quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Camelôs: opinião objetiva e direta
(...) São trabalhadores? São, sim senhor. São pais de família? São, sim senhor.
Mas, nós, também, somos trabalhadores e pais e mães de família. E temos tanto ou mais direito a esta cidade que esse punhado de camelôs.
É certo que o Pará e Belém padecem de gravíssimos problemas sociais: desemprego, baixa escolaridade, desqualificação da mão de obra; falta de saúde, de educação, de habitação, de lazer. Miséria, enfim, miséria...
Mas, daí a imaginar que é “socializando” o miserê – ou, pior ainda, emporcalhando o espaço em que vivemos – que isso vai ser resolvido, vai enorme distância...
(...)
Também Yúdice Randol, em seu Arbítrio, salienta um detalhe que nem muitos estão captando com o devido cuidado.
Vai ser de dar nojo a exploração política da desocupação da Avenida Presidente Vargas. O sedizente prefeito pretende se esconder atrás da Justiça Federal, para não sofrer o ônus da decisão de retirar os camelôs, mas chamará a si os louros se a via realmente ficar livre. (...)
Já terminou?
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Procedimento de descida
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Google comemora os 50 anos do Lego
O Google tem uma maneira toda especial de chamar a atenção das principais datas comemorativas dos EUA e do mundo. Para isso, altera por um dia sua logomarca. Cria então o que se chama de Doodle.
E tem até para o famosíssimo brinquedo de tijolinhos plásticos.
Para ver mais, visite a galeria de doodles do google.
Mosqueiro chuvoso: ótimo!
Um fim-de-semana quase inteirinho de chuva. No sábado, quando chegamos, ainda encontramos a ilha ensolarada e com vento forte.
Os açaizeiros estavam assolados pelo vento fortíssimo.
Que os deixava assim...
Mas à noite, o vento úmido e frio, avisava que a madrugada não seria fácil. Dava para vestir um moleton e ficar no terraço, tomando vinhos, comendo queijos e jogando conversa fora (conversa se joga fora??).
Ao final da sessão de "esquenta corpo", uma bela noite de sonho, embalada pelo ruído da chuva no telhado.
Pela manhã, um dia inteiramente cinza. A chuva se intercalava: ora forte, ora fraquinha. Mas sempre chovendo. Umidade e vento mantidas, mesmo ao meio dia.
Mas a florzinha azul, que só se abre pela manhã bem cedo, fechando-se novamente por volta de 11 horas, nos mostrou suas pétalas molhadas.
E ficou assim.
A roseira não se fez de rogada, e fez abrir um belo botão "novinho da silva". Peguei o guarda-chuva, e fui lá fotografar e conferir seu perfume característico.
E assim, ela se mostrou em toda sua juventude.
Meu quintal deve ter uns 70 metros de fundo. Lá temos 3 taperebazeiros muito antigos, que lá já estavam, mesmo antes da construção da casa. Temos também 2 jaqueiras, um ingá-cipó, um abiuzeiro, uma goiabeira, 2 mangueiras e muitas bananeiras.
Além disso, cuidamos de um belo par de pimenteiras.
E a pimenteira estava assim. Bem brasileira.
E assim é esta magnífica ilha. As flores e os frutos, parecem nem se incomodar com as estações.
E a chuva? Bem. Quem liga para ela?
OBS: Todas as imagens tem versões em 640 x 480. Para vê-las, clique com o botão direito do mouse sobre elas. No menu de contexto, clique em Abrir em nova aba.
Começou!
Começou?
Nada se perde, tudo se transforma
Motivo: estava sem telefone há mais de 24 h. Ladrões haviam roubado toda a linha telefônica que a servia, em busca do cobre.
domingo, 27 de janeiro de 2008
Quantos Eldorados?
Será que vai ter que nascer o clone do Magalhães Barata para dar um jeitinho nisso?
Pela sugestão à truculência com que o caudilho paraense resolvia conflitos sociais, Barros merece com fanfarra e foguetório o Troféu Umbigo de Vedete da semana. Mais por fora impossível.
poema 27
quando as serpentes paguem para ser serpentes
e o sol para ganhar seu pão recorra à greve -
quando o espinho olhe a rosa com suspeita
e o arco-íris faça seguro contra a neve
quando tordo nenhum puder cantar enquanto
todos os mochos não fizerem a censura
- e os mares tenham que fechar para balanço
se as ondas não tiverem posto a assinatura
quando o carvalho pedir vênia ao vidoeiro
para gerar seus fruto - o vale casse a vista
dos montes, porque são altos, e fevereiro
acuse março de ser terrorista
então acreditaremos nessa incrí
vel humanidade inanimal ( e só aí)
e. e. cummings - poemas (tradução de augusto de campos).
Francisco Alves, 1999.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Craques
Meu texto para a sessão vídeo-musical desta sexta-feira já estava pronto, com outra música e sob outro contexto. Mas quando deparei, no Youtube, com a pérola acima, apaguei tudo e mudei de planos. O vídeo é, simplesmente, memorável.
Bom final de semana para todos.
Aniversário da ignomínia
Dia 21 deste mês, completaram-se 3 anos da agressão covarde e sem chance de defesa que o jornalista Lúcio Flávio Pinto sofreu, impingida por Ronaldo Maiorana, em decorrência de um artigo que escreveu em seu Jornal Pessoal.
Sensação cada vez piora mais
O Repórter Diário de hoje, principal coluna da folha dos Barbalho, anuncia:
Oito homens armados assaltaram, ao meio-dia de ontem, o cartório de registro de imóveis Walter Costa, na travessa Rui Barbosa. Ameaçaram funcionários e clientes, levando relógios, celulares, jóias e dinheiro das pessoas presentes.
Neste mesmo perímetro, na esquina com a Avenida Gov. José Malcher, segunda-feira passada, ocorreu um assalto praticado por dois homens, em uma motocicleta, contra um cidadão que saiu de um banco às proximidades do cruzamento. A ação da vítima precipitou a reação dos bandidos, que atiraram no rapaz. Eu, que estava no restaurante Gera, a poucos metros da esquina onde tudo ocorreu, ouvi os tiros na rua e vi as pessoas correndo em desespero. Tudo aconteceu à luz do dia, em pleno horário de almoço.
