, inconfiáveis ou que já deixaram a sua marca vergonhosa. Ela, se é que vai ser cumprida mesmo (eu ainda aposto que o STF vai flexibilizá-la, se não a declarar inconstitucional), é a única força capaz de balançar esse sórdido tabuleiro de xadrez.

Droid X na cozinha


Vejam bem "isso" aí. Este é o novo Motorola Droid X, de acordo com imagem do Gizmodo BR. Vejamos suas especificações:
  • tela de 4,4 polegadas 854 x 480 pixels;
  • sistema operacional (Google) Android 2.1 (o Nexus One já usa o 2.2);
  • câmera de 8 megapyxels com flash LED duplo;
  • filmes em HD (720 p);
  • saída HDMI;
  • teclado multitoque;
  • processador ARMv7 de 1 GHz;
  • 8 gbytes de espaço de armazenamento;
Parece uma ótima máquina com o excelente Android, não? E até que é. Poderosa os suficiente para não engasgar na hora de gravar vídeos em HD. Mas ele o fez. Engasgou. E não esqueça. É um legítimo Motorola. Tem DNA de Motorola. Grande, enorme, botões mal planejados e dimensionados, e um inaceitável "calombo" na parte posterior. Imagine-se andando com uma "coisa" destas por aí. É o que prova que, fazer um telefone móvel, com ampla potencialidade de entretenimento, não é apenas estabelecer um bom design e divulgar especificações robustas. Há que se conhecer suas entranhas. Qual o chip de áudio, vídeo, bluetooth, WiFi, o fabricante das memórias, do processador. E não podemos esquecer do pequeno maestro que vai fazer tudo isso funcionar em boa e plena harmonia: o sistema operacional. É da escolha correta destes elementos que teremos um bom conjunto final. O ponto de equilíbrio. O "pulo do gato". Um resultado agradável para o usuário final. Neste ponto, a comparação do Droid X com a cozinha, uma boa receita, com escolha judiciosa dos ingredientes, assume uma outra dimensão. Uma dimensão nada interessante.
Lembram daqueles tijolaços da Motorola? Pois ele não se parece com eles. Mas levando em conta a tendência atual dos smartphones, ele está mais para outra coisa. Algo que ASF@Web definiu com bom humor no Twitter: "Vi o Droid X e tô achando que a Motorola lançou um ótimo substituto para o relógio de parede da minha cozinha".
Hehe.
Depois quando eu digo que a Apple continua fazendo as coisas no tamanho certo e na configuração adequada, reclamam. Mas há quem goste de "coisas" grandes assim. Eu, definitivamente, não. Sou muito mais o Nexus One, com menos "recursos".
[Via Gizmodo BR]

Leia também:

Visita de Santo

Meu S. João,
na noite do vosso dia,
com fogueiras brilhando de alegria,
com alegras cantando num rojão,
parai um pouco na melancolia
do meu portão!

Ponde aqui o cordeirinho!...
Sentai no banco a meu lado!...

Tanta estrela no céu, e eu tão sozinho!...
Na terra, tantos sons, e eu tão calado!...

Meu santo bom, por outra noite vossa,
igual a esta (que lembrá-la possa
durante a vida que viver eu vou!...),
mandei-vos, num balão, um sonho lindo
que foi subindo,
foi subindo,
foi subindo,
té que, muito no alto, se queimou...

Mal de muitos?... Eu sei...
Mas também sei
que nunca mais outro balão soltei.
Nunca mais, nunca mais...

.....................................

Que brisa fria!...

Lá vem o sol como balão dourado!
Levantai-vos, partis?!... Muito obrigado!
DEUS vos pague no céu, meu S. João,
esta parada na melancolia
do meu portão!...

Antonio Tavernard: Místicos e Bárbaros (1953)

Viva São João !!!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Piti, pitiá ou piripaque?


