especial para o FlanarAlguém me socorra! O Bolero por um acaso fechou? Caso a resposta seja negativa, é só os incomodados freqüentadores da noite paraense dirigirem-se ao Bolero é curtir uma noitada. Lá não terá, suponho, jovens de 18 anos a incomodá-los nas boates da moda. Se o Bolero não servir é fácil: abram a sua própria boate e coloquem-se no lugar de empresário da noite e veja se o seu perfil dá para a coisa.
Há duas semanas fui a uma boate em Caldas Novas (GO) chamada Zuum, uma casa espetacular. Talvez eu e minha mulher fôssemos os mais velhos naquela noite.
Dançamos a noite toda. Tomamos vário drink´s. O nosso hotel era distante apenas uma quadra da Zuum e não precisamos do carro.
Não vimos nada que nos incomodasse. A música é outra, a dança mudou, mas os jovens estão pouco se lixando se dois “coroas” estão curtindo ao modo deles o mesmo espaço. Porém, a “cara de azar” dos que se julgam “donos” de casas noturnas e boates da moda é indisfarçavelmente feia apesar de seus rostos bonitos, roupas de grife e carrões último tipo.
Falaram da Boite da Assembléia (devem ter se referido à Pipoca de domingo, há muito extinta), Signo´s Club, Zeppelin e New York Disco Club como os templos do glamour em Belém. Concordo em parte com os entrevistados.
O que discordo, é a maneira deselegante e absolutamente desnecessária dessa forma antiga, arcaica e alimentadora do conflito social que, literalmente, todos os personagens da tosca e fútil reportagem referiram-se em relação ao som que então tocava e que agora, “não passa de lixo”, como alguns definiram. Senhores e senhoras, gosto não se discute. Se você, porventura se aperriar em algum lugar fuja correndo... Fica muito mais glamoroso do que dar de ombros e levantar o dedinho.
Há alguns pressupostos nesse caso. Ser ou não ser um mauricinho ou patricinha? Lamentavelmente os bem colocados em Belém copiam o que há de pior do eixo Rio-São Paulo nesse assunto e, desde tenra idade, vivem num mundo da turma da Xuxa – mais uma que tentou, tentou e como recompensa, saiu da mass média. É algo como o que os outros parecem que eles nem sabem ainda o que querem ser!!?
É muito provável e esse pequeno, no entanto, importantíssimo desvio de personalidade há de persegui-los vida afora.
Essa natureza de gente é associada a problemas. Serão adultos insatisfeitos, frios, incapazes de doar o seu tempo para a caridade, um trabalho voluntário, posto que seus valores fiquem restritos aos herdados dos pais que acham que o dinheiro compra tudo, inclusive o ambiente artificial de felicidade.
Lembro-me que quando era o DJ da boate La Cage, na Piedade, um lugar que fez história, era justamente a música alternativa que fazia o sucesso. Competia com vantagem tremenda sobre os Barry White e Donna Summer´s da vida, em mixagens que os P & M urravam e sabiam de cor.
No La Cage a proposta era a novidade da semana, a banda nacional mais legal, o grupo estrangeiro da hora.
Paralelamente a isso, despontava em Belém a Carajás FM e um programa jovem, pilotado pelo publicitário Castilho Jr. que fez a diferença e a cabeça de muita gente, mudou hábitos e tive o prazer de compartilhar a cabine do La Cage recebendo em visita um cara de e com visão. Hoje convertido num publicitário de sucesso.
O Brasil era outro, o rock nacional despontava como absoluto, bandas pós-punk como The Cure, The Smiths, Echo & The Bunnimen, Sioux & The Banshees eram até trilha sonora das novelas da globo e Belém insistia na “cocotagem”.
O esvaziamento da pipoca da Assembléia foi constante até o seu fechamento. Órfãos e órfãs estavam sem lugar para freqüentar. Papai e mamãe simplesmente proibiam a ida de seus rebentos ao La Cage. A justificativa era de que ali funcionava um “antro de drogas”.
E a droga que sempre rolou nas boates da moda já citadas era pó-de-arroz por um acaso?
O fato é que os pais devem dar uma liberdade vigiada aos seus filhos e não apenas dinheiro para justificar sua ausência. Essa, recorrente e que não tem dinheiro que pague.
O que estava em jogo não era a música, a droga, mas a capacidade de tal lugar dar publicidade aos seus freqüentadores. O que essa turma na verdade queria e ainda deve querer é aparecer.