No dia seguinte, um amigo esteve em meu escritório e relatou ter presenciado o mesmo golpe da saidinha, também praticado por uma dupla em motocicleta, na porta do banco Itaú da Doca de Souza Franco. Os ladrões abordaram uma senhora, que acabava de sair da agência com 10 mil reais, em espécie. Meu amigo, paralisado, assistiu tudo de dentro de seu carro.
Os pontos onde ocorreram estes assaltos - todos à luz do dia, à mão armada e no curto espaço de 4 dias úteis - situam-se em bairros nobres da capital paraense: Nazaré e Umarizal. É onde estão os metros quadrados mais caros da construção civil paraoara e, via de regra, os lugares mais policiados da capital.
Não custa lembrar que há dois anos, os restaurantes dos mesmos bairros foram alvo de seguidos assaltos, em que três ou quatro bandidos, misturados aos clientes, anunciavam o crime em sotto voce e aliviavam os presentes de seus pertences. A polícia, até onde me lembro, não conseguiu desbaratar a quadrilha, que atuava sempre com o mesmo modus operandi.
Assim, enquanto os ladrões operam, o cidadão comum passa a ser tomado de uma síndrome de pânico, ainda que não diagnosticada, crescentemente pressentida.
Recordo-me que há quase 15 anos, fui vítima de três bandidos que, com armas de grosso calibre nas mãos, tiraram-me de dentro do carro e levaram-no para (depois vim a saber) praticar outros crimes em outros locais. Usaram o veículo como meio de fuga. Como acionei rapidamente a Polícia Civil e tinha certo conhecimento dentro da corporação, meu carro foi rapidamente recuperado: na mesma noite em que me roubaram, os bandidos, ao passar pela Estrada Nova, em fuga após ter cometido um roubo em determinado posto de gasolina, foram interceptados por uma viatura da Polícia Militar. Já avisados, os policiais partiram em perseguição ao bando e, se não conseguiram prender os marginais, ao menos recuperaram o butim e meu automóvel.
Quando fui receber de volta o carro, encostou um dos militares e me pediu algum. Segundo me disse (o que não sei se era verdade ou somente meia-mentira), ele e seus colegas de farda teriam que pagar pelas balas que haviam disparado contra os meliantes.
O que sei de verdade é que passei longo tempo, meses talvez, em alerta absoluto e ininterrupto. A sensação, que decorria de algo muito real, porque vivido, era de que a qualquer momento eu seria novamente vítima do terror que é ter uma arma apontada para si.
Menos um esqueleto na cidade
O negócio, de mais de 22 milhões de reais, afasta a possibilidade do imóvel se tornar mais um esqueleto de concreto, dentre os muitos que afloram na cidade.
Do escritório do poster, que fica muito próximo à unidade da UNIMED onde transcorreu a reunião que decidiu pelo negócio, dava para ver o burburinho dos homens de branco.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
M U D A N Ç A . . .
Vamos fazer a despedida deste velho logo, que passa agora para história deste modesto espaço, saindo aí da coluna direita e eternizando-se neste post.
Não estranhem. A partir de hoje vamos começar a assistir algumas progressivas alterações no visual. Algumas súbitas e fugazes; outras mais permanentes. É o Flanar se preparando para ficar mais "clean" e menos poluído, mantendo apenas as propagandas de serviços que o divulgam gratuitamente aos 4 cantos do mundo.
Ao cabo e ao final, uma supresa. Aliás duas!
Mas vamos a elas no tempo certo. No tempo de seus autores, que de fato determinam o tempo no Flanar. Ao sabor de sua livre vontade.
Não é ótimo?
The flower power
Foto: Bernie Boston (1967)
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...
(Para dizer que não falei de flores (1968) - Geraldo Vandré)
Bernie Boston faleceu hoje aos 70 anos. É considerado um dos mais importantes fotógrafos do mundo. Soube captar como poucos a energia e os embates políticos nos anos da contra-cultura, nos fundamentadores anos 60. Percebam que, ao compor sua mais famosa música, que lhe garantiu a vitória no III Festival Internacional da Canção, Geraldo Vandré faz referência direta a célebre foto do fotógrafo norte-americano. Depois de estourar com o sucesso de Para dizer que não falei de flores, Vandré mergulhou na clandestinidade , pois a junta militar considerou a música uma convocatória à luta armada. O autor hoje é advogado, abandonou a carreira musical e não faz militância política de nenhum tipo, preferindo o anonimato.
O "Bem Morrer"
A jornalista e blogueira Cris Moreno sempre participou das discussões, deixando argumentos interessantes e pertinentes nas caixinhas de comentários.
Sobre o assunto, Cris resolveu fazer em seu próprio blog uma suíte (como se diz em seu jargão profissional), postando várias reportagens e entrevistas colhidas na internet. A primeira delas foi lançada ontem. Vale a pena conferir e acompanhar.
Santa Ceia Ministerial
Na primeira reunião ministerial do ano, ocorrida ontem, 23/01, Lula disse que se sentia na Santa Ceia. Obviamente, na imagem, era ele Jesus Cristo, mas só com a glória, sem a crucificação.
Mas, pensando bem, Lula pode ter sido irônico. Afinal, é de se perguntar: quem é o Judas Iscariotes da história?
Ironia do desatino
José Roberto assinou a petição do mandado de segurança, advogando em causa própria. Tentou fazer uso de uma prerrogativa que a profissão possibilita aos advogados.
Ironicamente, porém, sua pretensão durou 4 dias: ajuizado em 18/01 deste ano, o mandado foi julgado dia 22/01. A presidente do STF, ministra Ellen Gracie, extinguiu a ação por falta de capacidade postulatória. Traduzindo: a pessoa que assinava o mandado (o próprio José Roberto) não tinha aptidão para requerer em juízo, isto é, assinar petições, justamente porque não era advogado...
Fim da remuneração dos políticos: uma solução?
A proposta de debate foi encaminhada ao Conselho Federal da OAB:
A proposta de acabar com a remuneração para os políticos, apresentada em Rondônia pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Hélio Vieira, e remetida ao Conselho Federal da OAB, pode ser a chave para eliminar com a profusão de escândalos políticos que acontece cotidianamente no Brasil. A observação é do próprio Hélio Vieira a propósito da denúncia feita pela OAB do Acre relativa à farra promovida com o dinheiro público pela Assembléia Legislativa do Acre.