Imagem: enrichmentjournal

Através das décadas vários termos têm sido usados para designar um esgotamento mental latente ou instalado, um descontrole de emoções e atitudes, mas o mais sólido deles sem dúvida é colapso nervoso.
Esta expressão tem mais de 4 décadas de uso e quer dizer algo como “melancolia” ou “esgotamento emocional”.
Antes do colapso emplacar na linguagem médica e posteriormente na coloquial, o termo usado era Crack-up (desabamento, numa tradução informal).
E nos últimos anos os psiquiatras europeus vêm diagnosticando o substituto do colapso nervoso, a Síndrome de Burn-out (algo como combustão completa).
Se ter um crack-up nas décadas de 30 e 40 era sinônimo de ser doido e ter um colapso nervoso nas décadas de 50 e 60 talvez um pouco menos, a Síndrome de Burn-out pode significar algo de caráter vago, que permite ao usuário do termo controlar parcialmente o seu significado.
Aqui na capital paraense e no interior do estado os termos mais usados pela população ainda são piripaque, piti ou o clássico pitiá (diminuitivo de pitiatismo).
Ninguém precisa explicar o que tais termos significam pois todos já presenciamos tal fenômeno uma ou mais vezes na vida.
Quem trabalha em unidades médicas de urgência aqui no Pará já viu com certeza a sua modalidade mais grave, o pitiá crônico cruzado agudizado e infectado, que geralmente ocorre de madrugada.
Esse, nem as melhores vendedoras de ervas do Ver-o-Peso curam..

iPhone 3G e iPod Touch de segunda geração x iOS 4


Muito embora a Apple afirme que o iOS 4 é compatível com iPhones 3G/3GS e iPods Touch de segunda e terceira gerações, na prática, as coisas parecem ser diferentes.
Rumores na blogosfera especializada além de experiências relatadas no Twitter, não têm recomendado o upgrade para o iOS 4 no caso específico do iPhone 3G e iPod Touch de segunda geração. Lentidão tem sido a principal queixa. Além disso, já pensando na menor performance destes produtos, a Apple desabilitou alguns badulaques gráficos do iOS 4 neste cenário. Mesmo assim, há que se considerar que o iOS 4 está longe de ser apenas um retoque visual no sistema operacional. Ele traz também alguns importantes recursos que incrementam a segurança.

Turismo "geek" nos EUA


Imagem: CNN (via Google Street View)
Este é um tipo especial de turismo que eu gostaria de fazer. Isso após satisfazer todas as prioridades e metas que ainda pretendo atingir como viajante, enquanto di$po$ição e saúde me permitirem.
Mas os "geeks" descolados, já podem ir planejando e anotando estes 10 importantes destinos que a CNN elencou para quem desejar fazer o turismo tech. Há de tudo: desde o Infinite Loop 1, sede da Apple em Cupertino, até a despintada cervejaria Gourmet Haus Staudt.
Mas afinal de contas, o que uma cervejaria teria de importante no mundo tech? Quem sabe, sabe. Para quem não sabe, esta cervejaria localizada no número 2615 da Broadway Street, em Redwood City (Califórnia), vende uma ampla variedade de cervejas alemãs. E também, foi o local onde o mundo aparvalhado tomou conhecimento do primeiro protótipo do iPhone 4. Lembram do iPhonegate? Bingo!
[Via CNN]

iFixit desmonta o iPhone 4


Eles continuam fazendo isso feito crianças curiosas. Pois agora, desmontaram o iPhone 4. E não pensem que foi fácil. Para desmontar qualquer gadget da Apple, além de habilidades e conhecimentos especializados, é preciso ferramentas especiais, algumas de plástico, que não danificam o aparelho durante o processo.
Algumas observações puderam ser feitas durante a desmontagem, bem ressaltadas pela galera do MacMagazine:
  • a tampa traseira não mais informa a quantidade de memória do aparelho, o que deve gerar algum cuidado se um dia você resolver adquirir um iPhone 4 usado;
  • a bateria agora é mais fácil de remover;
  • a parte lógica do aparelho fica toda do lado direito (o aparelho deve esquentar mais deste lado.
Para acompanhar todo o processo da iFixit, clique aqui. Para quem tem este tipo de curiosidade, de saber "o que tem dentro", é uma boa diversão.
[Via Blog MacMagazine]

Leia também:

terça-feira, 22 de junho de 2010

Abstrações


Imagem: Carlos Barretto
Umarizal, agora à noite, com 4 segundos de exposição e "zoom out". A idéia é velha. E os resultados, são sempre surpreendentes.

Dunga em "Um Dia de Fúria"



A briga de Dunga com a imprensa e, em particular, com a Rede Globo, chegou ao Youtube, em uma versão ao estilo "A Queda".

Desta vez, o filme usado para a paródia é "Um Dia de Fúria". Michael Douglas encarna o técnico da Seleção.

O que fazer depois de baixar o iOS 4

Baixou o iOS 4 ontem? Muito bem! Você teve estômago para baixar os 378 mbytes de um longo download. Mas e agora? O que fazer? Temos algumas sugestões que já aplicamos nestas primeiras 24 h de uso do novo sistema operacional do iPhone. Vamos a elas:

1. Crie pastas e organize seus aplicativos. Esta é a funcionalidade mais interessante do iOS 4. Ela permite que você acabe de vez com aquela poluição visual provocada pelos inúmeros aplicativos em seu iPhone. E para fazer isso, é mesmo muito simples.