De acordo com Hélio Vieira, que manteve contato com o presidente da Seccional da OAB no Acre, advogado Florindo Poester, “enquanto a sociedade brasileira não parar para debater esse assunto, teremos de conviver com esses escândalos políticos que acontece em ritmo tão frenético que os mais recentes fazem a opinião pública esquecer dos últimos”. O representante da advocacia rondoniense está movimentando a categoria para ampliar esse debate e já recebeu sinalização positiva do Conselho Federal da instituição.
Ainda que pareça uma grande utopia, o debate é interessante e, obviamente, necessário. A íntegra do artigo, cujo excerto reproduzi acima, pode ser lida aqui, na página do Conselho Federal da Ordem.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Herbalife
Depois do lançamento do magérrimo (1,93 cm de espessura) Macbook Air pela Apple, veja a luta dos notebooks gordinhos em manter a forma.
Você tem atitude?
Língua afiada
Didático
Colhendo Frutos
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Flanando pelos roubos mais idiotas do mundo
Esta série e inacreditável. Todos os vídeos são autênticos e podem ser encontrados no 2Spare.
Este aí de cima é um clássico. Ainda não parei de rir.
A chatice da hora no correio eletrônico
O "serviço" se apresenta como um catálogo de endereços "inteligente" onde você "disponibiliza" seus contatos para terceiros e vice-versa. Possui uma homepage bem desenhada e diz respeitar políticas de privacidade e blá, blá, blá.
Em 12/24/2007 8:07:31 AM, FULANO lhe pediu para fazer parte do seu caderno de endereços Unyk para ter sempre acesso aos seus dados, e para que você tenha sempre acesso aos dados dele(a).
Para aceitar o pedido dele(a), clique aqui.
Unyk é um sistema inteligente e simples que lhe permite gerenciar seus contatos e nunca perdê-los de vista.
Agora você não precisa mais se preocupar com os dados dos seus contatos. Daqui pra frente, eles se encarregarão da gestão dos próprios dados deles em seu caderno de endereços. Quando os dados deles forem modificados no site Unyk.com, o seu caderno de endereços será atualizado automaticamente. Quando você modificar seus dados no site Unyk.com, o caderno de endereços deles no Unyk será atualizado automaticamente.
É realmente simples e é gratuito… UNYK já tem 6 milhões de usuários.
Caso você não queira mais receber convites de seus contatos para usar UNYK,clique aqui!
Contudo, pelo volume de mensagens que tem chegado até meus 3 endereços de correio eletrônico, já estou com uma "pulga atrás da orelha" desde a terceira tentativa. No presente momento, após a décima mensagem, já estou francamente aborrecido.
No mínimo, podemos dizer que o "serviço" mostra uma estratégia de marketing extremamente agressiva para triplicar seus "usuários". Quase no limite do indesejado, ou do "spam", para ser mais exato.
domingo, 20 de janeiro de 2008
Expert
Imprensa e Febre Amarela - 1
Imprensa e Febre Amarela - 2
Folha: Quando o sr. fala de "política com 'p' pequeno se refere à imprensa ou a outros tipos de pressão?
Temporão. Foi principalmente no caso de parte da mídia. Os jornais de São Paulo, a meu ver, vêm cobrindo de maneira responsável essa questão do que outras. Não quero generalizar, mas a imprensa paulista e carioca pautam muito a imprensa regional, e isso leva para o interior uma percepção da realidade que pode induzir as pessoas a um comportamento errático, inseguro, emocional. São seres humanos.
Folha. A responsabilidade é só da imprensa? A população não foi surpreendida pelos primeiros casos, que foram aumentando dia-a-dia?
Temporão. Quando você LÊ na manchete de um jornal " Mais um caso de febre amarela", quando é um caso suspeito, mais uma morte onde não havia morte, e sem dizer que é silvestre, o que você acha que o cidadão fará? Imediatamente levanta e vai se vacinar.
Folha. Ha duas pessoas internadas em Brasília por causa de revacinação. O que acontece?
Temporão. Essas pessoas internadas são, provavelmente, resultado desse clima de irresponsabilidade que se criou.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Por fora
Sedenta e desqualificada
Marginália ataca o centro da cidade
Elis
Há algumas semanas, venho postando às sextas-feiras clipes musicais. Este vídeo, porém, deixei de postar na sexta para apresentá-lo hoje, por um único motivo: neste 19 de março, completa-se mais um ano - o 26º - da morte de Elis Regina.
Não há muito mais o que falar de Elis. Já se disse tudo sobre sua força, seu carisma, seu caráter, sua personalidade marcante e até seus defeitos. Já se falou demasiado sobre sua técnica apurada, suas interpretações apaixonadas e seu domínio de palco.
Por isso, o que ainda pode ser dito sobre Elis são as experiências pessoais baseadas em sua figura. Tenho algumas na lembrança.
Lembro, por exemplo, que morávamos fora do país, meus pais e eu, e que minha mãe tinha uma fita (uma Basf cromo; quanto tempo faz!) com várias músicas de Elis: Travessia, Conversando no Bar, Mestre-Sala dos Mares. Minha referência do Brasil era ela; mal eu sabia que no Brasil, vivia-se um período de exceção, de sangrenta ditadura, e que aquela voz representava muito para quem estava no solo natal.
No ano em que voltamos, Elis morreu. Lembro-me da televisão mostrar, por todo um dia, multidões entrando no Teatro Bandeirantes, fazendo fila para ver o corpo daquela que já era então chamada a maior cantora do Brasil. Fila de gente chorando, sem conhecê-la. Eu não entendia como se podia chorar a morte de quem não se conhecia, e imaginava que todos aqueles que ali estavam eram parentes ou amigos de Elis. De certa forma, eram.
Nesta época, morávamos em Brasília. Meu pai tinha um amigo que era um piadista nato, daqueles que tiram graça de tudo e vivia rindo. Quando, numa festa em casa, ele contou que um dos momentos mais tristes da sua vida foi quando Elis morreu, lagrimou. Passei, então, a entender um pouco mais da fascinação que a cantora exercia sobre as pessoas.
Depois, tive um grande amigo de adolescência - daqueles que gostamos para o resto da vida, mas que a própria vida afasta da gente - que era alucinado pela cantora. Passei a ouvi-la muito: trocávamos discos, gravávamos fitas, copiávamos vídeos, enfim, colecionávamos muito do que existia sobre Elis. Passei a ser fã póstumo de carteirinha.
Tempos mais tarde, li Furacão Elis, a biografia definitiva feita pela jornalista Regina Echeverría. Não me lembro da qualidade do livro, que dizem ser mal escrito. Só os relatos da vida da cantora me interessavam e, disso me recordo, davam a dimensão exata da personalidade daquela que foi, já sem dúvidas, a maior cantora do Brasil. Bem escrito ou não, a história de Elis era fascinante por ser exatamente isto: sua vida.
Hoje, quando lembro de tantos momentos da minha própria vida que foram permeados por suas canções, vejo que ainda havia algo que eu não tinha feito: escrever sobre Elis. Este post, portanto, é mais uma lembrança que guardarei a seu respeito.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Sobre a lei do "bem morrer"
A jornalista bem à seu modo, atuou de forma magnânima, investida no mais legítimo propósito de esclarecer os anseios da sociedade, a quem deve a busca da verdade, para tanto, provocando de maneira competente o desejável contraponto.
Achei o debate interessante demais, para deixá-lo à própria sorte, abandonado na caixinha de comentários do post.
E trago à ribalta, para quem sabe, ampliar mais ainda a discussão. Minhas respostas, estão lá na caixinha de comentários do post.
Agradecemos a Cris, pela oportunidade única que nos deu em esclarecer este difícil e delicado tema.
Caramba, Flanar, este assunto que você levanta é muito polêmico. Quando um paciente entra em um hospital, é de inteira responsabilidade deste, aquela pessoa. Isso é muito sério. Olhe, as pessoas não conseguem ver por este lado. Médicos, enfermeiras, administração, todos estão trabalhando para manter a vida daquele ser humano. Pelo menos tentando. Conheço situações e que infelizmente não posso detalhar, em que o hospital e seu corpo profissional está mais para proteger a vida de alguns pacientes da própria família. Caso contrário...o hospital pagará a conta!
Agora já viu, com essa autonomia médica, o que dá a entender que você é favorável, falando em Brasil, não teríamos problemas ?
O show de Tarsila do Amaral
Abapuru no Malba, Buenos Aires (Foto: Wikipedia)
Sol Poente (1929) de Tarsila do Amaral (Foto: UOL)
Estivesse eu em São Paulo, com a mais absoluta certeza, estaria programando ansiosamente minha ida até a Pinacoteca do Estado na Praça da Luz.
Lá eu revisitaria as obras de minha pintora modernista preferida, a inesquecível Tarsila do Amaral (1886-1973).
Para quem não sabe, Tarsila tem um sítio pessoal, que pode ser acessado clicando aqui.
Depois de ter visto pessoalmente o "Abapuru" no Museu de Arte Latino Americana em Buenos Aires (MALBA), perseguir os quadros da artista, virou uma obssessão.
Allende, memória latina
Hoje cerca de 40% dos chilenos se identifica com a figura do ex-presidente socialista Salvador Allende entre as principais figuras políticas do século XX, segundo uma pesquisa realizada pelo jornal estatal La Nación-Eknos. A filha do ex-presidente, a deputada Isabel Allende, declarou à ANSA sentir-se "profundamente emocionada, orgulhosa" ao mesmo tempo que considerou "uma espécie de reivindicação histórica" o resultado da pesquisa.
O ex-ditador Augusto Pinochet, que liderou o golpe que destituiu e matou Allende, apareceu contraditoriamente em segundo lugar, com 18,3%. Em terceiro lugar, com 17,8% das preferências, está o ex-presidente democrata-cristão Eduardo Frei Montalva (1964-1970), que foi antecessor de Allende. Mais abaixo figuram os ex-presidentes Jorge Alessandir (1958-1964) e Pedro Aguirre Cerda (1936-1939).
A alta adesão a Allende coincide com o centenário do seu nascimento (26 de julho de 1908), cujas comemorações começam em 10 de janeiro com a inauguração em Santiago de uma exposição fotográfica no Museu da Solidariedade que leva seu nome.
No link abaixo, veja um belo e atual documentário sobre a vida e a morte de Salvador Allende, militante socialista e exemplo de homem público comprometido com seu povo.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Advogados
Que se bacharelou mais um calouro ;
Já de advogados está cheio o Foro
E a porta dos xadrezes da Polícia.
Vivem menos das leis que da malícia,
Quanto a honorários são um sorvedouro;
E ai ! se o cliente lhes ceder o couro
Acabe na indigência vitalícia.
Julgam-se se logo Lessas, Evaristos !
Gabam-se à falta de intrujões que os gabem !
Tempos de audácia ! Tempos de anti-Cristos !
E embora, como nós, também acabem
Sofrendo arbítrios nunca outrora vistos,
Nem defender-se em causa própria sabem.
in "Reportagens Cariocas em verso" - 1959
Menos bacharéis
O acúmulo no país de bacharéis em direito, muitos com inúmeras deficiências em sua formação, é preocupação nacional desde Ruy Barbosa, há cem anos. A OAB, há algum tempo, tenta melhorar seu quadro de inscritos, instituindo o exame da Ordem, cuja aprovação é requisito para a militância, e o selo "OAB recomenda", para cursos de Direito aprovados em critérios de excelência. Estas saudáveis iniciativas, porém, esbarram no questionamento judicial daqueles que se julgam prejudicados por sua própria inaptidão.
Também os órgãos que promovem concursos públicos exclusivos para bacharéis em Direito têm exigido o prazo mínimo de três anos de atividades jurídicas aos candidatos interessados nas vagas disponíveis, fundamentados em alterações promovidas na Constituição Federal.
A qualidade de ensino superior no país é discussão velha. Mais recente é o debate a respeito da adequação dos novos cursos e vagas nas universidades, centros universitários e faculdades privadas do país às necessidades do mercado e da Administração Pública. Grandes empresas e órgãos públicos estão criando suas instituições corporativas, focadas em seus objetivos e premências. É uma solução encontrada para superar a escassez, por exemplo, de engenheiros e administradores públicos nas academias.
Em ambas as situações, é preciso reconhecer que a formação dos chamados operadores do Direito (advogados públicos e privados, promotores, juízes, dentre outros) anda muito mal das pernas. Como atividade essencial à administração da Justiça, assim definidas pela Constituição, estas carreiras merecem um capitis diminutio em suas escolas de formação, visando aumentar a qualidade dos quadros que as suprem.