Aplicativos em pastas no iOS 4
Em primeiro lugar, mantenha o dedo em cima de um aplicativo que deseja organizar. Quando ele começar a balançar na tela, arraste-o para cima de um outro aplicativo de função correlata. Automaticamente o iOS 4 cria uma nova pasta e sugere um nome.

Ao clicar nas pastas, veja seu conteúdo.
Por exemplo, se você pegar o clássico joguinho Solitaire e colocar em cima do igualmente clássico Mahjong, o iOS 4 vai criar a pasta Jogos. Mas se você não gostar do nome sugerido, pode mudá-lo sempre que desejar. Bingo!

2. Escolha o papel de parede preferido.
Agora, o papel de parede nã mais fica apenas na tela inicial. Ele vai fazer parte de sua Home Screen. Portanto vá até CONFIGURAÇOES --> Papel de Parede e escolha a imagem que vai acompanhá-lo todos os momentos. Você pode fazer isso também a partir da FOTOTECA. Isso, com certeza você já sabe fazer.

3. Baixe logo o iBooks.

A Apple disponibilizou junto com a atualização de ontem, o novíssimo iBooks. Uma biblioteca virtual inteiramente gratuita, contendo e-books pagos e uma boa variedade de títulos inteiramente grátis.

Livros no iBooks.
Não é por falta de grana que você vai ficar com sua biblioteca vazia. Eu por exemplo já baixei Dubliners de James Joice. Mas existem opções de Adam Smith, Isaac Asimov, Shakespeare, Charles Darwin, Albert Einstein, Winston Churchill entre outras supresas. É bom dar uma boa olhada. Você não vai se decepcionar. Para baixar o iBooks direto da iTunes Store, basta clicar aqui.

4. Experimente a multitarefa.
O iPhone sempre teve uma certa capacidade multitarefa. Afinal, você sempre pode ouvir sua música preferida enquanto navegava na web ou via algumas imagens. Mas com o iOS 4, esta capacidade foi facilitada. Para testá-la, abra por exemplo seu aplicativo de Fotos. Deixe-o aberto e dê 2 cliques no Home Button. Eis que surge uma barra inferior com todos os aplicativos que você utilizou recentemente. É só clicar em um deles e pumba! Depois, e só dar 2 cliques novamente, e volte para as Fotos, no exato ponto em que você deixou. Bingo!

Isso é o básico. Mas quer aprender mais sobre o iOS 4. Então tem que ir aqui. Chegando lá, clique em BROWSE ALL FEATURES. Mas não esqueça que as funções FaceTime, HD Video Recording entre outras, só comprando o iPhone 4.
Bom proveito!

Fellowship of the Vuvuzelas



Era só o que faltava: a Sociedade do Anel, do Senhor dos Anéis, ganhou uma nova versão, bem ao gosto da Copa do Mundo: a Sociedade das Vuvuzelas.

Ah, a criatividade humana: boa tanto para o bem, quanto para o mal e, em grande parte das vezes, para as bobagens...

Construção civil em Belém: quem explica?

De 2003 a 2007, a indústria da construção civil na região Norte foi a que deteve a maior produtividade do setor em todo Brasil. No mesmo período, foi também a que apontou a segunda maior média salarial do país.

No entanto, à frente das estatísticas, não é o Pará quem aparece: Amapá e Amazonas, respectivamente, foram os Estados que mais contribuíram para o aumento dos percentuais estudados, segundo o IBGE.

O Estado do Pará, por sua vez, possui duas fábricas de cimento implantadas em seu território, ambas do grupo João Santos (Cimento Nassau): uma em Capanema e outra em Itaituba, esta de grande porte. Também há uma unidade de moagem e ensacamento de cimento da Votorantim em Barcarena, próximo a Belém. Finalmente, o grupo João Santos também já lançou as bases de uma outra unidade fabril, esta no sul do Pará, no município de Barcarena.

A tecnologia da construção civil, é bom que se diga ainda, evoluiu muitíssimo ao longo dos últimos dez anos. As obras de grandes empresas, hoje, são limpas, rápidas e mais seguras.

Também houve evidente alavancagem da indústria local pela associação com grandes empresas do sudeste brasileiro. Agre (junção das antigas construtoras paulistas Agra e Abyara), Inpar, Cyrela, invadiram o mercado paraoara após abrirem seu capital nas bolsas de valores.