Lei do "Bem Morrer"
Apenas para percebermos como outras sociedades, que inclusive possuem uma esmagadora maioria católica, estão avançando no tema.
Lei garante aos doentes terminais rejeitar a vida prolongada para tratamento. Conheça a opinião da AMIB em relação ao tema.
O Distrito Federal mexicano passa a ter a partir de 9 de janeiro, a lei do ‘bem morrer\', que regula o direito dos doentes terminais de rejeitar ter sua vida prolongada por tratamento médico. A lei foi publicada na última terça-feira, 8, na \'Gazeta Oficial do Distrito Federal\' sendo que o governo possui 90 dias para elaborar os regulamentos da lei. A medida é válida para os 28 hospitais estaduais da metrópole e não nos federais.
(Fonte: Saúde Business WEB)
Sob a ótica da AMIB – "No Brasil, ainda não é estabelecido o direito do médico de interromper um tratamento. Não existe lei que o proteja. Em conjunto, a AMIB e o Conselho Federal de Medicina(CFM) lutam para que os pacientes terminais tenham o direito a uma morte digna. No caso da medicina intensiva que não seja prolongado o morrer por métodos artificiais em pacientes terminais na UTI", afirma Dr. Rachel Moritz, Presidente do Comitê Científico de Terminalidade.
Já, a psicóloga Raquel Pusch, Presidente do Departamento de Psicologia,destaca que a morte não é um tema neutro."Não temos leis que protejam os profissionais, mesmo assim precisamos proteger os pacientes,fazendo algo que a dignidade da vida prevaleça num local onde a tecnologia predomina. Não se tem definido um limite de atuação da autonomia médica. Não existe uma legislação que dê o norte".
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Mais que juros: desenvolver é o desafio
eram democracia, humanismo e terror.
Já no Brasil eram a injustiça social, o atraso
e a presença do imperialismo.
Quando entrei para o BNDE, aluna de economia ainda,
deparei-me com as estatísticas:
esse país é uma desigualdade só.
Compreendi então (1958) as dificuldades das tentativas
de construção de uma "democracia nos trópicos".
Jobs: polêmico, como sempre
Macbook Air saindo do envelope no keynote de Steve Jobs na Macworld.
Destaques na imprensa internacional sobre o keynote de Steve Jobs ontem na Macworld em San Francisco.
Neste artigo especial de John Markoff - editor de tecnologia do The New York Times - intitulado The Passion of Steve Jobs, Markoff salienta algumas características bem específicas do CEO da Apple.
Perguntado sobre a iniciativa da Amazon com seu Kindle (leitor digital wireless), veja o que ele respondeu, sem tradução:
It doesn’t matter how good or bad the product is, the fact is that people don’t read anymore. Forty percent of the people in the U.S. read one book or less last year. The whole conception is flawed at the top because people don’t read anymore.
Já sobre o Macbook Air, John Markoff elenca algumas das limitações do lançamento da Apple frente a outros concorrentes, entre as quais a baixa capacidade de armazenamento (80 gbytes) e o fato da bateria não ser removível. Neste sentido, bem, leia o texto original.
The computer uses a 1.8-inch disk drive, on which no more than 80 gigabytes of data can be stored. Memory is limited to a standard two gigabytes of RAM and its processor is slower than those of Apple’s other laptops. The design team jettisoned an optical disk storage device for playing DVDs. Mr. Jobs demonstrated a feature called Remote Disk that will make it possible to play the contents of a DVD via a wireless network from another Macintosh or Windows PC. Also, the MacBook Air’s battery is not removable.
Responding to a question about the growing array of media, including digital photographs, movies and music, that now swell most users’ hard drives, Mr. Jobs said, “Maybe this isn’t the computer for you.”
Mais a frente, respondendo a uma entrevista à CNBC sobre o mesmo questionamento, Steve "entrega o serviço".We decided a few years ago to build the world standest notebook. (...) We built a hundred models. (...) So, the first step was holding a model at our hands.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Lançado hoje o Macbook Air
O que antes não parecia passar de especulação, acabou por se confirmar. Steve Jobs, CEO da Apple, lançou agora na MacWorld em San Francisco (EUA), aquilo que chamou de "notebook mais fino do mundo".
De fato, o Macbook Air tem apenas 1,93 cm de espessura, pesando apenas 1,36 kg, com tela de 13,3 polegadas.
Vem com processador Core 2 Duo de 1,6 Ghz (feito especificamente para o produto), 2 gigabytes de RAM e 80 gigabytes de disco rígido convencional. Mas o usuário pode optar por um drive de estado sólido (sem partes móveis), ganhando em velocidade de acesso e economia de energia, embora perdendo em capacidade de armazenamento (apenas 64 gigabytes).
Promete até 5 horas de produtividade wireless com baterias inovadoras.
Jobs e seu Macbook Air na Macworld (Foto: Robert Galbraith/Reuters)
Mas decepciona em parte de suas configurações. Apenas 1 (uma) mísera porta USB, uma de áudio e uma micro DVI (para conectar um monitor externo ou datashow). E não possui leitor de DVD.
Contudo, apresenta também ao mundo uma inovadora tecnologia para seu trackpad, que através de gestos com os dedos, amplia rotaciona ou reduz imagens, faz zoom nos textos entre outras funcionalidades gestuais, obviamente baseadas no iPhone e iPod Touch.
O preço sugerido para o mimo é de 1800 dólares nos EUA.
Leia mais no G1 Tecnologia.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Minuto de silêncio
Mas, decisão de governo, preferiram ignorá-lo e fazer do Estação das Docas uma das marcas da administração tucana, coincidentemente no mesmo valor de investimento do projeto de saúde ignorado, de forma a anular o governo petista de Belém no cenário político do Estado e na cidade. Foi assim que um projeto de subsistema marajoara de saúde, que se extendia até Chaves, praticamente morreu por falta de alteridade, envenenado pela arrogância, na indigência de recursos.
Isto me faz lembrar de um caso. Princípio de plantão, eu, acadêmico de Clínica Médica, vi entrar na urgência de um hospital privado um pai desesperado com um bêbe lívido e em parada cárdio-respiratória, afogado. De um ano de idade a criança engatinhou e, por descuido da irmã mais velha, seis anos se tanto, caíra da estiva, um tipo precário de ponte entre as palafitas, na lama.
Assim conheci como os pobres morrem no Pará, tantas vezes a vida me ensinou adiante. A razão sabemos qual é: a ganância dos que não pensam nos vivos; os anônfalos e vivaldinos.
Pegando o bonde da história
Veríssimo na Caros Amigos
Você é muitas vezes apontado como esquerdista. O que acha de Cuba, Venezuela, Bolívia e Esquador? Como você qualificaria o estado atual da esquerda no Brasil em geral e o governo Lula em particular?
No Brasil temos o mau hábito de exigir opiniões absolutas sobre tudo. Talvez porque as opiniões relativas pareçam vir de cima do muro. Mas você pode achar certas coisas em Cuba admiráveis, como a independência que conseguem manter ali embaixo do focinho dos Estados Unidos e o que, apesar de tudo, conquistaram em matéria de saúde pública e educação, e achar outras lamentáveis, como a falta de pluralidade política e a presidência vitalícia de Fidel. Entende-se que a direita brasileira seja obcecada por Cuba, e, agora, pelo Chávez, mas não é preciso imitar sua radicalidade, a favor ou contra. A mesma coisa vale para os Estados Unidos, que são admiráveis e execráveis, dependendo do que você está falando. O governo Lula, a mesma coisa, só que nesse caso a gente tende ser mais a favor do que contra para não engrossar o coro dos reacionários, que já é suficientemente grosso. Esse tal de novo populismo na América do Sul é importante menos pelo que é do que pela sua origem, o fracasso de políticas neoliberais recentes em cima de todos os anos de descaso social das elites do continente, que agora tem que enfrentar os Chaves e os Morales e outros monstros que criou. O novo populismo, ou como quer se chame isso, também tem seu lado animador e seu lado discutível, além de seu lado precário. Já a esquerda brasileira continua como sempre foi, dividida.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Casa de ferreiro, espeto de pau
Que credibilidade tem um dentista banguela? Ou dermatologista cheio de problemas de pele? Ou, ainda, um jornalista que escreva tão mal que ninguém entenda seu texto?
Pois é: mas dois diretores do DETRAN do Distrito Federal foram flagrados com 24 e 37 pontos na carteira de habilitação, respectivamente. E continuam a dirigir livremente em Brasília.
Poema da necessidade
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.
O esculhambador geral
com livre licença para esculhambar o Brasil.
Como explicar a psicologia daqueles escritores que permanentemente assumem a postura do tipo há governo, sou contra? Penso assim ao ler no jornal de hoje um artigo que insiste em criticar a posição do governo Lula frente à epidemia "Itararé" de Febre Amarela, aquela que , apesar das mãozinhas ansiosas da oposição, agora até por cadáveres, não aconteceu.
Fico imaginando o jornalista, grave, sentando-se para escrever aquelas mal traçadas linhas, áridas de fontes, sentindo cada círculo de indignação chegar-lhe em fogachos a epiderme, num feedback de raiva controlada ao ritmo do dedilhamento do teclado.
Vez por outra faz pausa, suspira, faz um polimento ali e adiante, acende um cigarro, bafora e segue na esculhambação que apazigua o tique de mal dizer governos. É um trabalhador como outros, sua a camisa, assalaria-se, mas nunca teme pelo emprego. Aliás nem sequer se desenvolve nele a idéia do porque nunca ficou desempregado, de permanecer sempre em cartaz. Absoluto ele é convicto de que sempre está, esteve e estará certo, e ainda que algum engano cometa dirá que a culpa está em alguma estatística do governo de incompetentes que ele vem denunciando desde sempre.
Outra história é quando a matéria é publicada. Depois da delivrance não a lê mais, pois é trabalho vencido, o bom fel que impregnará pensamentos e línguas alheias por algum tempo e imobilizará como uma borboleta alfinetada o governo à mira. Qual um bom vinho, dá-lhe prazer indescritível as defesas de ministros, deputados, senadores e altos executivos de empresas estatais, abaratinados com às balas de estalo que lhes atira em metralha giratória, que, fosse esporte, garantiria colocá-lo em qualquer pódio de Olimpíada.
Mas enganam-se aqueles que avaliam esses atos como diletantes. Nosso antiherói é de responsa. Incansável, mal despacha por correio eletrônico o petardo em letras, sem esperar o nascer do Sol põe-se de focinho em pé a farejar a próxima crise, que o torne redivivo na crítica aos governos, sejam de gente, de abelhas ou de cupins.
Ocorre a mim que tal comportamento pode representar uma lição midiática, ou um esforço descomunal para superar algum trauma freudiano de aceitação. Afinal, dando pau em qualquer governo que apareça, o esculhambador geral terá ao menos a simpatia do esculhambado de ontem, quem de robe des chambre e pijama, de cuecas ou nú foi apeado do governo. O esculhambador geral é antes de tudo um sádico, um solitário que aprecia cada gota de sangue com que redige terremotos, dilúvios e apocalipses.
Do vinil para o Ipod num toque de mágica
Isso tem nome. Chama-se LP Dock da Ion Audio e custa 300 dólares nos EUA. Foi uma das sensações da Feira CES 2008 em Las Vegas. Com este equipamento, você pluga seu iPod, põe seu vinil preferido e passa o conteúdo direto para o mp3 player da Apple.
Por falar nisso, alguém tem um tocador de vinil para vender?
Compro um sem pestanejar. De preferência, aqueles profissionais, com conexões do tipo RCA.
Mas atenção: compro apenas o "prato". Não me venha com sua "radiola Philips" que eu tô fora. Se alguém puder dar uma indicação de onde ainda se pode adquirir estes pratos, pode ir comentando. Absorvemos o produto de segunda, desde que em perfeito funcionamento.
Estou com uma centena de vinis aqui, há muito esperando uma solução tecnológica para voltar a ouvi-los.
sábado, 12 de janeiro de 2008
O de sempre
Mas essa é uma outra história, que me ocorreu em razão do que leio na versão eletrônica do Diário do Pará. Na matéria, entitulada Governo reage contra ameaças de quadrilha, ficamos sabendo que Sandra Leite é alvo de constantes ameaças, que o Sr. Charles Alcântara, chefe da Casa Civil do Governo do Pará, opina como relacionadas ao extinto governo do PSDB.