Evidentemente, aliado a todos estes aspectos, o consumo elasteceu-se, abrindo a oportunidade para que mais pessoas tenham acesso à casa própria ou ao mercado de imóveis como investimento. Linhas de crédito de bancos estatais e privados facilitaram sobremaneira a nova realidade paraense, reflexo do momento econômico que o país vive.

O retrato da construção civil no Pará, portanto, deveria apontar para preços compatíveis com esta realidade. Há muita oferta, enorme concorrência, bom mercado consumidor e dinheiro farto para investimento e financiamento de aquisição. No entanto, a construção civil paraense continua vendendo seus imóveis à média de R$ 5.500,00 o metro quadrado construído. Em Belém, vendem-se apartamentos de 56 m2 (cinqüenta e seis metros quadrados) – o tamanho de uma sala de estar, em imóveis antigos – por cerca de R$ 328.000,00, isto é, mais ou menos R$ 5.800,00 o metro.

Alguém consegue explicar esta conta?

Cansaço

À maneira da classe alta carioca-paulistana que, anos idos, propôs o movimento "Cansei" para gritar contra a violência urbana das grandes cidades brasileiras, vou lançar o movimento "Cansei" aqui no Pará.

Cansei de Almir Gabriel, Jader Barbalho, Ana Júlia, Simão Jatene, Domingos Juvenil, Duciomar Costa, José Priante...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

La Bobera


Imagem: ICS

É sabido há mais de uma década que a doença de Alzheimer tem um comportamento diferente na América Latina no que diz respeito ao início dos primeiros sintomas: entre nós o início pode ser dar mais precocemente, entre 65 e setenta anos de idade (contra 70 a 80, na Europa).
Na Colômbia em particular, algumas famílias vivem a estranha situação de verem a moléstia poupar os pais e atingir vários filhos, iniciando dos 40 aos 50 anos. A região dos Andes, Antioquia, é a mais atingida, havendo relato de início do “esquecimento” em paciente de 32 anos. Lá a moléstia é conhecida como La Bobera.
Nos últimos 300 anos o isolamento e o casamento entre parentes parecem tem acelerado muito a disseminação do quadro demencial e tal fato é atribuído a mutação genética..
Até hoje os tratamentos para o mal de Alzheimer tem se mostrado ineficientes, talvez por serem administrados tarde demais.
Estima-se haver 530 milhões de pessoas atingidas em todo o mundo, número este que pode duplicar ou mesmo triplicar nos próximos 40 anos.
A comunidade científica recruta patrocinadores na indústria farmacêutica para desenvolver e efetuar exames de DNA, testes de memória e rastreamento por ressonância magnética do encéfalo, assim como para realizar um estudo duplo-cego com várias drogas na Colômbia.
Na aldeia colombiana de Angostura, o lar ancestral de muitas famílias acometidas, o trabalho dos cientistas esbarrará num obstáculo firme: a região é controlada pela guerrilha.
Teremos como escapar de La Bobera no futuro tratando-a preventivamente como o fazemos com outras doenças? Ou iniciando as medicações bem precocemente?
Quem viver, e lembrar, verá.

Primeira imagem do iOS 4


Após quase 4 horas de download (cerca de 378 mbytes), eis então a primeira captura de tela do iPhone com o recém liberado iOS 4. A primeira coisa que salta aos olhos, como não poderia deixar de ser, são as mudanças na interface gráfica. Em primeiro plano, os ícones agora aparecem com o wallpaper no fundo. Pode-se ver também o novo visual dos aplicativos mais importantes na parte inferior, em tudo semelhantes ao "dock" do Mac OS X. E por fim, o sistema agora está cheio de animações, na hora de abrir e fechar aplicativos.
Mas existem muitas outras mudanças. Algumas muito significativas e outras um pouco ocultas, mas não menos importantes. Ainda estamos descobrindo uma-a-uma. Afinal, são as primeiras horas com o novo SO.

A verdade sobre o codinome atribuído a Dilma Roussef

Os boatos e mentiras que correm a internet, algumas vezes convencem o leitor desavisado.
Uma delas, torpe, caluniosa e digno de revolta é a que atribui a pré-candidata do PT à Presidência da República Dilma Roussef.

A mentira plantada pelo jornalista Élio Gaspari, que foi condenado pela justiça paulista pela fraude grosseira, o leitor (a) poderá saber direitinho aqui.

Conheça o Music and Me

Acabo de liberar após a fase de testes a minha rede social sobre música e assuntos correlatos.
Conheça-a e participe ajudando a construí-la aqui.