Opiniões de autoridades à parte, fato inquestionável é que Sandra Leite está enfrentando algum tipo de ameaça a sua integridade física. Em princípios de outubro, à ocasião de cerimônia familiar, fiquei surpreso de vê-la chegar acompanhada de segurança. Indaguei-lhe então sobre o que estava ocorrendo, e ela, com aquele tom e sorriso próprios, apenas me disse: o de sempre, mano, aquelas coisas que eu sempre incomodo.
Belém do bota abaixo
Belém completa 392 anos, tempo igual do início da conquista da Amazônia. De fortificação a vila acanhada, depois promovida a entreposto comercial e finalmente a metrópole afrancesada no ciclo econômico da borracha, nesses tempos desalinhavados, a cidade transitória foi se modificando, seguiu a lógica da expansão econômica e dos sonhos culturais de uma elite com a cabeça no modelo urbano europeu, que disciplinava o solo com base em modelos para a garantia do lazer, a salubridade e de responder aos desafios sociais do capitalismo em plena revolução industrial. Pretendíamos garantir o previsto por Jules Verne... l' avenir, como registrou Coudreau em um de seus livros clássicos sobre a região amazônica.
Claro, nos trópicos, como em Paris e Rio de Janeiro, os pobres e seus direitos não importavam, aliás os últimos sequer existiam. O Brasil precisa se modernizar... diziam as autoridades, inspirados numa ética pública referenciada aos próprios umbigos e ... às oportunidades de negócios e negociatas.
Fomos os primeiros em termos de urbanismo. É famosa a frase de Pereira Passos a Antonio Lemos: principio aqui, no Rio de Janeiro, o que V. Excia já faz em Belém. Bota abaixo! a história registrou. E expulsos das áreas centrais da cidade o povo, tocado como boi, foi morar em favelas e baixadas, nos morros do então Distrito Federal, ou nos covões da Santa Maria de Belém do Grão Pará para vantagem dos endinheirados em seus palacetes, firmas e escritórios construídos na região nobre da cidade. Quase igual a hoje, igualzinho às rapinas que vereadores fazem oportunamente no atual código que disciplina a ocupação de Belém em nome de interesses imobiliários inimigos da história e do bem estar da cidade.
Assim chegamos aonde estamos, esquálidos de cidadania, parasitados pela malta política a que desinteressa uma Belém urbanamente saudável e comunitária e que represente para o Pará a sua jóia de capital, enquanto fator integrador de um Estado e símbolo histórico de uma região. Um Estado é rico não quando o governador ou outra autoridade afirma, mas principalmente quando o povo que nele habita assim o considera, e como cidadão assim se reconhce: Bomba de Hidrogênio, luxo para todos, como nos disse Caetano Veloso. O que obriga reconhecer que falta um projeto que a nós integre e eleve-nos ao primeiro plano do atual cenário da história brasileira, pois razão, sensibilidade e riqueza próprias as temos.
Então quem nos redimirá de nós mesmos - eleitores de Sodrés... Bentes... Baratas... Passarinhos... Nunes.... Barbalhos... Almires.... de seus clones dourados de pirita ... de quem destroi o legado de seriedade e luta das esquerdas paraenses -, senão nós, que usufruímos desta terrível tragédia periférica ?
Certamente alguém tem prestado a atenção em como nos avaliam na federação , mais ainda desigual quando, ao modo dos imbecis, conduzimos nossos negócios de governo para registro de escândalo no noticiário nacional e internacional. Por isso, quem sabe, a lanterna de Diógenes, no limite, faça-nos encontrar o caminho e nele quem de fato faça História maúscula - não essa comezinha de picotes partidários e narcísicos, mas aquela que dê transcedência a uma civilização paraense moralmente aceitável.
Pois ao contrário do que ensina a Lei de Lavoisier, a História nos permite a tudo criar, a tudo transformar; sobretudo quando a alma pública - povo e lideranças do executivo, legislativo, judiciário e comunitárias -, não forem envergadas e pequenas, não forem anões subscritores de um projeto que, em não respondendo aos desafios do presente, reserva um futuro egoísta e medíocre a todos nós.
A foto é do álbum Vistas do Pará, editado em Manaus, pelo notável fotógrafo George Huebner, em 1909. Nesse momento, estamos distantes do registro fotográfico praticamente 100 anos. A vista imortalizada não mais existe. Dela resta apenas a obra máxima de Landi no Pará, a Igreja de Santanna.
Belém, 392 anos depois
A Santa Maria de Belém chegava-se pelo rio. De onde quer que se viesse chegava-se pelo rio. Mesmo quando a invenção de voar chegou por lá, no rio ainda é que águias e condores pousavam, no rio. O rio era um rio sem convulsões, dava baques fracos na amurada do cais, na Escadinha, no Galpão Mosqueiro-e-Soure, no Porto do Sal, na Estação Hidroviária da Panair. Os 'bacuraus' da Panair deslizavam na pele do rio. E quando de noite se ouvia o distante ronquinho, falavam: "É o 'bacurau' que vem chegando." Se havia luar, os de sono escasso seguiam o risco de luz sobre a Cidade Velha, sobre a Caixa d'Água, sobre a Port of Pará, antes de inclinar-se para descer. Ninguém se espantava imaginando que fosse cometa ou assombração. "É a Pana-ir!" De começo era Pana-ir, poucos diziam Panair.
Assim começa o romance Rio de Raivas, do paraense Haroldo Maranhão (Livraria Francisco Alves Editora, RJ, 1987), que retrata a refrega política que marcou o pós-guerra paraoara ao opor o ex-governador Magalhães Barata (Cagarraios Palácio, no livro) ao jornalista Paulo Maranhão (Palma Cavalão), avô de Haroldo e dono da Folha do Norte, então o maior jornal do Estado.
No parágrafo inicial da obra, há marcas de uma Belém que não existe mais e de outra que subsiste.
A Belém da memória é a física: a Panair fechou por ordem dos governos militares; os bacuraus, hidroaviões da empresa - catalinas, creio eu -, não existem mais; a Escadinha só funciona no Círio Fluvial para a chegada da imagem peregrina de Nossa Senhora; o Porto do Sal está abandonado; a Caixa d'Água da Palmeira foi desmontada.