Há, ainda, a possibilidade de você construir a sua própria rede social – todas as ferramentas estão disponibilizadas lá.

Escolha um tema de sua predileção e divulge-a para nós.

Os verdadeiros filhos de Marabá*

Roger Normando
Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"Gonçalves Dias (1823-1864), em: “Marabá”.

Foi na Marabá dos tempos de guerrilha, a primeira vez que entrei em cinema. Tinha uns seis anos de idade - por aí -, e fui pendurado no dedo indicador de meu pai. Na porta havia enorme um estacionamento de bicicletas, disso não esqueço. A película se chamava “um diamante e cinco balas” e nela um figurante especial: meu pai. Ainda ferve na memória tal lembrança, tal como “pira se esconde”. Ele fazia o papel de um fanfarrão e só vivia embriagado. Numa cena - que bem lembro - ele sacava seu “colt” da cintura e dava alguns tiros para o teto, acertando as lâmpadas acesas. O estampido reverbera até hoje nos meus tímpanos.

Daí para a realidade pouca coisa mudava na desvairada marabá dos tempos de ditadura. No reveillion, da porta de casa, papai dava tiros para o alto junto com vários amigos, para comemorar a virada. Entre eles, bem lembro de nomes como Vavá Mutran, Miguel Pernambuco e Paulo Noleto. Esta imagem batráquia insiste em impregnar minha memória. Reaviva, vez por outra, quando avisto por Belém carros com dizeres: FILHOS DE MARABÁ. São letras garrafais com o desenho de dois revólveres em direções opostas. Na essência, os decalques equivalem a uma tela de 50 polegadas dentro de um cubículo. Tamanho exato da insensatez do autor.

Seria, por falta de criatividade, cópia estéril da logomarca dos roqueiros do Guns N' Roses? Este tipo de apologia à violência, pertencente à minoria dos marabaenses, fritou meus nervos quando me deparei com uma camionete estacionada no Hospital Metropolitano, em Belém, com a tal esquisitice. Diga-se de passagem, aquele é um nosocômio voltado para cuidar de vítimas da violência, daí o paradoxo estupefaciente.

Disfarçadamente perguntei ao porteiro a quem pertencia o “possante”. “Doutor!”, respondeu sem delonga, “É de um jovem médico por nome de...”. Perguntei: com certeza é de um médico? Ele respondeu na bucha: “Sim, mas começou agora a trabalhar neste hospital”. Seja lá quem, era um trabalhador das trincheiras do trauma, como costumo dizer aos que se dedicam a recuperar as vítimas da violência. Além disso, a imagem perturbante transporta Marabá para um faroeste lendário.

A relação entre aqueles marabaenses que conheci no avant-première, crias do cineasta Líbero Luxardo, com os FILHOS de hoje, parece perpetuada como se fora fenômeno hereditário ou representasse ejaculação de masculinidade pela veia do punho armado, como fizera meu pai-ator naquela encenação.

Mas num caminho inverso encontrei “OS VERDADEIROS FILHOS DE MARABÁ”. Era certa manhã de sábado quando avistei a pequena estampa num carro logo a minha frente (Humaitá com Almirante) sem conter a mesma soberba dos FILHOS... Nele, as rosas substituíam as armas, como uma rima anti-rebeldia. Aliviado fiquei. Estava exposta a outra metade da missão do “Guns”.

O símbolo dos roqueiros faz-nos crer na possibilidade, ainda que onírica, da hibridização entre o passado e o presente num formato único e inteligente. Para isso precisam os FILHOS saber que a origem do nome não vem de “Mara-bala”. A alcunha nasceu, de fato, da poesia de Gonçalves Dias, na epígrafe, que inspirou o fundador e também maranhense Francisco Coelho. Ele afixou na porta de sua vendinha a palavra “Marabá” para relembrar seu cordão umbilical e enriquecer com a venda de cauchos. A partir daí a cidade nasce e prospera célere.

Dos cauchos às pepitas de Serra Pelada, Marabá mais vale do que tantos FILHOS pensam. Lembremos aos VERDADEIROS FILHOS que a visibilidade do belo não nasce de uma imagética pirateada, medieval e servil, mas de uma irrefutável história de desbravamento e poesia, a ser contada por filhos altivos de uma cidade muito próspera de se tornar a capital dos sonhos de Francisco Coelho.

* mais uma bem vinda colaboração de Roger Normando, que este poster recebe por e-mail e publica. Com nossos agradecimentos.