A Belém que ainda existe é a terra onde o provincianismo mundano, enxerido e fofoqueiro continua a dar as cartas (terra de muros baixos, diriam alguns), na qual as novidades do mundo só chegam muito depois e o misticismo frutifica, e onde uma elite orgulhosa de si mesma, mas com poucas razões para sê-lo, decide o futuro da terra baseado em vínculos pessoais.
Tomara um dia - um dia, pelo jeito ainda distante - Belém seja aquela que as pessoas de bem que nela moram gostariam que fosse: a cidade lírica, do inesquecível Largo da Sé, em que as avenidas se chamavam Estradas, e que encantou Manuel Bandeira.
Panacéia
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Marcos, sub-comandante
Ele anda sumido. Até mesmo as páginas eletrônicas e blogues de seus admiradores em Pindorama parecem que esqueceram dele, quem sabe seduzidos pela chegada ao poder do binômio político Hugo Chávez - Evo Morales. Estaria o rebelde mexicano isolado das esquerdas brasileiras? O sub-comandante Marcos encarna o ideal indígena do zapatismo num mundo globalizado. Para quem o admira, a página portuguesa Diário.info dá notícia e uma pista.
Os meus olhos ardentes se escurecem
E no cérebro passam delirosos
Assomos de poesia. . . Dentre a sombra
Vejo num leito d'oiro a imagem dela
Palpitante, que dorme e que suspira,
Que seus braços me estende. . .
Eu me esquecia:
Faz-se noite, traz fogo e dous charutos
E na mesa do estudo acende a lâmpada...
(Álvares de Azevedo. Poemas malditos. 3.ed. Francisco Alves, 1988)
Na vida
Moska
Moska começou Paulinho Moska, compondo o Garganta Profunda, um grupo vocal que fez muito sucesso de crítica nos anos 1980.
Decidido a vender discos, Paulinho e outros 4 integrantes do Garganta fundaram, no final da mesma década, o Inimigos do Rei. O novo grupo fez sucesso com duas bombas: Uma Barata Chamada Kafka ("La cucaracha, la cucaracha, tome cuidado com a sandália de borracha..." - argh!) e Adelaide, a inacreditável anã paraguaia.
Em 1991, Paulinho criou juízo e desistiu de vez de seus antigos parceiros, passando a voar solo. Ganhou a MPB, na qual ele finalmente ganhou o destaque que seu talento lhe fazia merecer.
Passando a chamar-se simplesmente Moska, o ex-Paulinho enveredou pelo caminho do pop melódico, meio rock'n'roll, sempre com seu violão folk e uma voz muito trabalhada. Firmou no cenário musical sua figura, com um estilo próprio e sem genéricos.
Já tive a oportunidade de ver Moska no palco. Ele é magnético e carismático e tem um ótimo domínio da platéia. Um verdadeiro show-man.
No vídeo, Moska canta Tudo Novo de Novo, do álbum + Novo de Novo.
Edmund Hillary: um exemplo mundial
Tenzing Norgay em foto de Hillary (Foto: Wikipedia).
Trago a ribalta o comentário de nosso parceiro Oliver sobre Edmund Hillary, que morreu ontem aos 88 anos na Nova Zelândia.
E sobre a foto acima (totalmente histórica), uma história que muito serve para ilustrar a personalidade do montanhista.
Quando chegou ao cume do Everest em 1953 acompanhado do sherpa Tenzing Norgay, foi Hillary quem fez esta fotografia do sherpa pisando no cume. A única daquela empreitada que entraria para a história. Sir Hillary morreu sem uma única foto sua no cume. Motivo: o sherpa não sabia como manusear a câmera.
O explorador inglês foi um homem de extrema coragem e, principalmente, justo. Após a conquista do Everest coberto de glória, prestígio e dinheiro retornou ao povo sherpa e iniciou um conjunto de projetos culturais que liderou com a comunidade até falecer. Os projetos sociais desenvolvidos levou àquele povo, imprescindível para a conquista exitosa da montanha, luz, água, esgotos, salubridade nas casas, acesso à saúde e educação. Trata-se de uma das experiências mais belas e exitosas nessa área, no mundo.
Longa vida à memória de Sir Edmund Percival Hillary!
(Oliver)
Tudo a ver
Existe algo mais sugestivo do que o PMDB indicar um Lobão para cuidar de uma das galinhas dos ovos de ouro do governo?
Campanha que vale
Taí uma notícia bacana: promovida por várias entidades de defesa de direitos humanos, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, está em curso a Campanha Nacional de Doação de Livros às Bibliotecas dos Presídios.
Como o nome indica, o movimento objetiva contribuir com a educação do preso, estimulando o bom comportamento e fomentando o processo de ressocialização.
No Pará, as doações podem ser feitas na Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos, situada na Avenida Governador José Malcher, 1381, bairro de Nazaré, CEP 66060-090,
O Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado do Pará também se engajou na campanha e recebe doações, diariamente, das 8hs às 17hs. A PGE/PA fica na Tamoios, 1671, esquina com a Padre Eutíquio, na diagonal da Praça Batista Campos; o telefone é o (91) 3225-0777.
Rio, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos
Se não bastasse isso, Clarissa, uma das filhas do casal, será candidata a vereadora da Cidade Maravilhosa este ano.
Afe Maria...
O anti-amarílico
Ontem a Secretaria de Saúde do Distrito Federal realizou operação no Lago Norte, local de residência do homem que morreu de Febre Amarela e uma das mais ricas da cidade. Não foram encontrados mosquitos Aedes. Além de ser uma área altamente urbanizada e com população de nível sócio-econômico e cultural alto, contribui para o fato a não habitual escassez de chuvas nesta época do ano.
O Ministério da Saúde considerou desnecessária a solicitação de soldados para ampliar a busca ativa de focos do mosquito transmissor da Febre Amarela.
Causa mortis
No fio da navalha
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Adeus ao conquistador do Everest
Edmund Hillary em foto recente...
...e junto a Tenzing Norgay no dia da grande conquista.
Faleceu agora há pouco, aos 88 anos Sir Edmund Percival Hillary. Em 29 de maio de 1953, ele e mais o sherpa Tenzing Norgay foram os primeiros seres humanos a pisar no topo do Everest.
Leia mais na CNN.